E assim passou o Art Dubai. Tinha até galeria brasileira, a Milan de São Paulo; galerias portuguesas - uma de Lisboa, outra de Braga.
Passei por ali no último dia: gente chique falando francês, outras mulheres elegantes com cara "de quem comeu e não gostou": apesar da apologia à arte, das palestras e workshops, ninguém estava ali para reinventar a arte: o objetivo principal de quem estava ali era vender e uma certa decepção estava estampada na cara dos expositores. "Mas é assim mesmo, é a segunda edição do evento, é assim que a coisa começa", alguém comentou.
Uma obra de arte ganhou meu carisma: "Red Carpet 1". O autor? Já não lembro. Nome de autor árabe. De longe, um tapete persa. De perto, um mosaico de fotos pequeninas de um matadouro de bodes, cabras, ovelhas e afins. O conjunto assim ganha um tom ligeiramente sarcástico com o qual, por alguma razão, identifiquei-me. Mas a arte é assim: com a exceção dos especialistas conhecedores de todas as técnicas cujo olhar clínico e experiente reconhece logo o lugar-comum, a piada velha já contada, para os leigos, ela é uma chave que encaixa na fechadura de alguns e de outros não de acordo com fatores como o histórico de verdades em que cada um acredita, o humor naquele determinado momento, o time de futebol para o qual o cidadão torce.
Houve também uma foto que chamou a atenção: um rapaz servindo chá a dois rapazes que jogam xadrez em um país árabe. Na camisa do rapaz, a inscrição: "Plue Pird". Genial! Uma foto simples que abre um leque de possibilidades de explicações sociológicas e etnográficas sobre os costumes árabes. Nenhuma indicação do país onde as fotos foram feitas, mas eu chuto um: Egito.
Mas as melhores obras de arte mesmo fica para as visitantes do evento. Cada escultura... descobri assim minha vocação para lidar com o belo: quando crescer, quero ser artista, e só ligar com esculturas. Ah, isso sim!
Você vai me desculpar, mas intencionalmente, omito as fotos. Fica então o convite para que você feche os olhos e imagine um tapete persa formado por um mosaico de fotos de matadouros, uma foto de rapazes egípcios tomando chá, e centenas de esculturas rebolando de lá para cá, de olhares meigos e boca semi-aberta, lábios carnudos, brilhantes de batom, vozes aveludadas... uuhhh. Viva o Art Dubai.
28.3.08
27.3.08
Mídia no UAE
Paula deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde: quem é o Sheik?":
Prezada Paula Roberta,
Que tipo de veículo de comunicação você procura: rádio? TV? Mídia impressa? Passo-te algumas dicas, porém mais centradas em Dubai, onde tenho mais intimidade. Na verdade, boa parte da mídia de fato se concentra em Dubai mesmo.
Da TV, tem o Dubai One, canal a cabo/satélite que pega até no Irã: http://www.dubaione.ae/. Há também filiais da CNN, Al Jazeera, BBC, MBC...
Da rádio tem várias... eu gosto da Dubai Eye. Na verdade, ela faz parte de um conglomerado de rádios, o que provavelmente significa um árabe sendo sócio de várias rádios ao mesmo tempo. Dê uma olhada nesse site aqui: http://www.arnonline.com/amgarn/
Mídia impressa: os principais jornais são: Gulf News, Khaleej Times, Gulf Today, Emirates Business 24|7 (só negócios), 7 days (tablóide). Há outros em árabe como o Emarat Alyoum. Vamos aos sites:
http://www.gulfnews.com
http://emaratalyoum.com
http://www.business24-7.ae
http://www.khaleejtimes.ae
http://www.7days.ae/
Espero ter ajudado.
Abraço de sheik,
Luís
Olá sheik !!!
Meu nome é Paula. Trabalho numa agência de publicidade em Fortaleza-Ce. Estamos com um cliente, que pretende fazer um empreendimento em Abudabi. Você sabe onde eu posso conseguir informações sobre veículos de comunicação que atuam em DUBAI E ABUDABI ? Vc sabe endereços de sites de véículos de comunicação, seja jornal, televisão...
Por favor, me dê alguma informação !!!
meu e-mail é : xxx
Muito obrigada !!!!
Paula Roberta.
Prezada Paula Roberta,
Que tipo de veículo de comunicação você procura: rádio? TV? Mídia impressa? Passo-te algumas dicas, porém mais centradas em Dubai, onde tenho mais intimidade. Na verdade, boa parte da mídia de fato se concentra em Dubai mesmo.
Da TV, tem o Dubai One, canal a cabo/satélite que pega até no Irã: http://www.dubaione.ae/. Há também filiais da CNN, Al Jazeera, BBC, MBC...
Da rádio tem várias... eu gosto da Dubai Eye. Na verdade, ela faz parte de um conglomerado de rádios, o que provavelmente significa um árabe sendo sócio de várias rádios ao mesmo tempo. Dê uma olhada nesse site aqui: http://www.arnonline.com/amgarn/
Mídia impressa: os principais jornais são: Gulf News, Khaleej Times, Gulf Today, Emirates Business 24|7 (só negócios), 7 days (tablóide). Há outros em árabe como o Emarat Alyoum. Vamos aos sites:
http://www.gulfnews.com
http://emaratalyoum.com
http://www.business24-7.ae
http://www.khaleejtimes.ae
http://www.7days.ae/
Espero ter ajudado.
Abraço de sheik,
Luís
25.3.08
Micromanagement: saudades da infância
E no primeiro post da série "Sheik para Empresários", a série que vai ajudar a você ficar rico, vamos falar de um tema muito importante no mundo dos negócios em Dubai: o Micromanagement.
O Micromanagement, em português Gerência Pentelha, é uma forma de gerência em que o Gerente supervisiona cada passo ou pensamento de seus subordinados. Curiosamente, esta forma de gerência é muito utilizada em certas partes do Brasil, onde os Gerentes fazem questão de serem chamados de Managers e insistem em colocar frases em inglês no MSN Messenger - I'm happy today!, Coríntia rulez! - embora só tenham amigos lusófonos semi-analfabetos.
Este tipo de gerência é essencial para o sucesso de sua organização em um lugar internacional como Dubai, onde a maior parte de seus empregados são expatriados, a maioria recém-chegados ao país, e portanto, suscetíveis a problemas psicológicos como depressão e eventual suicídio.
Portanto, não fuja da sua obrigação de empregador de preservar a vida: nada desse papo de delegação de tarefas, de responsabilidades. Não confie, não deixe seu funcionário à sós: é uma vida que está em risco! Todos os artifícios são válidos: telefonemas pela manhã (onde você está?, por que você não chegou ainda?, por que você não respondeu minha mensagem?), e-mails durante o dia (eu quero um e-mail por hora com o status desta tarefa!). Afinal, você nunca sabe o momento em que o seu funcionário poderá se desconectar do trabalho... e daí para um suicídio, é um piscar de olhos, o tempo de cortar os pulsos com a lapiseira, de se afogar na água da privada. E ai daquele que desrespeitar sua autoridade (e perguntar por que?, por exemplo)! Ameace-o com um tenebroso pontinho negativo na Avaliação de Performance. Ele abaixará a crista rapidamente e voltará a comer o saboroso cocô que diariamente você lhe oferece.
