31.8.06

Ibn Samuta

Recebo um SMS da inglesa hoje cedo:

- O quarto está desocupado. Fale com o sr. Fanzil.

Ligo para o sr. Fanzil:

- Negócio fechado?
- Sim, negócio fechado. Amanhã passo pra pegar o dinheiro

1h depois, recebo o telefonema da Jo-Anne:

- Luís, ligue agora para o sr. Fanzil, que ele está mostrando o quarto para outra pessoa!! Liga agora!!!

FDP. Ligo no celular do cara, e nada. Fechamos ou não negócio? Onde está a tal palavra? Bom saber que é assim que as coisas funcionam. Vou agora lá na casa.

Sheik Luis responde

Vamos lá para algumas perguntas que pintaram nos comentários:

Anonymous said...
Quanto tempo dura o Ramadan? Um mês?
Quarta-feira, 30 Agosto, 2006


Sim, dura um mês. Maiores informaçãoes aqui.

Olha o que este site diz sobre a alimentação durante este período:


Su-Hoor
Antes da alvorada, há uma pequena refeição (su-hoor) que
substitui o café da manhã (pequeno-almoço) habitual.
[
editar]

Iftar
Ao término de cada dia, o jejum é
finalizado com uma oração e uma refeição especial tomada em comum, chamada iftar
(
árabe: إفطار). É
momento para reunirem-se os membros da família e os seus amigos numa celebração
de fé e de alegria. Após esta refeição, é prática social sair com a família para
visitar amigos e familiares.
Atualmente, com a ampliação do
diálogo
interreligioso
, algumas pessoas de outras religiões são convidadas a
partilhar este momento de convívio e é cada vez mais freqüente que
cristãos
ofereçam e celebrem um iftar para os seus amigos muçulmanos.

Fonte: Wikipedia em português.

Outra dúvida que pintou por aí:

Andiara said...
oi Luis me chamo Andiara e moro na Alemanha, eu e meu marido estamos pensando em nos mudar para Dubai, se possivel vc poderia me dar algumas dicas e se complicado arranjar trabalho (qualquer trabalho) nos falamos ingles o idioma nao sera problema acredito eu pois conversei com algumas pessoas de dubai e me disseram q todos falam ingles. bom agradeco desde ja, Andiara von Rogoschin
Quinta-feira, 31 Agosto, 2006

Olha, para brasileiro vir para Dubai, você precisa encontrar um trabalho antes de vir, ou então vir com um visto de turista e quando chegar, sair aa caça. Não é um processo simples: para conseguir o visto de turista, é preciso seguir os tramites da Embaixada em Brasília, que atende a toda América Latina, ou ainda, marcar uma reserva em um hotel 4 estrelas. Neste caso, eles cuidam do visto.

Se quiser trabalhar em hotel, aconselho buscar os sites dos hotéis e buscar as oportunidades por ali.

Quanto a questão financeira, á bom ter atenção: acomodação em Dubai é talvez mais cara que na Europa. Há opções: morar em Sharjah, por exemplo, mas se prepare para pegar congestionamentos nervosos para chegar em Dubai... para complicar ainda mais, na maioria das vezes, o aluguel deve ser pago com antecedencia de no mínimo de 6 meses. Imagine-se pagando 10 mil dólares 'no cacau'...

... mais uma vez, há sempre um jeitinho... tudo depende do que se está disposto a passar.

Aqui vai um link bacana para quem quer saber mais sobre Dubai.

Volta nas dunas

Mais um vídeo, agora do passeio pelas dunas nas cercanias de Dubai no último fim-de-semana.

30.8.06

O Ramadan

Almoçando hoje com o tunisiano Absalam, que é muçulmano, recebi um pouco mais de informaç&oatilde;es sobre o Ramadan que se aproxima:
  • a data de início será no final do próximo mes;
  • durante este período, os restaurantes não abrirão, e é considerado falta de respeito comer ou beber (qualquer líquido) em público durante o dia;
  • durante este período, as pessoas trabalham apenas 6h;

Vamos ver como será aqui em Dubai, um lugar a parte no mundo árabe.

E o Samurai já tem novo dono


É isso aí, dona Lara,
cuida bem da criança!

29.8.06

Da série "o preço das coisas" ou "Como economizar em Dubai"

Já devo ter dito antes que aqui em Dubai pode-se encontrar tudo o que se deseja. Tudo, de qualquer parte do mundo. O que talvez não tenha dito é que certas coisas não são tão baratas, e que manter certos hábitos que no Brasil são corriqueiros pode representar um aumento de até 100 % em determinados gastos diários.

Tomemos como exemplo meu almoço de hoje: um lanche vegetariano, 15 dhs. Para beber, água mineral, 3 dhs. Ao final, pedi um tradicional café expresso. Chega a conta: 26 dhs. Isso mesmo: o café custou 8 dhs, ou seja, mais da metade do preço de meu lanche! Olho o cardápio: custou 8 dhs porque é o curto. Se fosse médio custaria 9 dhs e um Espresso Sfizioso (seja lá o que for) custa 12 dhs, quase o preço do lanche.

Tudo bem que não é qualquer café: pode-se escolher entre o Jamaican Blue Mountain, o Colombian Medellin Supreme, Brazilian Santos, Kenyan AA Washed, ou o Decaffinated. Qualquer hora tomo esse queniano para ver qual é que é.

Vamos mais além: vejam só o que dá para fazer se durante um mes, ao final de cada almoço no trabalho, eu não tomar o café e guardar esses 8 dhs:

8 * 22 = 176 dhs

No primeiro dia do mes seguinte, depois do almoço, voce pega o dinheiro do café, junta com os 176 dhs e compra uma cafeteira expressa, e ainda leva de brinde uma torradeira. Um espetáculo! E ainda sobra uns 5 dhs, para comprar xícaras e pão para torrar.

28.8.06

Du blague

Dois engenheiros francófonos se conhecem em um evento de telefonia móvel em Dubai:

- Tu es d'où?
- du? Non, j'suis Etisalat.

Explico, mas sei que ninguém vai achar engraçado:

1) d'où: de onde. Mesma pronúncia de du, nome da empresa;

2) du x Etisalat: operadoras de telefonia móveis concorrentes. Em itálico porque o dono das empresas é o mesmo cara: o Sheikh. Mas isso é uma outra história;

Enfim, agora já foi, mas eu avisei.

Chuva no deserto

Da série Dubai under construction:

Hoje, voltando do almoço choveu... cimento.

