13.3.08

IV - O ter corrompe?

Ah, o ter… o ter corrompe? O ex-garoto da pele leitosa esverdeada por fim tornou-se médico e após um breve momento de desilusão, passou a ter orgulho daquilo que aprendeu: detectava com facilidade a causa mortis de qualquer corpo putrefato. E as pessoas diziam: É um trabalhador! Celebridade morta? A TV o colocava ao vivo: com a voz, o especialista. E ele se orgulhava. Acumulou muitas riquezas dessa forma: carros, apartamentos, e uma extensa coleção e soldadinhos de chumbo, iguaizinhos àqueles que ganhou de seu pai aos 5 anos de idade.

O ex-líder estudantil sociólogo também teve seus momentos de especialista. Explicou na TV a causa do ataque às Torres Gêmeas. É a sociedade que está em decadência. Mesmo quem não lê Chomsky sabe disso, disse ele. E assim ganhou notoriedade, comprou fazendas no interior, montou uma biblioteca particular com o seu nome, contendo uma curiosa coleção de vinis sobre os movimentos musicais da década de oitenta.

E o João também teve muito nesses anos todos: muito sexo. Ia de um extremo a outro, dos 18 ao 78, das garotas de família às desgraçadas, das modelos às tortas, banguelas, barrigudas. Mulheres peludas… beijou até mulher com bafo para atingir o seu intento. E alguém lhe perguntou: ter é importante? - Sim, ô se é… - respondeu assim com uma risadinha ensimesmada.

Nenhum comentário: