13.3.08

V - Mas como todos sabem...

Mas como todos sabem o tempo passa, e a idade chega pra lá dos 60s, 70s, 80s. Idade em que o pipi custa a endurecer: fica bambeando de um lado para o outro e depois desiste. Foi mais ou menos por aí que especialista em cadáveres perdeu as estribeiras e, em um momento de desespero em uma noite insone, chutou toda sua coleção de soldadinhos de chumbos. Por fim, foi encontrar alívio e consolos nos braços fortes dos garotos do Parque Trianon.

Pois bem, e o tempo passa e passa para todos, até mesmo para o nosso especialista em sociedades decadentes que optou por gastar as economias com pílulas azuis e meninas da vida. E quando elas iam embora… nas praças olhava famílias, algazarras e brigas. Um pai gordo manda o filho calar a boca enquanto o irmão ri e diz: bem feito! E uma mulher-gorda de cabelo tingido que puxa orelha do provocador. Olhava tudo aquilo à distância: oportunidades que vieram... e passaram, sem volta.

Mas o tempo passa para todos também. Até para o João, que nem atentou para o probleminha que lhe acometia, pois a esta altura já se cansara do assunto. Também pudera: incontáveis namoricos, oito namoradas sérias, das quais três amou e cinco iludiu. Das três que amou, viu três casamentos dos quais proliferaram Cariranhozinhos e Zinhas pelo mundo. João agora olhava a curiosa notícia sobre dois especialistas famosos encontrados enforcados em suas gravatas cada qual em sua casa. Dizem que ainda balbuciou “Haôni… Budoé” mas sinceramente não acredito: certamente nem lembrou dos dois. Esse povo aumenta muito o que ouve, não é?

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