Eu só vi os outros 5 brasileiros e portugueses que estavam comigo começar a correr e corri junto. Quando paramos debaixo de uma marquise, estávamos todos respingados de cimento da construção ao lado. Poderia ter sido pior, um toco de madeira ou um maluco suicida, por exemplo.

Ainda bem que minha camisa é cinza.

Eles não sabem que hoje é sexta?


Ganhei por aqui dois livros, verdadeiros guias de sobrevivéncia no 'deserto'. Um deles, um guia completo sobre Dubai, especialmente feito para quem vem morar aqui.

O outro, um guia rápido de etiqueta para ocidentais, com dicas de adaptação, sobre diferenças culturais no trato da vida pessoal e dos negócios. Com dicas sutis para se evitar de uma simples gafe até algo mais sério.

De repente, dou-me conta de que algumas coisas que aconteceram ao longo deste processo que culminou com minha chegada aqui não foram pessoais. O pior é começar a ver as gafes que já cometi sem me dar conta...

Boa lembrança


Estamos 7h na frente do Brasil.

Quando voces estão vindo com a farinha, já estamos voltando com o bolo pronto.

Virado pra Meca



Em todo quarto de hotel, há sempre a indicação para onde está Meca, na Arábia Saudita.

No meu hotel, esta indicação fica no teto da sala.

27.8.06

Passeio no deserto



Ontem fiz um passeio no deserto. Fomos em uma Toyota Land Cruiser eu, os holandeses Johan e seu irmão, e a russa Sofia, namorada do Johan. O motorista e nosso guia foi Karim, franco-árabe casado com uma filipina.

Um passeio um pouco caro, mas muito bacana: depois de um passeio pelas dunas do deserto, paramos em uma tenda árabe onde jantamos e assistimos a uma apresentação de dança-do-ventre.

Tive ainda a oportunidade de conversar com uma família persa que está de férias viajando por Dubai. Gente muito amável e acolhedora. Oportunidade de obter mais informações sobre o país e de aprender alguma coisa em farsi.

Vejam o link para o vídeo ao lado ou clique aqui.

Karim é jovem, tem apenas 22 anos, mas já tem uma filha. Por ser, digamos, transnacional, metade europeu, metade árabe, senti mais liberdade e abertura para conversar sobre a cultura local, hábitos e geo-política. Uma valiosa ponte para o mundo árabe. Na volta, apresentou-me CDs de música persa. "Está ouvindo? Esta é a batida persa. Eu gosto muito". Confesso que meu ouvido ainda está acostumado: não consegui diferenciar nem a musica nem o idioma persa do árabe...

[na foto ao lado, Sofia, Johan, seu irmão e Karim fazem uma pausa para a shisha].

Hora do leite

Esse é o leite concentrado (sem açúcar) que fica disponível ao lado do café. Pode ser misturado tanto ao café quanto ao chá.

Declaração de saída definitiva do país

Quem está trabalhando fora do país e sem previsão de volta, necessita fazer esta declaração para não pagar imposto duas vezes.

No calor de 46 graus...




... nada como esquiar na neve, não?

Por enquanto, eu só olhei. O mais próximo que cheguei da neve aqui foi tomar um sorvete.

Mais do hotel...


Jah diz o ditado: roupa suja...


... se lava em casa.

Israel...

... nao existe nos mapas daqui. Soh Palestina. E se tiver carimbo de Israel no passaporte, nao entra.

Depois tento tirar uma foto e postar aqui.

Ronaldinho, from Sri Lanka

Estava ontem na fila do caixa no Carrefour quando entra na fila um rapaz com uma camisa amarela escrito Brazil. Atrás, o nome do jogador: Ronaldinho. Nao tinha cara de brasileiro mas arrisquei:

- Brazilian?
- No, actually. But in my heart, yes!
- Where are you from?
- Sri Lanka, and you?

Sim, sou brasileiro. O cara abriu um sorriso enorme e disse: "Ronaldino!". Conversamos sobre a copa, sobre a decepção dos Ronaldos, sobre o Sri Lanka pós-tsunâmi. Paguei minhas coisas, um aperto de mão e até mais. Ele por alguma razão ficou muito feliz por conhecer alguém do Brasil, e eu também: foi a primeira vez que eu, caipira de Limeira, conversei com alguem do Sri Lanka.

Isso é umas das coisas que mais me fascina por aqui: um espanto e uma curiosidade mutuas com a diferenca. É como se todos fossem diariamente criancas caipiras de Limeira fascinados com o mundo que se abre a sua frente.

No trabalho

Algumas fotos aqui do trabalho...










A Shatha Tower (acho que eh assim que se escreve), tem 3 subsolos e mais 7 andares de estacionamento, mais 33 andares, totalizando 40 andares.

O entorno do predio esta todo em construcao.

26.8.06

Táxi de Bangladesh

Voltando pra casa, pego um taxista de Bangladesh. Está desde 1983 em Dubai, há 5 anos trabalhando como taxista. Viu a cidade levantar-se literalmente do pó.

Seu nome é Wahad, que eu seu país significa wind, wing ou win, isso não ficou claro pelo sotaque. Se a última opção é a correta, ele faz por merecer: mora com a esposa na periferia de Dubai e mantém seus 5 filhos morando com a avó em Bangladesh. Seus filhos enviam mensagens indignados, perguntando quando é que eles vão visitá-los e o senhor quase chora enquanto acelera fundo na Sheik Zayed Road: é muito difícil. 70% da receita do táxi fica com a companhia, então ele trabalha 14h por dia para fechar as contas... talvez volte no final do ano para o país natal.

Desço do táxi, um aperto firme de mão, votos de sucesso. Nenhum esforço será em vão, senhor Wahad.

Balada em Dubai

A primeira experiência foi péssima: chegamos ao hotel Fermont, onde no térreo há a entrada para a Peppermint. 30 minutos na fila, e quando chega na minha vez, o rapaz da entrada diz: "Sorry guys, from now on, couples only!". O rapaz que chegou de Lamborghini bateu um papo com o segurança e entrou.

Fiquei até feliz: o local, repleto de gente sofisticada, custa 85 dhs só para entrar. Tentamos então entrar no Fresh. A entrada é de graça, mas mais uma vez, entramos na fila (que ninguém respeita, diga-se de passagem), e esperamos mais 30 minutos. Na nossa vez, de novo: "Sorry guys, the house is full". Mas o casal que misturava francês e árabe atrás de nós entrou, por ser um casal.

Cansamos. Onde há um bar onde possamos sentar e simplesmente relaxar um pouco? Pegamos um táxi que nos deixou em outro hotel, no Double Decker Club, um pub, entrada livre. Pouca gente, apenas estrangeiros. Cenas estranhas: um grupo de senhoras russas é assediado por um senhor argentino barrigudo. Ele penteia o que sobrou de seus cabelos para a frente, para esconder a careca. De repente, uma tristeza: olhei para o Bruno, português, Anderson e Pavanelli, brasileiros. Desalento: não é assim que deve ser.

3h da manhã: tudo acende, garçons correm para nos expulsar. Acabou. Lá fora está 35 graus, noite fresca para Dubai que convida para uma caminhada. O que conforta nessas horas é a companhia desses rapazes com anseios em comum.

Sapato branco


Incrível: engraxei com todo cuidado meu sapato, e ele chegou no trabalho branco de pó. Todos com que falei já desistiram de deixar o sapato lustroso, e assim, todos andam com o pé coberto por uma camada branca de pó.

No elevador


Primeiro dia no hotel. Fui dormir depois das 4h, acordei por volta das 10:30h. Entro no elevador e olho: as opções são “1”, “G”, “B”. E aí, como é que eu chego no térreo?

Apertei o “1”: merda, parou no 1º andar.

“G” deve ser de Garagem, então, por exclusão apertei o “B”. “B”de bosta: fui parar na garagem.

Por fim, apertei “G”, de ground, e saí no térreo. Ainda não sei o que significa o “B”, mas sei que pára na garagem.

Felizmente ninguém presenciou esta cena ridícula.

Outras referências



Aqui as referências são outras: na TV, aparecem os horários de Riad e Cairo.

Carro, bicicleta ou táxi?

Conversando com Renato ontem em seu apartamento, comecei a fazer as contas:

Táxi

- um táxi daqui do hotel até o trabalho sai por 15 dhs, ou seja, ida-volta para o trabalho sai por 30 dhs. Isso no mês dá 610 dhs

- um táxi de Jumeira Beach 1 – onde provavelmente vou morar – até a empresa, estimo que sai por não mais que 30 dhs. Ou seja, 60 dhs, no total

- gastando 60 dhs, o custo para ir e vir ao trabalho sai por 60 * 22 = 1320 dhs

Aluguel de carro

O aluguel de um Honda Civic sai por volta de 1700 dhs

Comprar um carro

Aqui ninguém compra carro à vista: aparentemente compensa deixar seu dinheiro no Brasil e financiar um veículo do zero num prazo de 5 anos. Os juros aqui são de 4,5% ao ano. Isso faz com que o financiamento de um carro saia por algo entre 1200-1700 dhs por mês

Vi no jornal: a Dodge está com uma promoção. Ela mesma financia seus carros e abriu uma promoção para o Dodge Durango: o carro custa cerca de 80.000 dhs, ou seja, R$ 50.000, que financiado em 5 anos sai por 1700 dhs/mês.

Para comprar carro usado, é preciso tomar cuidado, pois já me disseram que a manutenção aqui em Dubai é excepcionalmente cara. Cobra-se o preço que se quer. Mais um incentivo para que as pessoas recorram a financiamentos de 5 anos para comprar um carro 0 km...

Bicicleta

A cidade é plana, o que em tese a torna perfeita para o ciclismo. O único problema no momento é o clima: chega a fazer 50 graus nesta época do ano. Só um monstro ciclístico consegue fazer alguma coisa nessa temperatura. Entretanto, não tome por regra o que acontece apenas alguns meses do ano: durante os meses de outubro, novembro, dezembro e janeiro, a temperatura aqui em Dubai é bem agradável, ficando entre 19 e 26 graus. Perfeito para pedalar.

Uma bicicleta voltada para turismo ou passeio, top de linha (explico: com cubos com dínamo embutido, 8 marchas internas no cubo, com lanternas, paralamas, etc) custa 3.300 dhs. Uma roadster (speed) com conjunto Shimano Tiagra sai por 4.650 dhs. Se você não fizer questão de qualidade, confiabilidade e resistência do produto, pode comprar bicicletas mais baratas por menos de 1000 dhs. Mas não diga que não avisei.

Conclusões

Dubai é o paraíso para realizar sonhos consumistas, ainda que em prejuízo de questões mais nobres, como a preservação do planeta.

Comprar um carro custa quase o mesmo preço do táxi ou do aluguel de um carro. A não ser que se more perto do trabalho.

Comprar o carro “dos sonhos” sai obviamente muito mais caro, mas ainda assim muito, muito, muito mais barato que – acredito – qualquer outro lugar. Então muita gente o faz simplesmente para realizar este “sonho” de ter um jaguar, uma ferrari ou Rolls Royce. Como a freqüência de roubos aqui é quase nula, o seguro é muito ‘barato’: o seguro de um carro de luxo sai por 6000 dhs por ano (R$ 3600,00 por ano).

Ainda não decidi o que vou fazer, mas certamente vou comprar pelo menos uma bicicleta (virei um porco consumista, e daí?) vou pensar ainda se vale a pena comprar um carro. Isso depende de onde vou morar, da minha experiência pedalando até a empresa e da distância de minha casa até um supermercado.

Talvez eu compre um carro, pois aqui não há, ou ainda não descobri, transporte público freqüente, ou transporte público entre uma cidade e outra. Com isso, você fica limitado a Dubai. Mas para esses casos, também dá pra alugar um carro por 1 ou 2 dias...

Wassim, o tunisiano

Hoje, após o café-da-manhã, encontro no saguão do hotel o rapaz que outro dia brincou com o carro que chegava no hotel.

- Cadê sua Ferrari?
- Ah, está na garagem.

Wassim é da Tunísia e a garota à portaria, das Filipinas. Perguntou de onde eu era. “Ah, Ronaldinho!!”. Por fim, acabou me convidando para jogar bola com eles em 2 dias. Neste com certeza eu vou. “Vai ser um prazer para nós jogar com um basileiro”. O prazer será o meu, Wassim. Só espero não decepcionar como o Ronaldinho na Copa.

Fim-de-semana à volonté

Isso aqui também é outra coisa muito esquisita por aqui: há empresas que fazem o feriado na quinta e na sexta-feira, outras – como a em que trabalho – que folgam na sexta-feira e no sábado, e há empresas que só folgam no sábado.

