3.10.06

No elevador

Shatha Tower, 9h da manhã. Equação complicada: edifício enorme + elevadores subdimensionados + gente estressada = superlotação. Cheguei suado de minha pedalada e não queria ninguém encostando, mas o apressadinho fez questão de forçar a barra e entrar, com o elevador indicando "Full". "Sempre cabe mais um", disse ele e foi me empurrando cada vez mais para o fundo.

O elevador pára no 26o. andar. Eu sou o último, atrás de todos. Tentei um lado, tentei outro, ninguém quer ceder. Estou suado, não quero encostar em ninguém. O elevador ameaça fechar e o esperto não abre passagem. O senhor ao lado da porta pergunta:

- Alguém vai descer?
- Eu! - respondi.
- Heeeeeeh... Good Mooorning! - era o espertinho a minha frente, em um tom ligeiramente ácido para as 9h da manhã.

É guerra? Bobagem ficar destilando ódio, isso não leva a nada. Lembrei de Gandhi, de seu exemplo pacifista, respirei fundo e acalmei meu espírito. Pedi licença, mas sem querer, esbarrei no sujeito, e esfreguei lentamente meu peito molhado e fumegante em suas costas, e meu braço suado em sua camisa alva e engomada com abotoaduras de yuppie estressadinho e perfeccionista. Acontece, elevador lotado... foi sem querer.

Neste momento um sentimento nobre tomou conta de mim: compaixão. Camisa tão branquinha, agora com esse borrão de suor e areia... nem o cretino de todos os cretinos merece tamanho desgosto às 9h da manhã. Senti orgulho de mim mesmo: definitivamente, sou uma boa pessoa!

Saí assim do elevador, sem antes me despedir com sorriso conciliador:

- Sorry. Ramadan Mubarak!

3 comentários:

Maeshonista disse...

Mau sapão. Mau.

Anônimo disse...

Porra Luisao,

Vc deveria ter desrespeitado a convencao de Genebra e peidado no elevador. Isso sim eh que eh licao para Yuppie nenhum botar defeito !

Anônimo disse...

AHAHAHAHAHAHHAAH!
Adoreiiiiiiiiiii!