Você verá: seus funcionários logo ficarão muito felizes, e nunca mais reclamarão de saudades de casa, do papai, da mamãe, do cachorro. Não se espante se algum deles te pedir para comprar um pirulito depois do almoço. Dos mais exaltados, poderá receber aquilo que é a prova máxima de amor e carinho que um funcionário pode dar ao seu chefe: um soco na cara.
Seus funcionários são o patrimônio maior de sua empresa. Aplicar as técnicas do Micromagement não garante a retenção dos melhores, mas ao menos dos mais obedientes e fiéis, que te seguirão até mesmo pelas mais abrasivas trilhas nas dunas do competitivo Mundo dos Negócios.
23.3.08
Inventando Moda no UAE
Cecília Lima deixou um novo comentário sobre a sua postagem "As tais coincidências":
Postado por Cecília Lima no blog Dubai F. C. em Sábado, 22 Março, 2008
Olá Cecília,
As coisas nessa área ainda são um pouco incipientes, o que pode por um lado ser bom - ainda há espaço para quem chega - e pode ser ruim - você pode encontrar dificuldade em encontrar emprego na área de criação.
Podemos dizer que o UAE hoje faz parte do circuito internacional da moda, com as semanas da moda em Dubai e em Abu Dhabi. Embora eu não seja consumidor deste mercado - eu só uso minha candora branca, tradicional, com estilo atemporal, digno de Sheik - dou meu pitaco: a preferência local ainda está ligada ao centro gravitacional europeu. Mas sim, a existência da semana da moda local já é um indicativo da formação de que há sim produções locais. Inclusive, a Dubai Fashion Week acontece neste momento e termina amanhã. Aliás, a curiosidade é que este evento não é aberto ao público. Quer entrar? Só com convite. Um luxo.
Há também outros exageros relacionados à moda, como a recém-anunciada Fashion Island, uma ilha no arquipélago The World dedicada inteiramente ao "mundo da moda": uma Daslu no meio do mar (que brega, né, filha?).
Então vão aqui alguns links:
- Sobre a Dubai Fashion Week: http://www.ahlanlive.com/1717-dubai-fashion-week
- Abu Dhabi Fashion Week: http://www.abudhabifashionweek.com/
- Uma mulher cujas criações têm inspiração na cultura local (o contato dela está no fim da reportagem): http://www.gulfnews.com/nation/Heritage_and_Culture/10199290.html
Abraço de sheik,
Luís
gostaria de saber se na area de moda tem algum emprego por ai sou formada desde 2001, tendo uma empresa aqui no brasil - rj
Gostaria de mais contatos, pois estou sondadno empregos por dubai.
Postado por Cecília Lima no blog Dubai F. C. em Sábado, 22 Março, 2008
Olá Cecília,
As coisas nessa área ainda são um pouco incipientes, o que pode por um lado ser bom - ainda há espaço para quem chega - e pode ser ruim - você pode encontrar dificuldade em encontrar emprego na área de criação.
Podemos dizer que o UAE hoje faz parte do circuito internacional da moda, com as semanas da moda em Dubai e em Abu Dhabi. Embora eu não seja consumidor deste mercado - eu só uso minha candora branca, tradicional, com estilo atemporal, digno de Sheik - dou meu pitaco: a preferência local ainda está ligada ao centro gravitacional europeu. Mas sim, a existência da semana da moda local já é um indicativo da formação de que há sim produções locais. Inclusive, a Dubai Fashion Week acontece neste momento e termina amanhã. Aliás, a curiosidade é que este evento não é aberto ao público. Quer entrar? Só com convite. Um luxo.
Há também outros exageros relacionados à moda, como a recém-anunciada Fashion Island, uma ilha no arquipélago The World dedicada inteiramente ao "mundo da moda": uma Daslu no meio do mar (que brega, né, filha?).
Então vão aqui alguns links:
- Sobre a Dubai Fashion Week: http://www.ahlanlive.com/1717-dubai-fashion-week
- Abu Dhabi Fashion Week: http://www.abudhabifashionweek.com/
- Uma mulher cujas criações têm inspiração na cultura local (o contato dela está no fim da reportagem): http://www.gulfnews.com/nation/Heritage_and_Culture/10199290.html
Abraço de sheik,
Luís
21.3.08
As tais coincidências
Vamos começar pelo começo, pois nenhuma coincidência vem sozinha: uma é sempre o começo de outra, como um quebra-cabeça que se encaixa com o tempo dando respaldo às tais teorias cauvinistas sobre o destino humano.
Já estaria tudo escrito? Sinceramente, não sei. Há muitos coisa a se considerar até chegarmos a este ponto: deus (com d maíusculo) existe? Se sim, seria ele alfabetizado? Teria ele uma caneta e papel à disposição? Teria ele alguns bilhões de folhas de papel para escrever o destino de cada um? Teria ele tido tempo para escrever e inventar tanta história? Isso é muito complexo, então vamos a certas coincidências que ainda não estão escritas e que talvez não interessem a você leitor, porque estas coincidências são só minhas.
*****************
1. Delhi, Indira Gandhi Airport - isso foi em abril de 2007: estava eu na fila da alfândega quando alguma coisa me chama a atenção na moça a minha frente: uma bolsa de uma marca brasileira.
- Você é brasileira, é?
- Siiiiiiiiiiiiiiiiimmmm!!!!
Era a Ana Luiza, que estava já há alguns meses viajando pela região. "Você é o primeiro brasileiro que encontro nesses meses".
Eu voltei pra Dubai, ela foi para a Tailândia.
*****************
2. Shamaal - eis que participo lá em novembro de uma competição de caiaque... no meio do caminho, emparelho com uma moça, uma norte-americana, que ia no mesmo ritmo que o meu. Era a Julia. Fomos juntos até o momento em que eu desisti das ondas e da competição.
*****************
3. Confraternização - após a prova, houve uma confraternização no Barasti. E lá fui eu bater um papo com a tal Julia. Conversa vai, conversa vem, ela me apresenta um mulherão, digo, uma mulher alta e forte, dessas que batem no marido. Mas o que me marcou foi o fato de seu nome ser Julie, parecido com Julia. Moça triatleta, fundadora de um clube de Triathlon em Dubai.
******************
4. Mudança de casa - no dia seguinte da prova, o Pete, sul-africano que ocupava um dos quartos da casa e que me obrigou a participar do Shamaal, mudou-se para um quarto na casa vizinha. E mal ele sai, já chega a nova moradora: um mulherão, digo, uma mulher alta e forte: a própria Julie, que havia conhecido justamente no dia anterior. E se não fosse um doce de pessoa, eu juraria que ela bateria no marido que não tem.
******************
5. Caiaques e Art Dubai - e assim, Julie muda-se para a casa, e traz para o jardim o seu caiaque que possui meio-a-meio com Julia, a norte-americana do Shamaal. Assim, Julie passa a ser companheira de eventuais investidas ao mar... mas hoje eu acordei tarde e só deu tempo de ajudá-la, ainda de pijama, a colocar o caiaque dentro de casa, às 9h da madrugada. Conversa vai, conversa vem, ela comenta que, por ser professora na American University, tinha um convite sobrando para o Art Dubai. Eu aceitei. E avisou: "essa noite vai haver uma festa lá em Bastakia... meus alunos vão tocar na vila 111".
******************
6. Bastakia - e lá vou eu para a Vila 111. Coincidência ou não, o Chris de casa também iria à festa: um amigo dele iria tocar lá. Então, lá fomos nós. Festa comportada, mas com um quê de inusitada: underground. Sim! Músicos improvisando, dois rapazes improvisando imagens, um em um telão, outro em uma TV de plasma. Nenhuma música pre-definida, nenhuma música que toca na rádio, nenhuma logomarca. Ninguém na porta dizendo: "Couples only". Enfim, vida como ela é. Senti uma ar fresco que não sentia há muito tempo, desde as noites paulistanas em algum canto da Rua Augusta ou Paraíso ou Vila Madalena, desde os tempos de Unicamp: reunião de jovens artistas que se unem para fazer algo diferente. E fazem...
... uma menina pára ao meu lado. Ela fala uma língua esquisita com a amiga - chochénchohhh - deve ser iraniana, pelo formato do rosto eu sei. É. Mas eu não vou puxar conversa com mulher porque em Dubai isso é ofensa capital. Já pensou? Hómi falá com mulé? Que feio!
O Chris lá da outra ponta me chama e apresenta o amigo e a namorada iraniana. Logo vem a outra - chochénchohhh - era a irmã:
- Nice to meet you!
- Where are you from?
- Iran!
- Oh! Noruz Mubarak!
- Thank you! And where are you from? What is your name?
- Brasil! Luis...
- Hey... funny! Your name is the same of a girl I met few days ago in India... a Brazilian girl...
É claro que a moça encontrou uma brasileira na Índia. De 180 milhões, pelo menos uma vai estar perdido na Índia...
- HEY! Can you repeat your name? She said I would meet a guy called Luís in Dubai!!!
É. Aí eu tenho que concordar que isso sim é meio coincidência... a Sara, a iraniana, passou um mês em um Achram na Índia fazendo um curso de ioga, onde encontrou com a Ana Luisa, que continua viajando... acabei de enviar para ela a foto abaixo:
A Sara, a menina da foto acima, é fotógrafa em Dubai, e como uma boa iraniana, lê muito e - por conseqüência? - escreve bastante. Escreve poesias (tradição persa?) e já publicou 2 livros em farsi. Desistiu de publicar o terceiro (que está pronto) após ter problemas com o governo de seu país por conta dos 2 primeiros...
******************
7. Hora de ir embora - Bom, já é muita informação para minha cabeça, vou embora. Até porque este é o sétimo tópico, número cabalístico que dá um tom mais convincente ao falarmos de coincidências. Mas antes de sair, peguei um exemplar de cada catálogo disponível na mesa de entrada. Abro um deles: "How I bought myself a diamond - Terminal Degree at the American University in Dubai". Vou folheando e encontro lá o nome da Julia (a do caiaque) e logo em seguida um nome familiar: Marcelo Lima. Mas isso nem é coincidência, mas curiosidade.
Olha só que bacana: um brasileiro professor de desenho, pintura e história da arte na American University, e editor do newsletter PANOPTIKON sobre cultura visual contemporânea.
Uau, agradáveis surpresas. Jamais imaginei que esse tipo de coisa existia em Dubai também. E agora eu vou dormir, porque já são 4:18h e eu tinha prometido que ia acordar cedo para andar de caiaque...
Já estaria tudo escrito? Sinceramente, não sei. Há muitos coisa a se considerar até chegarmos a este ponto: deus (com d maíusculo) existe? Se sim, seria ele alfabetizado? Teria ele uma caneta e papel à disposição? Teria ele alguns bilhões de folhas de papel para escrever o destino de cada um? Teria ele tido tempo para escrever e inventar tanta história? Isso é muito complexo, então vamos a certas coincidências que ainda não estão escritas e que talvez não interessem a você leitor, porque estas coincidências são só minhas.
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1. Delhi, Indira Gandhi Airport - isso foi em abril de 2007: estava eu na fila da alfândega quando alguma coisa me chama a atenção na moça a minha frente: uma bolsa de uma marca brasileira.
- Você é brasileira, é?
- Siiiiiiiiiiiiiiiiimmmm!!!!
Era a Ana Luiza, que estava já há alguns meses viajando pela região. "Você é o primeiro brasileiro que encontro nesses meses".
Eu voltei pra Dubai, ela foi para a Tailândia.
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2. Shamaal - eis que participo lá em novembro de uma competição de caiaque... no meio do caminho, emparelho com uma moça, uma norte-americana, que ia no mesmo ritmo que o meu. Era a Julia. Fomos juntos até o momento em que eu desisti das ondas e da competição.
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3. Confraternização - após a prova, houve uma confraternização no Barasti. E lá fui eu bater um papo com a tal Julia. Conversa vai, conversa vem, ela me apresenta um mulherão, digo, uma mulher alta e forte, dessas que batem no marido. Mas o que me marcou foi o fato de seu nome ser Julie, parecido com Julia. Moça triatleta, fundadora de um clube de Triathlon em Dubai.
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4. Mudança de casa - no dia seguinte da prova, o Pete, sul-africano que ocupava um dos quartos da casa e que me obrigou a participar do Shamaal, mudou-se para um quarto na casa vizinha. E mal ele sai, já chega a nova moradora: um mulherão, digo, uma mulher alta e forte: a própria Julie, que havia conhecido justamente no dia anterior. E se não fosse um doce de pessoa, eu juraria que ela bateria no marido que não tem.
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5. Caiaques e Art Dubai - e assim, Julie muda-se para a casa, e traz para o jardim o seu caiaque que possui meio-a-meio com Julia, a norte-americana do Shamaal. Assim, Julie passa a ser companheira de eventuais investidas ao mar... mas hoje eu acordei tarde e só deu tempo de ajudá-la, ainda de pijama, a colocar o caiaque dentro de casa, às 9h da madrugada. Conversa vai, conversa vem, ela comenta que, por ser professora na American University, tinha um convite sobrando para o Art Dubai. Eu aceitei. E avisou: "essa noite vai haver uma festa lá em Bastakia... meus alunos vão tocar na vila 111".
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6. Bastakia - e lá vou eu para a Vila 111. Coincidência ou não, o Chris de casa também iria à festa: um amigo dele iria tocar lá. Então, lá fomos nós. Festa comportada, mas com um quê de inusitada: underground. Sim! Músicos improvisando, dois rapazes improvisando imagens, um em um telão, outro em uma TV de plasma. Nenhuma música pre-definida, nenhuma música que toca na rádio, nenhuma logomarca. Ninguém na porta dizendo: "Couples only". Enfim, vida como ela é. Senti uma ar fresco que não sentia há muito tempo, desde as noites paulistanas em algum canto da Rua Augusta ou Paraíso ou Vila Madalena, desde os tempos de Unicamp: reunião de jovens artistas que se unem para fazer algo diferente. E fazem...
... uma menina pára ao meu lado. Ela fala uma língua esquisita com a amiga - chochénchohhh - deve ser iraniana, pelo formato do rosto eu sei. É. Mas eu não vou puxar conversa com mulher porque em Dubai isso é ofensa capital. Já pensou? Hómi falá com mulé? Que feio!
O Chris lá da outra ponta me chama e apresenta o amigo e a namorada iraniana. Logo vem a outra - chochénchohhh - era a irmã:
- Nice to meet you!
- Where are you from?
- Iran!
- Oh! Noruz Mubarak!
- Thank you! And where are you from? What is your name?
- Brasil! Luis...
- Hey... funny! Your name is the same of a girl I met few days ago in India... a Brazilian girl...
É claro que a moça encontrou uma brasileira na Índia. De 180 milhões, pelo menos uma vai estar perdido na Índia...
- HEY! Can you repeat your name? She said I would meet a guy called Luís in Dubai!!!
É. Aí eu tenho que concordar que isso sim é meio coincidência... a Sara, a iraniana, passou um mês em um Achram na Índia fazendo um curso de ioga, onde encontrou com a Ana Luisa, que continua viajando... acabei de enviar para ela a foto abaixo:
A Sara, a menina da foto acima, é fotógrafa em Dubai, e como uma boa iraniana, lê muito e - por conseqüência? - escreve bastante. Escreve poesias (tradição persa?) e já publicou 2 livros em farsi. Desistiu de publicar o terceiro (que está pronto) após ter problemas com o governo de seu país por conta dos 2 primeiros...
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7. Hora de ir embora - Bom, já é muita informação para minha cabeça, vou embora. Até porque este é o sétimo tópico, número cabalístico que dá um tom mais convincente ao falarmos de coincidências. Mas antes de sair, peguei um exemplar de cada catálogo disponível na mesa de entrada. Abro um deles: "How I bought myself a diamond - Terminal Degree at the American University in Dubai". Vou folheando e encontro lá o nome da Julia (a do caiaque) e logo em seguida um nome familiar: Marcelo Lima. Mas isso nem é coincidência, mas curiosidade.
Olha só que bacana: um brasileiro professor de desenho, pintura e história da arte na American University, e editor do newsletter PANOPTIKON sobre cultura visual contemporânea.
Uau, agradáveis surpresas. Jamais imaginei que esse tipo de coisa existia em Dubai também. E agora eu vou dormir, porque já são 4:18h e eu tinha prometido que ia acordar cedo para andar de caiaque...
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Aconteceu em Dubai,
Dubai High Society
20.3.08
No ruz Mubarak!
E eu já ia me esquecendo: este ano o Aniversário do Profeta coincidiu com o tão esperado No Ruz, o Ano-Novo no calendário persa!
Pra ser mais exato, o Ano-Novo iraniano começou hoje às 9:48 h da manhã, de acordo com uma amiga iraniana aqui, a Golnaz.
Uma curiosidade sobre este calendário, com origem no Zoroastrismo, é que ele é considerado mais preciso que o calendário Gregoriano - usado no Ocidente - e as celebrações estão ligadas aos fenômenos da natureza, às mudanças de estações do ano. O Ano-Novo coincide justamente com a chegada da primavera. E a noite antes da última quarta-feira do ano persa, ou seja, na terça à noite (Chaharshanbeh sori, algo como "festa da quarta-feira") é comemorada com fogueira e um jantar especial: é o Festival do Fogo, a comemoração da vitória da Luz sobre as Trevas (sim, o velho papo da luta do Bem contra o Mal).
Embora o Irã seja um país majoritariamente muçulmano xiita, essa ligação com o fogo é uma clara influência do Zoroastrismo, em cujos templos são mantidas fogueiras permanentemente alimentadas. São os Atachkadeh (fogo eterno).
O Noruz marca também o início do período semelhante ao carnaval brasileiro, em que o Irã pára e todo o país viaja e festeja. Não adianta tentar encontrar acomodações pelo país nesta época: vai ver muito difícil conseguir e caro (para os padrões do país).
Com a quantidade de iranianos em Dubai, um evento desses em geral não passa despercebido. Então, se você ver um pessoal acendendo fogueiras por aí e fazendo festa, sim, grandes chances de serem iranianos!
Noruz mubarak!
Pra ser mais exato, o Ano-Novo iraniano começou hoje às 9:48 h da manhã, de acordo com uma amiga iraniana aqui, a Golnaz.
Uma curiosidade sobre este calendário, com origem no Zoroastrismo, é que ele é considerado mais preciso que o calendário Gregoriano - usado no Ocidente - e as celebrações estão ligadas aos fenômenos da natureza, às mudanças de estações do ano. O Ano-Novo coincide justamente com a chegada da primavera. E a noite antes da última quarta-feira do ano persa, ou seja, na terça à noite (Chaharshanbeh sori, algo como "festa da quarta-feira") é comemorada com fogueira e um jantar especial: é o Festival do Fogo, a comemoração da vitória da Luz sobre as Trevas (sim, o velho papo da luta do Bem contra o Mal).
Embora o Irã seja um país majoritariamente muçulmano xiita, essa ligação com o fogo é uma clara influência do Zoroastrismo, em cujos templos são mantidas fogueiras permanentemente alimentadas. São os Atachkadeh (fogo eterno).
O Noruz marca também o início do período semelhante ao carnaval brasileiro, em que o Irã pára e todo o país viaja e festeja. Não adianta tentar encontrar acomodações pelo país nesta época: vai ver muito difícil conseguir e caro (para os padrões do país).
Com a quantidade de iranianos em Dubai, um evento desses em geral não passa despercebido. Então, se você ver um pessoal acendendo fogueiras por aí e fazendo festa, sim, grandes chances de serem iranianos!
Noruz mubarak!
Sheik para Empresários
Golfo Pérsico: um lugar perigoso, berço do Eixo do Mal. Emirados Árabes Unidos: um país do bem, cercado de malvadezas. Dubai: o paraíso dos endinheirados, onde o dinheiro brota da areia.
Oportunidades que parecem não ter fim, e que atraem forasteiros dos quatro cantos do mundo, em busca de prosperidade, sucesso, e glória. Uma região que cresce a 7% ano, onde as pessoas têm pressa de ganhar dinheiro, e não têm medo de ficarem ricas.
Em meio a tantas oportunidades, histórias fantásticas de sucesso, e também de fracassos homéricos. Vida de empresário por aqui não é fácil. Para se atingir o sucesso é preciso respeitar certas regras, evitar conhecidas ciladas.
O Sheik se preocupa com você, leitor, que vende o seu barraco sob a Ponte do Limão para abrir um negócio no Oriente Médio. Por essa razão, a partir de hoje, o sheik fará uma boa ação: publicará neste espaço dicas passo-a-passo para você, empresário, atingir o Sucesso, a Fama e o Sagrado Lucro neste Templo do Capitalismo.
Esta sessão é apenas o primeiro passo de uma estratégia para satisfazer você, leitor: em breve, por um módico investimento, você também poderá contratar palestras inspiradoras do Sheik sobre os temas aqui abordados que irão revolucionar os seus negócios. Não perca!
Sheik para Empresários: mais uma sessão para agradar você, leitor. Sheik para Empresários também é Dubai, Dubai Futebol Clube.
Oportunidades que parecem não ter fim, e que atraem forasteiros dos quatro cantos do mundo, em busca de prosperidade, sucesso, e glória. Uma região que cresce a 7% ano, onde as pessoas têm pressa de ganhar dinheiro, e não têm medo de ficarem ricas.
Em meio a tantas oportunidades, histórias fantásticas de sucesso, e também de fracassos homéricos. Vida de empresário por aqui não é fácil. Para se atingir o sucesso é preciso respeitar certas regras, evitar conhecidas ciladas.
O Sheik se preocupa com você, leitor, que vende o seu barraco sob a Ponte do Limão para abrir um negócio no Oriente Médio. Por essa razão, a partir de hoje, o sheik fará uma boa ação: publicará neste espaço dicas passo-a-passo para você, empresário, atingir o Sucesso, a Fama e o Sagrado Lucro neste Templo do Capitalismo.