Note que o dia em que nada abre é a sexta-feira, de modo que no dia de final de semana, o “domingo” vem antes do sábado, é na sexta-feira. E o sábado é aquele dia em que o comércio fica parcialmente aberto. No domingão, todo mundo trabalha!

Foto de passaporte

Na folha de admissão estava lá o requerimento: “12 fotos de passaporte”. Preocupado, gastei R$ 50 para tirar estas fotos no Brasil. Hoje a menina do RH me disse que estas fotos não valiam pois eram muito grandes, parece que aqui a foto de passasporte é menor.. Lá vou eu triar outras 12 fotos aqui novamente (pelo que entendi, o formato é 6x4). A parte boa é que isso é bem barato por aqui.

Novidades em 27/08: tirei as 12 fotos, custaram apenas 45 dhs (metade do preco no Brasil).

Agenda cheia

O Renato convidou para ir no Parque Aquático (100 dhs?).

O Júlio (que ainda não conheci) me convidou para ir à Jumeira Beach amanhã à tarde.

O holandês Johan me convidou para um passeio de jipe no deserto, com direito a dança do ventre e acampamento no meio do deserto (180 dhs).

E o que eu preciso fazer é: economizar um pouco e lavar minhas roupas.

Virado pra Meca

É muito interessante notar como os espaços públicos se organizam de acordo com as necessidades ou anseios coletivos. Aqui, neste caso específico, refiro-me às necessidades inerentes à crença religiosa. Seja no hotel, seja no trabalho, sempre há algum lugar com a indicação para o lado onde fica Meca.

No hotel do Pavanelli, fica no criado-mudo do quarto. No meu, fica no teto da sala. No trabalho e no shopping, há uma sala de orações.

Descobri...

... através do Renato que a gerente da Academia aqui do hotel é uma brasileira. Como é que essa gente toda vem parar aqui? Amanhã pergunto pessoalmente.

Mestre Renato

Estava ali na portaria falando com o Ahmed quando passa por ali acompanhado de um indiano e me cumprimenta o Renato, outro brasileiro que trabalha na DU. Despediu-se dele e me convidou pra uma cerveja no seu apartamento.

Depois de beber cerveja (vietnamita) a 10 reais, e às vésperas do Ramadan, não dá pra recusar, com todo respeito: quando o mês santo começar, nenhum bar que vende bebidas alcoólicas abrirá aqui em Dubai.

Renato é um rapaz experiente: já com 39 anos, casado e com 2 filhos, já viajou o mundo trabalhando: Iêmen, Quênia, Namíbia, Marrocos e agora Dubai. Conhece tudo, e em uma conversa, aprende-se muito.

Descubro o quão uma viagem de avião pode ou não ser tranqüila. No seu caso, deu tudo errado: a empresa esqueceu-se de enviar o visto para o aeroporto e ele não conseguiu passar na alfândega quando chegou de Amsterdan, por volta das 23h. Felizmente aqui há um hotel no aeroporto antes da alfândega, mas quando ele chegou lá, infelizmente estava lotado... quando 9h da manhã conseguiu chegar ao hotel, estava sendo limpo... quando finalmente conseguiu entrar no quarto, acabou deixando as coisas e ir direto para o trabalho...

Ele me disse que é normal quebrarem o cadeado no aeroporto. Desta forma, agora tenho certeza que não esqueci os DVDs virgens em nenhum lugar: provavelmente alguém abriu minha mala e pegou mesmo. Só não sei o que essa pessoa faria com meu recarregador de celular. Deve ter achado divertido.

Já é quase 4h da manhã... mais um dia dormindo mal... assim eu nunca acerto meu fuso-horário.

Meu nome em árabe


Hoje a noite desci até a portaria para perguntar se o porteiro sabia qual a maneira mais barata e segura de enviar um pacote daqui para a Espanha. Na portaria estavam o sudanês Ahmed e o filipino Ronald Passaporte (sim, este é seu sobrenome! Veja a foto ao lado). Tudo aqui é fácil: Ahmed ficou de conversar com o motorista do hotel, e ele levará o pacote até lá e depois me traz o comprovante da entrega com o preço, simples assim.


A conversa na verdade começou com ele me abordando em árabe, e comigo respondendo “Sorry”. Ele ficou rindo, pois não entendia como eu parecia com árabe sem falar árabe. Logo depois chegou um emirati, que também me olhou e começou a falar em árabe. “Sorry again”. Esse já fez uma cara de certa indignação e seguiu falando em árabe com o Ahmed...

Depois que todo mundo saiu, fiquei ali trocando idéia com o Ahmed. Ele me mostrou letra por letra como se escreve meu nome em árabe. “É simples”, disse ele. Eu apenas acredito, quem sabe um dia eu não aprendo?

Preço das coisas


Café expresso – varia de 5 a 12 dhs
Cafeteira Expresso + torradeira – 179 dhs!
Fone de ouvido wi-fi – 25 dhs
Impressora – 265 dhs
Mochila para notebook - 79 dhs


Tênis All Star - 165 dhs
Cópia chinesa de um All Star no Carrefour - 24,5 dhs!

Gulf News – 2 dhs
Financial Times – 10 dhs
1kg para a Europa via DHL – 450 dhs

Cerveja vietnamita “Bière Larue” (fundada por um francês em 1909) – 16 dhs

Sem preguiça, gente! Façam aí a mesma conversão que eu faço toda hora de cabeça:

1 USD = circa 3,67 dirham
1 USD = circa 2,25 reais
1 dirham = 0,6 reais

Nome das coisas

Porta – bab
Filho - ibn
Filho-da-puta - ibn samuta

Táxi egípcio

Esse me f*deu a vida, mas tudo bem. Dubai Media City, Shata Tower, 10h da manhã. Eu de calça e camisa social, sapato. Preciso ir no RH, que fica Dubai Media City, prédio 14, 2º. Andar. Saio na rua, e quase não consigo respirar com esse calor de 40 graus e umidade de 90 %. A pele, o rosto, as costas, tudo queima. A turminha dos sabichões que acha que é igual ao calor do Rio de Janeiro, já aviso: não é. Aqui parece que o calor é uma entidade que ocupa lugar no espaço e te empurra para baixo. Primeiro táxi que apareceu, entrei.

