13.3.08

II - E assim veio a puberdade

E assim veio a puberdade. Tempos de aplicação nos estudos: aquele de pele branca leitosa continuava perseverante nos estudos, mas agora com um óculos que lhe dava autoridade. Sim, era autoridade o que ele buscava: serei médico! Doutor! – dizia isso embora não suportasse ter suas noites de sono interrompidas, e demaiava ao ver sangue. E estudava com afinco, com cara séria. Os professores olhavam e diziam: isso sim é um estudante!

Mas o rapaz de pele clara não colhia os lírios da fama só: era acompanhado de perto pelo revoltado. O revoltado estava sempre bravo e usava apenas roupas pretas. Sua frase preferida era: por que tanta injustiça? E ficava pelos cantos cantando hinos punks:

Quem é o culpado
De tanta violência?
É a sociedade
que está em decadência!


E o revoltado se aplicava com revolta aos estudos. Estudava nervosamente história e geografia e tudo aquilo que se convencionou chamar de Ciências Humanas. Uma dia alguém lhe perguntou: o que você vai ser? Ele respondeu com ambição: Primeiro, líder estudantil. Depois, sociólogo! E todos assim o respeitaram. E quando passava, causava burburinho. Uns diziam: Um revoltado. Para serem logo reprimidos: Respeitem o garoto! Ele é um estudante de valor!

E João Cariranho assistia a tudo com a sua indiferença. Dizia budoé para um e haôni para o outro. Dizia ele, faces da mesma moeda. E você, o que vai ser de você? – logo, alguém também lhe perguntou. João, que sabia muito de si, limitou-se a dizer que seria aquilo que já o era: João Cariranho, oras!

Ah, João, João. Ele estudava o que queria, pelo simples prazer de aprender. E foi justamente nessa época em que se dedicou às artes do amor e da sedução. Todos os demais estudavam para serem doutor, sociólogo; para passarem no vestibular. E João estudava para ser João Cariranho e também para passar. E por fim passou! Passou a vara em todas as menininhas do colégio, e até em professora que com ele se engraçou. Desculpe os termos chulos, sei que você leitor é ignorante, mas é uma pessoa distinta, guardião da moral e dos bons costumes. Mas foi assim mesmo que ouvi da boca pequena. E foi a mesma boca pequena que me disse que a cada conquista, a cada sim, a cada está bem, mas só hoje, João Cariranho abaixava as calças até a cintura e saía sambando: samba do crioulo doido. Esse João era mesmo um pândego!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Sheik,

Será que o Sheik se chama João Cariranha?
Se não o é, são muito parecidos....
Palavra de quem conhece o Sheik.....