Esta sessão é apenas o primeiro passo de uma estratégia para satisfazer você, leitor: em breve, por um módico investimento, você também poderá contratar palestras inspiradoras do Sheik sobre os temas aqui abordados que irão revolucionar os seus negócios. Não perca!
Sheik para Empresários: mais uma sessão para agradar você, leitor. Sheik para Empresários também é Dubai, Dubai Futebol Clube.
Ônibus 8A e o taxista etíope
Quinta-feira, 21h, Jumeirah Beach Road. Após 15 minutos de espera, nenhum táxi no sentido Marina. Aparece então um ônibus: 8A - Gardens.
- 1,50 DH, sir.
Problema: na carteira, só notas de 100 DH.
- Do you have change?
- No, sorry...
- So... well, cobre 5 DH, sem problemas.
- Não senhor. Eu não posso.
- Por que não? Fique com o troco. Eu estou oferecendo...
Penso que o motorista se ofendeu, achou-me arrogante. Os passageiros me olham apertando os beiços: reprovação. Eis que então a filipina na primeira poltrona estica a mão com duas moedinhas e diz quase gritando para o motorista:
- Aqui está! Pague para ele!
Eu e o motorista com semblante de orifício anal. Eu não aceitei, o motorista não aceitou.
***
O ônibus se aproxima de Media City.
- Hi! Você já tem troco?
- Não.
- Qual é o último ponto em Media City?
- Este.
- Então...
- Passe o seu ticket para ele - e aponta o novo usuário que entra no ônibus e aponta a mão com moedinhas. Eu dou o papelzinho, o rapaz aceita. O motorista diz:
- Have a good night, sir!
Eu? Semblante anal, mas sorrindo:
- Thank you. Have a good night.
***
Estendo o braço na avenida, um taxista pára. Abro a porta e pergunta:
- Você pode me levar para JBR?
JBR (leia Djêi-Bí-Árrr) é a sigla para Jumeirah Beach Residence, um complexo de prédios de luxo de frente para o mar, na Marina. Os apartamentos são de luxo, mas os maliciosos dizem: "Cohab!". Só porque são torres de 40 andares, uma ao lado da outra (umas 20). Mas quem me dera morar em um desses apartamentos...
- Yes, sir. No problem.
Perguntei na verdade por educação ao taxista: embora muitos não gostem - e recusem expressamente passageiros requisitando viagens curtas - negar uma viagem é infração passível com multa de 200 DH. Este aceitou.
- Where are you from?
- Ethiopia...
É a primeira vez que vejo um taxista da Etiópia.
- A terra onde surgiu o café!
Agora ele ficou orgulhoso, desceu o vidro da porta e abriu um sorriso que ia até a esquina. Dentes brancos e grandes, afastados um do outro, para guardar bem a boca grande:
- Yes, sir!
- How many years in Dubai?
- Five years...
- Do you miss home?
- No problems, sir: I go back home every 2 years!
Está certo, está certo. Chegamos ao Djêi-Bí-Árr. A corrida ficou em 7 DH, pago 10 DH. Cortesia, pois aceitou o que é seu dever, corrida curta.
Os 3 DH equivalem a ida e volta de ônibus de Jumeira a Media City, um trajeto cinco vezes maior que Media City à JBR.
- 1,50 DH, sir.
Problema: na carteira, só notas de 100 DH.
- Do you have change?
- No, sorry...
- So... well, cobre 5 DH, sem problemas.
- Não senhor. Eu não posso.
- Por que não? Fique com o troco. Eu estou oferecendo...
Penso que o motorista se ofendeu, achou-me arrogante. Os passageiros me olham apertando os beiços: reprovação. Eis que então a filipina na primeira poltrona estica a mão com duas moedinhas e diz quase gritando para o motorista:
- Aqui está! Pague para ele!
Eu e o motorista com semblante de orifício anal. Eu não aceitei, o motorista não aceitou.
***
O ônibus se aproxima de Media City.
- Hi! Você já tem troco?
- Não.
- Qual é o último ponto em Media City?
- Este.
- Então...
- Passe o seu ticket para ele - e aponta o novo usuário que entra no ônibus e aponta a mão com moedinhas. Eu dou o papelzinho, o rapaz aceita. O motorista diz:
- Have a good night, sir!
Eu? Semblante anal, mas sorrindo:
- Thank you. Have a good night.
***
Estendo o braço na avenida, um taxista pára. Abro a porta e pergunta:
- Você pode me levar para JBR?
JBR (leia Djêi-Bí-Árrr) é a sigla para Jumeirah Beach Residence, um complexo de prédios de luxo de frente para o mar, na Marina. Os apartamentos são de luxo, mas os maliciosos dizem: "Cohab!". Só porque são torres de 40 andares, uma ao lado da outra (umas 20). Mas quem me dera morar em um desses apartamentos...
- Yes, sir. No problem.
Perguntei na verdade por educação ao taxista: embora muitos não gostem - e recusem expressamente passageiros requisitando viagens curtas - negar uma viagem é infração passível com multa de 200 DH. Este aceitou.
- Where are you from?
- Ethiopia...
É a primeira vez que vejo um taxista da Etiópia.
- A terra onde surgiu o café!
Agora ele ficou orgulhoso, desceu o vidro da porta e abriu um sorriso que ia até a esquina. Dentes brancos e grandes, afastados um do outro, para guardar bem a boca grande:
- Yes, sir!
- How many years in Dubai?
- Five years...
- Do you miss home?
- No problems, sir: I go back home every 2 years!
Está certo, está certo. Chegamos ao Djêi-Bí-Árr. A corrida ficou em 7 DH, pago 10 DH. Cortesia, pois aceitou o que é seu dever, corrida curta.
Os 3 DH equivalem a ida e volta de ônibus de Jumeira a Media City, um trajeto cinco vezes maior que Media City à JBR.
Feriado / Art Dubai
Comemora-se hoje o aniversário do Profeta Maomé (P.E.C.E./P.B.U.H.), e portanto, é feriado (comunicado oficialmente apenas há 2 dias) nos países de maioria sunita.
E se você está em Dubai e procura o que fazer, uma sugestão é o Art Dubai, exposição de artes que ocorre no Madinat Jumeirah até o dia 22 de março. Ingressos a 50 DH por dia ou a 100 DH para todos os dias.
Uma curiosidade é que o evento abriu ontem primeiro para mulheres, entre 13h e 17h, e só depois para homens. É assim nas cidades onde há mais de 4 homens para cada mulher. E sorte das mulheres quando há esses privilégios...
Para quem gosta de rock, funk e outras musiquinhas, como parte dos eventos ligados ao Art Dubai, uma banda de estudantes da American University toca esta noite a partir das 22h na casa 111 de Bastakia, bairro histórico de Dubai localizado atrás do Museu, em Bur Dubai.
Nota 1: Bastakia é bairro árabe? Na verdade, as casas com torres-de-vento são árabes mas de tecnologia persa: há inúmeras cidades iranianas - como Yazd - com belos exemplares de badgirs, como estas torres são conhecidas por lá. A existência dessas torres por aqui dá pistas sobre a dinâmica do fluxo de informações por esta região até o século passado.