- Please, take me to the building 14

- Sorry, I’m a new taxi driver. I don’t know the city

- No problems, let’s go anyway, I won’t find another taxi under this sun

Liguei pro Ghisi:

- Cara, onde é que fica esse prédio?
- É fácil: vire à direita, ande 2, depois vire à esquerda, depois à direita, depois à...

Pronto, já vi que tudo. Vamos lá, sr. Taxista-egípcio-que-não-conhece-Dubai, vamos conhecer a cidade. Repeti as indicações, e então ele me sai com esssa:

- Sorry, weak English. I’m new here.

Pronto, só me faltava essa: o cara não conhece a cidade e não fala inglês. Tentei o francês, nada: só árabe e weak English. Merda. Na falta de uma maneira comum de comunicação, apelemos para o meio mais primário de comunicação: dedo pra cá, dedo pra lá. Quando vi, estávamos no estacionamento da CNN e da Reuteurs. Caxamba, mas não é aqui. Peguei um mapa e agora foi a minha vez: confundi Internet City com Media City. Que merda, em ambos os condomínios tem o prédio de número 14 no mapa... mas aparentemente, na Internet City o prédio 14 ainda está em construção.

O egípcio desistiu e disse: por favor, você pode descer e pegar outro táxi. Aceitei.O preço era de 10 dhs. Mostrei uma nota de 100 dhs, negativo: sem troco. Desci do carro, fui até a banca e ao restaurante: sem troco. O taxista parou outros taxistas que também estavam sem troco. Meu amigo-taxista-egípcio-que-não-fala-inglês-e-que-não-conhece-Dubai, é você mesmo que vai me levar até lá. Voltamos pelo caminho, parei a 1 quadra do prédio e o rapaz do valet trocou meu dinheiro. Paguei 15 dhs por uma corrida de 5h e ainda andei 5 minutos num sol de 44 graus. Cheguei empapado no RH. Na volta, eu me revoltei e fui à pé. É muito perto, nunca mais pego táxi.

Táxi paquistanês

Este custou um pouco mais caro que o táxi padrão do hotel, 20 dhs. Como de praxe, perguntei quantos anos ele está em Dubai: 6 anos, viu muitos prédios serem construídos... veio de Peshawar e seu idioma natal é Pushtu, ou algo parecido com isso.

Água quente x água fria

Aqui todo prédio é novo e tem uma torneirinha que para um lado deveria sair água fria, e do outro, água quente. Fora do banheiro, há também uma tomada onde você liga o “water heater”, para aquecer a água.

O que ocorre de fato aqui é paradoxal: quando você abre a torneira na água fria, a água sai quente, porque o reservatório de água fria fica no sol. Aí rola uma artimanha paradoxal: se você não ligar o botão “water heater” e ligar a torneira no quente, a água sai fria! Incrível. Tudo isso porque o reservatório de água quente é isolado termicamente, ou seja, acaba sendo mais frio que o de água fria.

Desta forma, neste pico de verão, quando se quer água quente, abre-se no frio, e quando se quer água fria, abre-se no quente.

No banheiro

Entro no banheiro da empresa após o almoço, ele entra junto. Lavo as mãos, ele lava também. Escovo os dentes, ele também. Eu me enxugo, ele lava os braços, a cabeça e molha os pés. Assim é a fé dos que acreditam no profeta Maomé.

Café-da-manhã

Tive uma surpresa ao chegar ontem de manhã ao café há 2 dias. Tocava uma voz conhecida: sodade, sodade, ... Cesária Évora na Jukebox.

Link para os correios

E como é difícil encontrar uma agência desses correios...

Que tal morar em uma Vila?

Assim que acabou sua shisha, a britânica explicou-me sobre como poderia me ajudar: ela divide uma casa enorme (Vila) com outras pessoas em Jumeira 1, e teria um quarto vago a partir do início do mês. Se não fosse na mesma casa onde mora, poderia encontrar um lugar na casa ao lado, que é do mesmo proprietário, e onde outras pessoas também dividem o aluguel e despesas. Ainda não sei, mas talvez ela ganhe sua comissão também para alugar o quarto para mim. Business is business: bom pra mim, bom pra ela.

Ela então me levou lá pra ver o lugar no carro da empresa, pelo que entendi... um Lincoln enorme onde eu podia esticar as pernas sem encostar os pés no banco da frente. Que luxo!

Chegamos no bairro: um lugar muito nobre também. Atrás da casa, mora o Sheik que manda em Dubai, ao lado, o responsável pela segurança da cidade. Digamos que é um lugar seguro. E o mais legal: a 2 quadras da praia!

Entro para ver a casa: simplesmente gigantesca, com uns 9 quartos, mas um pouco mal-cuidada, como uma república de estudantes em Barão Geraldo. Tem até piscina a casa! O quarto que ficaria comigo então, nem se fala: enorme, não me espantaria se fosse maior que o apartamento onde morava em SP. Na casa, moram também um húngaro, uma marroquina, um francês, a inglesa , uma argelina , uma italiana, e não sei mais quem. Eu entrarei no lugar de uma tunisiana.

Tomara que dê certo: farei uma grande economia e o mais importante, pagarei mês a mês, sem necessidade de pagar 6 meses adiantado, e bem mais barato do que morar sozinho.

A britânica do avião, shisha e Arábia Saudita

Não sei se já comentei, mas no avião de Amsterdam-Dubai, uma inglesa que sentava próximo de mim puxou conversa: ela queria que eu passasse junto com ela na alfândega por causa das 8 garrafas de bebida alcoólica que possuía na mala ( o limite é 4 por pessoa). Ela disse que poderia me ajudar a encontrar um lugar para morar.

Liguei na terça-feira para ela e combinamos de nos encontrar no Mall of Emirates. Quando chego lá, ela me espera em um bar super luxuoso, o Emporio Armani Café. Ela fumava shisha, eu não fumo, dizem que uma sessão de shisha equivale a um maço de cigarro normal, então pedi um suco de alguma coisa vermelha que custava uns 15 dhs.

Ela estava no horário de almoço de seu trabalho. Ela é Personal assistant para um empresário americano. Como ela fala árabe, seu trabalho é o de uma super-secretária, alugando prédio para a empresa, mobiliando, alugando casa, carro, e tudo o mais o que for preciso.

Ela aprendeu árabe porque morou por 10 anos na Arábia Saudita com sua família. Como ela suportou viver num país com tantas restrições? Segundo ela, dá pra levar uma vida normal, com festas noturnas escondidas e bebidas alcoólicas e tudo mais, basta conhecer as pessoas certas... muito risco pro meu gosto.

