Por fim, Jo-Anne me pergunta se havia como hackear um e-mail. “Como assim?” - perguntei. É incrível como as pessoas fantasiam coisas a respeito da internet. Ela me mostrou então um e-mail, o último que seu namorado, um mariner norte-americano, enviou diretamente do campo de batalhas no Iraque havia 2 semanas.
- Caramba! Mas ele pode morrer lá!! - eu e minha boca grande...
- 7 anos... é por isso que não casei ainda...
Silêncio. Ela se fechou em seu mundo e não quis mais conversar. Sentou na outra ponta do sofá e ficou olhando para um pedaço de guardanapo, que insistia em amassar e desamassar, dobrar e desdobrar, com as duas mãos. As mulheres de preto chegaram, mas desta vez, o chá não é para mim.
Aprendi uma lição: mesmo as pessoas mais fortes têm seu ponto fraco, saudade aguda guardada em uma caixinha de Pandora, lá no sótão do peito, basta uma palavra para abri-la e inundar a Casa. E quando se vê, fortaleza é criança órfã, com medo do escuro ou do gato que passou pela janela da vida.
Tentei consertar - calma, está tudo bem, amanhã ele te manda um e-mail, você vai ver... - não mandou.
Deixa a internet pra lá. Peguei minhas coisas e saí do quarto, de mansinho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Que bonito isso.
Postar um comentário