Nota 2: o aposto P.E.C.E./P.B.U.H.:Paz Esteja Com Ele/Peace Be Upon Him é a maneira correta de referenciar o Profeta mais importante para os sunitas. Respeito é essencial, especialmente em tempos de cartuns e ursinhos de pelúcia: há notícias de funcionário despedido de empresa de nível internacional e de professor universitário ocidental deportado de um país da região; ambos expuseram comentários sobre estes dois eventos em blogs pessoais... Prudência, pessoal, prudência.
E se você está em Dubai e procura o que fazer, uma sugestão é o Art Dubai, exposição de artes que ocorre no Madinat Jumeirah até o dia 22 de março. Ingressos a 50 DH por dia ou a 100 DH para todos os dias.
Uma curiosidade é que o evento abriu ontem primeiro para mulheres, entre 13h e 17h, e só depois para homens. É assim nas cidades onde há mais de 4 homens para cada mulher. E sorte das mulheres quando há esses privilégios...
Para quem gosta de rock, funk e outras musiquinhas, como parte dos eventos ligados ao Art Dubai, uma banda de estudantes da American University toca esta noite a partir das 22h na casa 111 de Bastakia, bairro histórico de Dubai localizado atrás do Museu, em Bur Dubai.
Nota 1: Bastakia é bairro árabe? Na verdade, as casas com torres-de-vento são árabes mas de tecnologia persa: há inúmeras cidades iranianas - como Yazd - com belos exemplares de badgirs, como estas torres são conhecidas por lá. A existência dessas torres por aqui dá pistas sobre a dinâmica do fluxo de informações por esta região até o século passado.
Nota 2: o aposto P.E.C.E./P.B.U.H.:Paz Esteja Com Ele/Peace Be Upon Him é a maneira correta de referenciar o Profeta mais importante para os sunitas. Respeito é essencial, especialmente em tempos de cartuns e ursinhos de pelúcia: há notícias de funcionário despedido de empresa de nível internacional e de professor universitário ocidental deportado de um país da região; ambos expuseram comentários sobre estes dois eventos em blogs pessoais... Prudência, pessoal, prudência.
16.3.08
Dubai World Cup
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Primeiro post do ano":
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 04 Março, 2008
Olá Wania,
Vamos às respostas à sua pergunta:
Quando?
A Dubai World Cup será no sábado, 29 de março.
Quanto?
No dia do evento haverá uma área pública que é GRATUITA, e uma área exclusiva, chamada de International Village, cuja admissão custa 180 DH e será feita pelos portões 7 e 8.
International Village é provavelmente o que você procura: é nesta área em que impera o glamour britânico que dá fama a este evento de o mais badalado de Dubai: mulheres de chapéu e homens de fraque.
Onde comprar?
Você pode comprar o ingresso diretamente online, no site do Dubai Racing Club clicando aqui:
Como já passou do dia 15/03, agora você precisa ir buscar seu ingresso no "Badge Sales Office", lá em Nad Al Sheba:
Para maiores informações, visite o site oficial do evento ou ainda clique diretamente aqui.
preciso saber quando vai ser a grande corrida de cavalos ,e como posso adquirir entradas para 4 pessoas.atenciosamente wania
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 04 Março, 2008
Olá Wania,
Vamos às respostas à sua pergunta:
Quando?
A Dubai World Cup será no sábado, 29 de março.
Quanto?
No dia do evento haverá uma área pública que é GRATUITA, e uma área exclusiva, chamada de International Village, cuja admissão custa 180 DH e será feita pelos portões 7 e 8.
International Village é provavelmente o que você procura: é nesta área em que impera o glamour britânico que dá fama a este evento de o mais badalado de Dubai: mulheres de chapéu e homens de fraque.
Onde comprar?
Você pode comprar o ingresso diretamente online, no site do Dubai Racing Club clicando aqui:
Como já passou do dia 15/03, agora você precisa ir buscar seu ingresso no "Badge Sales Office", lá em Nad Al Sheba:
Para maiores informações, visite o site oficial do evento ou ainda clique diretamente aqui.
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Aconteceu em Dubai,
Sheik Luís responde
15.3.08
Recém-formados em Dubai
Getúlio deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Procurando emprego em Dubai":
Postado por Getúlio no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 11 Março, 2008
Olá Getúlio,
Se você é recém-formado, não considero um bom negócio vir assim, "cru", para cá.
Em Dubai, há de tudo: salário baixo, salário médio, salário alto. Infelizmente, este não é o caso para recém-formados: o mais provável é que a empresa te ofereça um salário de 3 a 4 mil dirhams que, se por um lado, esta quantia não é ruim no Brasil, aqui é insuficiente para pagar o aluguel de um lugar minimamente aceitável. Isso sem levar em conta que, em geral, os locatários solicitam que você pague 6 meses adiantado... em resumo, nessas condições, você estará pagando para trabalhar.
Embora a vida em Dubai não seja cara, os preços de acomodação formam uma barreira que inibe principiantes.
Quanto ao inglês, se ele está ruim, esse é mais um complicador: aqui ninguém contrata funcionário considerando um tempo de aprendizado da língua. Já se pressupõe que você fale inglês fluentemente... se vier para cá com o inglês ruim, vai passar maus bocados.
Sinceramente, para recém-formados, eu recomendo experiências no exterior menos traumáticas, como um estágio remunerado. Recomendo a IAESTE e a AIESEC. A última instituição possui uma sede em Dubai:
http://www.aiesec.org/cms/aiesec/AI/Middle%20East%20and%20North%20Africa/UNITED%20ARAB%20EMIRATES/contactus.html
Para participar dos intercâmbios da AIESEC, você precisa se inscrever em algumas das sedes no Brasil e participar de um processo seletivo.
Considero que para seu perfil, recém-formado e com o inglês ainda para melhorar, um estágio no exterior é uma experiência muito mais agregadora e controlada: você já sai do país com o emprego e moradia acertadas, entrará em contato com outros estagiários de outras partes do mundo e sofrerá uma cobrança menor, que te permitirá melhorar seu inglês e viajar. Não espere ficar rico com isso, mas essa experiência que você vai ter certamente te abrirá portas no futuro.
Se ainda assim você quiser procurar uma posição na sua área, dá uma olhadinha na sessão empregos: há vários sites de emprego listados por ali onde você encontrará todo tipo de oportunidade.
É isso aí,
Abraço de Sheik,
Luís
Luiz acabei de me formar em Engenharia Mecânica, to procurado emprego. Em Dubai o salário é alto?
To querendo ir trabalha ai em Dubai. Meu inglês não ta muito bom, mas se souber de alguma proposta para engenheiro mecânico recem formado é só me informar.
Postado por Getúlio no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 11 Março, 2008
Olá Getúlio,
Se você é recém-formado, não considero um bom negócio vir assim, "cru", para cá.
Em Dubai, há de tudo: salário baixo, salário médio, salário alto. Infelizmente, este não é o caso para recém-formados: o mais provável é que a empresa te ofereça um salário de 3 a 4 mil dirhams que, se por um lado, esta quantia não é ruim no Brasil, aqui é insuficiente para pagar o aluguel de um lugar minimamente aceitável. Isso sem levar em conta que, em geral, os locatários solicitam que você pague 6 meses adiantado... em resumo, nessas condições, você estará pagando para trabalhar.
Embora a vida em Dubai não seja cara, os preços de acomodação formam uma barreira que inibe principiantes.