Contei a ela meus planos de ir para a Europa de bicicleta e perguntei como seria atravessar a Arábia Saudita. Ela riu: “não dá”. Primeiro porque lá homens são proibidos de ter cabelo comprido (que invasão do Estado, não?), segundo porque quando se entra no país, o passaporte fica retido na alfândega, ou seja, em tese você precisa sair do país pelo mesmo lugar por onde entrou, não dá pra cruzar o país... enfim, não sei se me convenceu. leiam este texto sobre a viagem de 2 ingleses que em 1983 saíram da Itália e pedalaram até Dubai.:

http://www.saudiaramcoworld.com/issue/198301/by.bike.to.dubai.htm

22.8.06

Leite de camelo


Ontei provei desse negócio. O gosto é igual, mas tem um fundo diferente. Estava quase gostando do negócio aí imaginei-me embaixo da camela... eca, que nojo.

TV

Ligo a TV aqui no quarto e fico pasmo olhando: não é que eles falam árabe mesmo?

Breakfast

Dubai, 9h. Desço para o café-da-manhã. Desço de bermuda. Pergunto para o funcionário indiano (mas que poderia ser paquistanês): pode de bermuda? Claro que sim, relaxa. O café é por aqui. Entrei então no Rumours Café, no saguão do hotel. Uma garota de feições suavemente orientais me saúda: Good morning, sir. Do you need something? Sim, claro, eu quero o meu café-da-manhã. Ela me mostra a mesa, eu sento, e então um rapaz com feições orientais se aproxima:

- Whasarócarh?
- ???
- Oh, of course. Mostrei-lhe meu cartão que abre a porta do quarto. Ele fez uma cara de espanto.
- Whasarocharhasdfasdf?
- ?!?!?! Sorry, could you repeat, please?
- Whasarocharhehaasdf?
- Sorry, I really don't understand.
- Do you speak Arabic?
- Oh, no!

Ele parou e ficou olhando para mim. Minhas mão suava, e olha que minha mão não é de suar. Por que raios eu fui sair do quarto? Agora vamos até o fim. Please, what do you have for breakfast? Palavra mágica! O rapaz saiu e voltou com um menu. Por que sempre eu tenho que escolher alguma coisa? What kind of breakfast do you need? Meu amigo, tudo o que eu não queria nesta hora, 9h da manhã de Dubai e 2h do Brasil, é pensar. Olhei a primeira opção: Continental Breakfast, 25 dirham. É o mais simples. Quem é que paga isso? Sei lá, me disseram que o café-da-manhã está incluso em minha diária, mas por que três opções diferentes de café com preços diferentes? Bom, dane-se, seja o que for. O rapaz se aproxima mais uma vez:

- Whasaasdiofasdf?
-?!
- Do you prleferl copee orl tea?
- Uhmmm... (tempo para processar o que ele falou) coffee, please.

As perguntas não acabam aí: que tipo de suco você quer? Que tipo de pão? Pára tudo, parece que estou em um alfaiate, eu só quero a porra do meu café-da-manhã, sem surpresas. Perdi até a fome.

Chegou a refeição: um cestinho de pães, café, manteigas, mel e geléias. Ela enche minha xícara de café, olho no bule sobre minha mesa, tem leite. Será que é de camelo? Agora distraio-me um pouco, olho através da janela os trabalhadores de macacão pendurados nas construções do outro lado da rua. Ritmo frenético. Sinto-me um desleixado: eles devem ter acordado muito cedo, tomaram um ônibus sem ar condicionado e estão aí na labuta, com esse macacão azul neste sol. Na minha frente, um casal de loiros (alemão? Holandês?) fala uma língua esquisita e toma seu café com suas 3 crianças. Entretenho-me com meu pão e fico ouvindo aqueles sons estrangeiros, distraio-me tentando encaixar os sons inutilmente em palavras, e invento um novo vocabulário: Alfziden, gutenblochnihhh, farhahnichtkopf. Volkswagen, Heineken. Mama. Mama? Ei, foi isso o que a menina disse! Finalmente uma palavra conhecida! Tomo então o suco de manga. Era uma pasta de manga, a definição mais correta. O engraçado é que o suco não é da cor laranja da manga brasileira, mas de um amarelo pálido, quase cor de caju. Mas o gosto, é igual.

Levanto-me da mesa. A oriental sorridente se aproxima e diz: Thank you, e me apresenta um boleto com a conta: 25 dirham. E pede para eu assinar. Assino. Quem paga esta conta? Eu tenho uma suspeita, mas melhor não pensar nisso agora. Viva o cartão de crédito internacional. Por que é que eu fui sair do quarto? Deixa eu voltar pro meu mundinho. No caminho, o recepcionista brinca comigo: Hey, look: its my car! E sorri, apontando para a Ferrari que acabou de estacionar na frente do Hotel. O elevador chegou, hora de voltar pra casa.

Coisas ridículas

Esse acesso à internet monitorado e censurado é a coisa mais ridícula que já vi. Neste aspecto, São Paulo volta a ser cidade cosmopolita e Dubai vira uma aldeiazeca empoeirada e caipira, perdida no deserto.

Olha só o que já descobri até agora:

1) o Orkut é bloqueado;

2) o Skype é bloqueado;

3) o You Tube é bloqueado;

4) não consigo carregar fotos no meu blog, que cai a conexão justamente no momento de subir as fotos. Será que isso também é coisa desse maldito firewall do governo? A empresa que o administra ganha a fábula de 1 dirham (ou dólar?) por hit (um clique) em site bloqueado!

Felizmente a partir da casa do Ghisi, através de um outro provedor de internet, o acesso ao Skype é liberado. Aí foi a vez do meu cartão de crédito não colaborar: minha compra de um número skype-in foi recusada, e meus créditos estão abaixando... para completar o quadro lastimável, acabo de descobrir que meu recarregador provavelmente ficou em SP. Se continuar assim, em pouco tempo estarei incomunicável.

Coisas bacanas

Dubai é quente, mas é uma cidade à primeira vista MUITO LEGAL! Em uma simples caminhada de 5 minutos pela rua você ouve tranquilamente 3 ou 4 idiomas diferentes. Neste aspecto, São Paulo parece uma cidade de interior...

Eletroeletrônicos são bem baratos, e apresentam-se em uma variedade que não se vê no Brasil.

