3.10.06

A internet lá em casa

Antes de mudar para a casa, a primeira pergunta que fiz ao sr. Mohammed foi: “tem acesso à internet?”

Não se preocupe - disse ele - Jo-Anne já solicitou, então logo a casa já terá acesso à internet. Aí você conversa com ela.

Pois bem. Ainda não havia me mudado para o quarto quando perguntei à inglesa:

- Sim, eu já solicitei o acesso à internet. Na verdade, eu trabalho em casa e a empresa paga meu acesso. Mas você poderá usá-la sem problemas. Eu te passo a senha... – disse ela.

- Espera um pouco, não preciso de favores. Eu quero dividir o valor da internet. Eu preciso de acesso à internet.

- Não, mas minha empresa paga o acesso. Aí você pode usar, de graça, sem problemas.

Perfeito, não?! Aluguel sem precisar pagar 6 meses adiantado, e com acesso à internet banda larga gratuita. Esse é o esquema, senti-me “surfando a onda”, o esperto, dominando os esquemas de Dubai.

Uma semana depois, mudo-me para a casa. Vi que ela usa um modem que já é roteador wi-fi. Isso significa usar internet sem-fio. Baixei o manual na rede, estudei-o, comprei um cabo de rede. Cheguei com todo o aparato decidido a configurar meu acesso, a inglesa se esquiva: “Ah sim, vamos ver.”

- Tem ou não tem problema? Já disse que se for o caso eu posso pedir mais uma conexão...
- Isso vai alterar a qualidade de minha conexão? Eu não entendo nada de computadores, mas preciso de uma conexão 100%...

Expliquei para ela: o máximo que poderia acontecer seria uma diminuição na velocidade de conexão, e não afetaria em nada a força do sinal wi-fi. Mesmo assim, só quando eu ligasse meu computador...

Não dei outra: mal conectei o cabo, falei para ela testar o sinal e ela berrou: “caiu pela metade! Caiu pela metade! Você quebrou a internet!” Porra, Jo, não tem nada a ver uma coisa com a outra... esse é o sinal wi-fi... não misture as coisas...

Para quem não é engenheiro de computação, explico: o sinal wi-fi são ondas eletromagnéticas, como celular ou telefone sem-fio, sujeito à interferências causadas, por exemplo, quando se aproxima um computador de qualquer aparelho que emita freqüências eletromagnéticas, como um outro computador ou um celular. Por alguma razão, naquele momento, o computador da moça estava sofrendo interferência. Eu não havia quebrado nada.

Além de ter que lidar com o medo da menina que não conhece nada de informática, eu estava diante de um problemão: o modem estava configurado para permitir um acesso por vez. Isso não estava no manual. Quando conectei meu micro, o de Jo perdeu a conexão. Quando conectei o dela, em alguns minutos eu perdi a minha conexão. Que lixo. Não descobri como arrancar esta restrição. Eu nervoso, suando frio, e a menina do meu lado, histérica.

Resumindo: a menina ficou apavorada. Falou que os técnicos da empresa viriam à casa no final do mês para checar se ela fez bom uso da internet. Que ridículo, colocaram medo na menina, eles nem têm como fazer isso. E agora, qualquer problema que ocorrer com a internet, a culpa é minha, né? Não quero mais.

Agora fiquei numa sinuca-de-bico. Se quiser ter internet por minha conta, tenho que:
  • pedir uma carta de não-objeção para o dono da casa (o landlord)
  • tentar convencer a operadora a aceitar instalar dois pontos de acesso à internet na mesma casa (imagine você querer colocar 2 Speedy em sua casa em SP com assinantes diferentes...)
  • assinar um contrato de 1 ano, com multa de recisão de 300 DH (R$ 180)

Não tenho planos de ficar nesta casa além de novembro, então deixa o acesso à internet pra lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

pq vc nao compra um wifi pcm ou usb ?