Quanto ao inglês, se ele está ruim, esse é mais um complicador: aqui ninguém contrata funcionário considerando um tempo de aprendizado da língua. Já se pressupõe que você fale inglês fluentemente... se vier para cá com o inglês ruim, vai passar maus bocados.
Sinceramente, para recém-formados, eu recomendo experiências no exterior menos traumáticas, como um estágio remunerado. Recomendo a IAESTE e a AIESEC. A última instituição possui uma sede em Dubai:
http://www.aiesec.org/cms/aiesec/AI/Middle%20East%20and%20North%20Africa/UNITED%20ARAB%20EMIRATES/contactus.html
Para participar dos intercâmbios da AIESEC, você precisa se inscrever em algumas das sedes no Brasil e participar de um processo seletivo.
Considero que para seu perfil, recém-formado e com o inglês ainda para melhorar, um estágio no exterior é uma experiência muito mais agregadora e controlada: você já sai do país com o emprego e moradia acertadas, entrará em contato com outros estagiários de outras partes do mundo e sofrerá uma cobrança menor, que te permitirá melhorar seu inglês e viajar. Não espere ficar rico com isso, mas essa experiência que você vai ter certamente te abrirá portas no futuro.
Se ainda assim você quiser procurar uma posição na sua área, dá uma olhadinha na sessão empregos: há vários sites de emprego listados por ali onde você encontrará todo tipo de oportunidade.
É isso aí,
Abraço de Sheik,
Luís
Acomodação para heterossexuais
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Carne turca":
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 14 Março, 2008
Olá Marcos,
Fique à vontade para para publicar seu e-mail nos comentários.
Gostei dessa parte do "(...), heterossexual, (...)"... isso me traz lembranças ficarão para um post em um momento mais oportuno.
Caso não encontre acomodação, fica a dica do Albergue da Juventude, cujos preços equivalem-se aos dos homólogos europeus (em torno de 20 €/dia) e deve ser a acomodação aceitável mais barata em Dubai.
Abraços heterossexuais do Sheik.
Ola Sheik,
estou bastante interessado em conhecer o Dubai e possivelmente trabalhar... para tal tive uma ideai e gostaria de saber sua opiniao. Sou portugues,36 anos, heterosexual, nao fumo, bebo socialmente, falo portugues, espanhol, italiano, alemao e um pouco de ingles, moro na Suiça e gostaria de encontrar alguem com vontade de fazer uma especie de intercambio. Eu ficaria na casa dessa pessoa no Dubai e ela ficaria na minha... na capital Suiça(Bern).Moro sozinho e nao tenho filhos.... Gostaria de saber ainda se posso publicar meu endereço de e-mail no proximo comentario. Obrigado Marcos
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 14 Março, 2008
Olá Marcos,
Fique à vontade para para publicar seu e-mail nos comentários.
Gostei dessa parte do "(...), heterossexual, (...)"... isso me traz lembranças ficarão para um post em um momento mais oportuno.
Caso não encontre acomodação, fica a dica do Albergue da Juventude, cujos preços equivalem-se aos dos homólogos europeus (em torno de 20 €/dia) e deve ser a acomodação aceitável mais barata em Dubai.
Abraços heterossexuais do Sheik.
14.3.08
Atum
Dias atrás, em viagem por Omã, acabei gravando a cena abaixo, no Mercado do Peixe em Nizwa, no interior do país. O rapaz está limpando um atum:
13.3.08
Hospedagem barata em Dubai?
Filipe deixou um novo comentário sobre a sua postagem "E como acabou o João?":
Postado por Filipe no blog Dubai F. C. em Quinta-feira, 13 Março, 2008
Olá Filipe,
Creio que a hospedagem mais barata que você vai encontrar são os Albergues da Juventude, em torno de 90 DH/dia (ou mais):
http://www.uaeyha.com/
Na verdade, deve até haver coisas mais baratas, porém... tenho quase certeza que você não vai gostar!
Quanto à empresas de RH, aí depende muito da sua área de atuação. Eu recomendaria que você desse uma olhada na sessão Empregos, ali estão listadas diversas empresas RH e sites de emprego em Dubai.
Boa sorte!
Abraço de sheik,
Luís
Caro Sheik Luis, tudo bom?
Estarei indo para o Dubai este domingo e gostaria de dicas sobre hospegagem barata e agencias de RH para tentar encontrar um emprego!
Agradeco pela atencao
Filipe Grilo
fgrilo2000@hotmail.com
Abraco
Postado por Filipe no blog Dubai F. C. em Quinta-feira, 13 Março, 2008
Olá Filipe,
Creio que a hospedagem mais barata que você vai encontrar são os Albergues da Juventude, em torno de 90 DH/dia (ou mais):
http://www.uaeyha.com/
Na verdade, deve até haver coisas mais baratas, porém... tenho quase certeza que você não vai gostar!
Quanto à empresas de RH, aí depende muito da sua área de atuação. Eu recomendaria que você desse uma olhada na sessão Empregos, ali estão listadas diversas empresas RH e sites de emprego em Dubai.
Boa sorte!
Abraço de sheik,
Luís
E como acabou o João?
E como acabou o João? Pouca gente ou quase ninguém sabe, talvez porque João não era médico ou sociólogo ou político ou especialista; era e sempre foi apenas João: João Cariranho! Digo quase ninguém porque há sim aquelas meninas que jamais se esqueceriam do homem de suas vidas.
Sou Luhis, sou engenheiro, sou Malba Tahan. Sou Sheik, tenho 15 concumbinas e alguns camelos. Filhos? Não que eu saiba. Mas o que eu queria mesmo era ser João Cariranho!
Sou Luhis, sou engenheiro, sou Malba Tahan. Sou Sheik, tenho 15 concumbinas e alguns camelos. Filhos? Não que eu saiba. Mas o que eu queria mesmo era ser João Cariranho!
V - Mas como todos sabem...
Mas como todos sabem o tempo passa, e a idade chega pra lá dos 60s, 70s, 80s. Idade em que o pipi custa a endurecer: fica bambeando de um lado para o outro e depois desiste. Foi mais ou menos por aí que especialista em cadáveres perdeu as estribeiras e, em um momento de desespero em uma noite insone, chutou toda sua coleção de soldadinhos de chumbos. Por fim, foi encontrar alívio e consolos nos braços fortes dos garotos do Parque Trianon.
Pois bem, e o tempo passa e passa para todos, até mesmo para o nosso especialista em sociedades decadentes que optou por gastar as economias com pílulas azuis e meninas da vida. E quando elas iam embora… nas praças olhava famílias, algazarras e brigas. Um pai gordo manda o filho calar a boca enquanto o irmão ri e diz: bem feito! E uma mulher-gorda de cabelo tingido que puxa orelha do provocador. Olhava tudo aquilo à distância: oportunidades que vieram... e passaram, sem volta.
Mas o tempo passa para todos também. Até para o João, que nem atentou para o probleminha que lhe acometia, pois a esta altura já se cansara do assunto. Também pudera: incontáveis namoricos, oito namoradas sérias, das quais três amou e cinco iludiu. Das três que amou, viu três casamentos dos quais proliferaram Cariranhozinhos e Zinhas pelo mundo. João agora olhava a curiosa notícia sobre dois especialistas famosos encontrados enforcados em suas gravatas cada qual em sua casa. Dizem que ainda balbuciou “Haôni… Budoé” mas sinceramente não acredito: certamente nem lembrou dos dois. Esse povo aumenta muito o que ouve, não é?