Vôo Amsterdam-Dubai e a chegada

O segundo vôo foi mais chato que o primeiro: apesar da companhia aérea ser o mesmo, eles não tinham o mesmo carisma e generosidade da outra tripulação. Os passageiros também não colaboravam: não vi ninguém conversando com estranhos nos corredores.

Na minha frente, havia um estado-unidense parecido com o pai daquela série "American Chopper", com aquele bigodão, forte. No braço esquerdo, estava preso um porta-documentos transparente onde se podia ver o seu passaporte e um cartão de identificação "DoD Contractor". Acima, no mesmo porta-documentos havia de um lado a bandeira dos EUA, do outro a bandeira do Iraque, e no centro, estava escrito "Baghdad". O cara provavelmente estava a caminho do Iraque...

... por falar em Iraque, o vôo sobrevoou este país, bem como a Síria e Turquia. Não vi nada, pois estava no corredor.

A comida continuou boa durante esta viagem: segui recebendo a comida vegetariana que pedi, regada agora a vinho chileno e cerveja Heineken.

No final da viagem, eu já enfastiado de viajar sem conversar com ninguém, sou surpreendido pela inglesa ao lado (havia uma poltrona vazia entre nós) que levanta da poltrona e volta com um drink para ela e uma cerveja para mim. Conversamos então com a maior polidez e reserva que um inglês se permite. Jo-Anne é assistente de um empresário dos EUA, e se ofereceu para me ajudar a encontrar um lugar para morar. Pediu também para acompanhá-la até a saída do aeroporto por uma simples razão: ela trazia 8 garrafas de bebida, quando o limite é de apenas 4.

Sua presença foi providencial na entrada: a moça já conhecia os caminhos e descaminhos do aeroporto, conversou em árabe com os oficiais, e no momento da alfândega foi minha vez de retribuir, assumindo 4 garrafas de bebidas. Para tal, nem precisei abrir a boca, fácil, fácil.

Logo na saída, encontrei o indiano com a placa com meu nome e segui para o hotel, e a moça seguiu seu caminho. Amanhã ligo para ela para que ela me apresente as pessoas com quem possivelmente encontrarei um lugar para morar por aqui...

O indiano, figura a parte: logo que entro na van do hotel, sou recebido com uma toalhinha úmida e cheirosa que ele sacou de um isopor com gelo, e com uma garrafa de água, após uma caminhada em um inacreditável calor de 39 graus, às 23h. Ele fez menção de trocar a emissora de FM que tocava músicas de seu país, pedi para mantê-la. Seguimos assim, com ele explicando fatos de sua vida e destrinchando um pouco da geografia da cidade. Ele me deixou feliz: em pouco tempo aprendeu árabe. Há esperança.

Schiphol

O aeroporto de Amsterdam é bem interessante: lojas divididas por setores, banheiros sem portas (quem passa pelo corredor, vê o povo ali nos mictórios), placas indicando o tempo de caminhada de um ponto a outro do aeroporto, sala de meditação. Tudo muito bem organizado.

Nem tudo pode ser perfeito, né?! Paguei 3 euros por 15 minutos de internet. Quase 12 reais... melhor nem comparar.

Vôo SP-Amsterdam: coincidências


Já estou desde domingo à noite aqui em Dubai. Vamos aos fatos curiosos dessa viagem...

O vôo de SP a Amsterdam foi recheado de coincidências e fatos interessantes:

1) pedi para marcar o vôo para o sábado, dia em que meu primo embarcava para Amsterdam. Quando meu vôo foi marcado, surpresa: era o mesmo vôo de meu primo!

2) pedi para marcar a poltrona próxima a de meu primo. Ele ficou na fileira 42, eu na 41. Quando entro no avião, vejo que a moça ao meu lado está inquieta: era o namorado que foi parar no outro lado e estava ninguém aceitava trocar com ele... ofereci-me para trocar, e as aeromoças ficaram mais felizes do que ela: ganhei aperto de mão, beijinhos e um kit de sobrevivência que só é fornecido à classe executiva...

3) ao chegar na minha nova poltrona, ao meu lado havia um rapaz que mora em Campinas e iria a Alemanha, e do outro, a Juliana, da AIESEC de Floripa (foi via AIESEC que fiz intercâmbio para Portugal há 4 anos). A Juliana tem uma história no mínimo interessante: está indo para a Polônia para rever o canadense Brodie que conheceu em março na Colômbia em um evento da AIESEC. Desde então, vêm conversando e planejando este reencontro... sorte para os dois!

Tenho que reconhecer que a KLM é uma ótima companhia aérea: tripulação sorridente e prestativa, comida farta e muito freqüente ao longo do vôo, comida vegetariana de primeiro nível especialmente para mim, vinho francês, sorvete, chocolate. Coisa fina.

Obs.: Não estou conseguindo postar fotos aqui no blog. Eu clico para carregar e dá erro. Que surpresa agradável! Internet podre ou censura?!

19.8.06

Café-da-manhã, despedidas e excretas

9h. O Hebert já partiu com as coisas. Estava ali embaixo do prédio e me perguntei: e agora, o que tenho que fazer? Está um tempo fresco, em torno de 18 graus. Lembrei que ainda não havia tomado café. Não é qualquer café: é o último café em São Paulo, ao menos por alguns dias... sigo mais uma vez pensando com a cabeça de um doente terminal que diante da morte começa a se perguntar o que deseja ou não fazer antes de seu momento derradeiro (não é o meu caso, espero eu). Decidi: vou tomar café na padaria.


A padaria aqui do lado do prédio está lotada de gente: certamente há muitas pessoas que como eu pensaram em tomar seu café-da-manhã na padaria ao lado de sua casa como se fosse o último, de modo que todas as cadeiras estavam lotadas. Todos espremidos um ao lado do outro no balcão. Segui então pela Augusta, até encontrar, quase na Paulista, um bar-padaria com um lugar para sentar, um bom café e um pãozinho com manteiga na chapa.


Barriga cheia, meus pensamentos retornaram à pauta do dia: despedir-me de São Paulo. Entranho, normalmente, a gente se despede de gente, mas senti uma vontade de fazer um ato simbólico: despedir-me de uma rua. Segui então até a Paulista, olhei-a atentamente de um lado a outro. Olhei alguns detalhes do Conjunto Nacional. Vento frio, eu sem blusa. Dei-me por satisfeito e retornei à Frei Caneca. Andava distraído ainda no primeiro quarteirão quando um rapaz de cabelo escondido em um boné surrado, calça jeans surrada e tênis All Star surrado chamou-me a atenção. Neste exato momento, ele me olhou com olhar desafiador. Cometeu um grave erro: não viu o enorme obstáculo a sua frente e pisou uma montanha de cocô de cachorro. Certamente não era qualquer cachorro: cocô de cachorro bem alimentado, de grande porte. Ou era de fila, dog alemão, ou era humano. Era muito grande. Tão grande que quando o sujeito a alcançou com seu pé esquerdo, patinou. Seu corpo esquivou para o lado esquerdo, ele ainda tentou se recuperar, mas patinou outra vez, tamanha era o volume fecal que se acumulava sob seu pé.


Nestes casos, a regra social é clara: ao se ver alguém pisando na merda, deve-se manter a compostura, olhar piedosamente para o sujeito, com cara de dor no coração e dizer “quer alguma ajuda?”. Ou ainda, ignorar este fato corriqueiro, como se pisar numa enorme montanha de cocô fosse algo tão corriqueiro quanto uma pequena moeda caída ao chão.


Eu ainda tentei disfarçar, mas o rapaz, assim que escorregou, olhou bem para o meu olho, como quem diz: “vai rir?”. Mantive-me sério, mas uma força estranha tomou conta de mim. Começou com uma contração involuntária nas bochechas, que se estendeu para as sobrancelhas, as veias saltaram à testa. Tanto esforço para me conter que acabou saindo tudo pelo nariz: uma enorme calda espessa e pegajosa balançava agora pendurada em minha narina. O rapaz agora ria feliz, enquanto ainda raspava seu pé esquerdo na calçada.


Com o dedo indicador esquerdo, tirei aquela gosma bege (sim, eu havia acabado de tomar café com leite) de meu nariz e a lancei nos ares. Ela foi girando, girando, girando, até se pendurar novamente em uma árvore à minha frente. Limpei precariamente meu dedo sujo em minha camiseta. O rapaz olhou-me aliviado e disse: “estamos quites!”, e seguiu seu rumo. Consenti e segui meu caminho. Um quarteirão adiante, olhei para trás. O rapaz já não me olhava mais e seguia em frente, ainda raspando o pé esquerdo no chão a cada passo. Agradeci então ao cão e/ou humano que por força maior defecou na rua, propiciando-me tão agradável momento. Quites uma ova! Antes meu minha camiseta suja de ranho a meu tênis branco sujo de merda.

Transportando valores em viagens internacionais

Constato hoje que viajar para o exterior está muito fácil e cômodo. Antigamente, as pessoas compravam dólares, travellers’checks que não eram aceitos por ninguém. Hoje ficou muito simples. Estou levando:

  • 125 dólares (comprei-os a R$ 2,30);
  • cartão de crédito VISA internacional;
  • cartão de débito de meu banco da rede MASTERCARD. Descobri que de acordo com meu plano, posso fazer 4 saques gratuitos no exterior por mês, com um câmbio melhor do que o da operadora onde comprei os dólares (R$ 2,26), e ainda com a comodidade de já realizar o saque na moeda local. Assim não perco mais uma vez na hora de converter dólar em dirham...

Apenas por referência: o câmbio oficial para hoje é de US$ 1 = R$ 2,20.

Há ainda outras opções, como cartão pré-pago VISA Travel money: você compra o cartão, carrega com um valor e paga aproximadamente US$ 2 por saque. O saque é realizado em qualquer caixa eletrônico da rede VISA e feito na moeda local. E pode consultar o saldo via internet e também recarregá-lo. Muito prático também. Não há mais motivos hoje em dia para se utilizar os indesejáveis travellers’ check de papel... é claro que o amigo esperto pode argumentar que transportar valores pelo “jeitinho brasileiro” é mais barato (máfia chinesa, coreana ou sei lá o que, por exemplo), mas estamos falando de coisas legais.

Mais despachos

8h. Hebert passa aqui com seu sogro e lá se vão fogão, geladeira, fruteira, colchão, livros, revistas. Coisas a menos para me preocupar.

À francesa


Mais um que se vai: o francês saiu há pouco, foi pra casa da namorada.

À tout à l'heure, mec! Bonne chance à toi aussi.

18.8.06

Entre caixotes e despedidas


Sigo aqui desmontando o apartamento, encaixotando tudo. Aos poucos ele vai ficando vazio e grande. Já compramos tinta, rolo de pintura, massa corrida. Bloqueei o gás. Daqui a pouco cancelo a NET e o telefone celular. Ainda nem fui em casa de câmbio...

Já me despedi do Mauro, o médico que mora aqui, que foi para o Rio de Janeiro para o fim-de-semana.

Olho para as pessoas e penso que não as verei mais por um tempo... por ora, digo "até mais", e bola pra frente: tem muito o que fazer ainda até amanhã.

17.8.06

Despedida em Limeira




Terça-feira foi dia de reunir (na medida do possível, afinal era terça-feira) velhos amigos de Limeira e parentes para (mais) uma despedida, aqui na casa de meus pais.



Enquanto o computador faz a parte dele aqui (ripar os CDs), vou relembrando aqui.


O Matheus foi o primeiro a aparecer e a sair. Nem bebeu, pois tinha plantão médico...

Depois a turma foi chegando, chegando... e bebendo, bebendo, ...

mas o chope não acabava... compreensível para uma terça-feira.



No final das contas, ainda sobrou chope, pra ser bebido no dia seguinte...

Ripar é preciso...

Sigo aqui noite adentro digitalizando todos os meus CDs. Com tanta coisa pra levar, não dá pra me dar ao luxo de carregar essas trolhas... e viva os mp3 players!

16.8.06

Pedidos

Anotando os pedidos:

Ana e Giuliano:

  • 1 livro
  • 4 frascos de protetor solar
Já estão na mala

Júlio:
  • 1 garrafa de 51
  • chocolate granulado Visconti
  • 1 kg de açúcar
Meu medo maior é essa garrafa de 51 me estourar dentro da mala... sem contar meu excesso, que já está no talo. Mas vamos ver o que dá pra fazer.


Hotel em que vou ficar

Uaauuu...

15.8.06

Vôo confirmado

Corpo no Brasil, cabeça em Dubai, e o coração, ah... melhor nem dizer. Perdido por aí. Assim começo este diário.

O vôo e o hotel foram confirmados hoje: vou de KLM, no próximo sábado. 18h de vôo, mais 7h de fuso. Nada mal. Vamos ver no que dá.