Pois bem, e o tempo passa e passa para todos, até mesmo para o nosso especialista em sociedades decadentes que optou por gastar as economias com pílulas azuis e meninas da vida. E quando elas iam embora… nas praças olhava famílias, algazarras e brigas. Um pai gordo manda o filho calar a boca enquanto o irmão ri e diz: bem feito! E uma mulher-gorda de cabelo tingido que puxa orelha do provocador. Olhava tudo aquilo à distância: oportunidades que vieram... e passaram, sem volta.
Mas o tempo passa para todos também. Até para o João, que nem atentou para o probleminha que lhe acometia, pois a esta altura já se cansara do assunto. Também pudera: incontáveis namoricos, oito namoradas sérias, das quais três amou e cinco iludiu. Das três que amou, viu três casamentos dos quais proliferaram Cariranhozinhos e Zinhas pelo mundo. João agora olhava a curiosa notícia sobre dois especialistas famosos encontrados enforcados em suas gravatas cada qual em sua casa. Dizem que ainda balbuciou “Haôni… Budoé” mas sinceramente não acredito: certamente nem lembrou dos dois. Esse povo aumenta muito o que ouve, não é?
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Eu queria ser João Cariranho
IV - O ter corrompe?
Ah, o ter… o ter corrompe? O ex-garoto da pele leitosa esverdeada por fim tornou-se médico e após um breve momento de desilusão, passou a ter orgulho daquilo que aprendeu: detectava com facilidade a causa mortis de qualquer corpo putrefato. E as pessoas diziam: É um trabalhador! Celebridade morta? A TV o colocava ao vivo: com a voz, o especialista. E ele se orgulhava. Acumulou muitas riquezas dessa forma: carros, apartamentos, e uma extensa coleção e soldadinhos de chumbo, iguaizinhos àqueles que ganhou de seu pai aos 5 anos de idade.
O ex-líder estudantil sociólogo também teve seus momentos de especialista. Explicou na TV a causa do ataque às Torres Gêmeas. É a sociedade que está em decadência. Mesmo quem não lê Chomsky sabe disso, disse ele. E assim ganhou notoriedade, comprou fazendas no interior, montou uma biblioteca particular com o seu nome, contendo uma curiosa coleção de vinis sobre os movimentos musicais da década de oitenta.
E o João também teve muito nesses anos todos: muito sexo. Ia de um extremo a outro, dos 18 ao 78, das garotas de família às desgraçadas, das modelos às tortas, banguelas, barrigudas. Mulheres peludas… beijou até mulher com bafo para atingir o seu intento. E alguém lhe perguntou: ter é importante? - Sim, ô se é… - respondeu assim com uma risadinha ensimesmada.
O ex-líder estudantil sociólogo também teve seus momentos de especialista. Explicou na TV a causa do ataque às Torres Gêmeas. É a sociedade que está em decadência. Mesmo quem não lê Chomsky sabe disso, disse ele. E assim ganhou notoriedade, comprou fazendas no interior, montou uma biblioteca particular com o seu nome, contendo uma curiosa coleção de vinis sobre os movimentos musicais da década de oitenta.
E o João também teve muito nesses anos todos: muito sexo. Ia de um extremo a outro, dos 18 ao 78, das garotas de família às desgraçadas, das modelos às tortas, banguelas, barrigudas. Mulheres peludas… beijou até mulher com bafo para atingir o seu intento. E alguém lhe perguntou: ter é importante? - Sim, ô se é… - respondeu assim com uma risadinha ensimesmada.
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Eu queria ser João Cariranho
III - O tempo passou...
O tempo passou; o garoto de pele branca leitosa passou no vestibular. E passou a ser chamado de ET, por sua pele que agora ganhava um tom esverdeado, talvez pelas imensas horas passadas sem luz solar nos laboratórios subterrâneos dos hospitais. E estudava com afinco, pois um dia viria a recompensa: seria médico!
E quem visse o revoltado não o reconheceria: descobriu-se pleonasticamente a si mesmo e viu em seu passado negro um grande cliché. Deixou de lado as roupas pretas, adotou óculos quadrado de armação grossa e barba e bradava discursos sobre a mesa da cantina ao qual sempre finalizava: Viva a UNE! Viva o movimento estudantil! Unidos venceremos essa corja de reitores neo-liberais! Ao passo que os ouvintes respondiam: Iéééééaaah!
Ei! Desce da mesa que sou eu que limpo! – quanta ousadia do funcionário da limpeza. Mas era isso mesmo o que o ex-revoltado queria: uma chance para reafirmar sua autoridade, ao que perguntou: você sabe com quem você está falando???.E ao acabar o discurso, desceu da mesa e viu-se nos tempos de cursinho em um rapaz de preto e franja sebosa que assistia a tudo apaticamente e de braços cruzados. Não reviveu com saudosismo, mas com um ar blasé, digno de uma autoridade: Ah, esses rebeldes sem causa… - suspirou.
Rebeldes sem causa. Desdém. Sim, pois agora ele tinha uma causa: a causa estudantil. E trabalhou com afinco por ela e conseguiu notoriedade e respeito entre seus camaradas quando sugeriu a doação das verbas do Centro Acadêmico para os Movimentos Irmãos. Ninguém compreendia muito bem que benefício isso traria à causa estudantil mas ninguém questionou aquele líder nato. E assim, ele ganhava auto-confiança: no ano seguinte, inventou o Trote Cidadão e saiu na capa de todos os jornais, abraçando calouros e mendigos com cara de bom moço…
E você vai perguntar: e o João? João não estava nem ali pois resolveu não perder tempo com esse papo de faculdade e foi ser João Cariranho. Trabalhava com aquilo que lhe prazia, e tirava daí o seu sustento. Trabalhou para muitos, mas jamais aturou desaforo: guardava ainda no fundo do peito o mesmo catarro verde que usava nos momentos de desonra, para colega ou para chefe, sem medo de ser feliz. Teria João asas? Ele saltitava, pulava, voava de um emprego em outro sem quaisquer preocupações com o ter. Que inveja!
E quem visse o revoltado não o reconheceria: descobriu-se pleonasticamente a si mesmo e viu em seu passado negro um grande cliché. Deixou de lado as roupas pretas, adotou óculos quadrado de armação grossa e barba e bradava discursos sobre a mesa da cantina ao qual sempre finalizava: Viva a UNE! Viva o movimento estudantil! Unidos venceremos essa corja de reitores neo-liberais! Ao passo que os ouvintes respondiam: Iéééééaaah!
Ei! Desce da mesa que sou eu que limpo! – quanta ousadia do funcionário da limpeza. Mas era isso mesmo o que o ex-revoltado queria: uma chance para reafirmar sua autoridade, ao que perguntou: você sabe com quem você está falando???.E ao acabar o discurso, desceu da mesa e viu-se nos tempos de cursinho em um rapaz de preto e franja sebosa que assistia a tudo apaticamente e de braços cruzados. Não reviveu com saudosismo, mas com um ar blasé, digno de uma autoridade: Ah, esses rebeldes sem causa… - suspirou.
Rebeldes sem causa. Desdém. Sim, pois agora ele tinha uma causa: a causa estudantil. E trabalhou com afinco por ela e conseguiu notoriedade e respeito entre seus camaradas quando sugeriu a doação das verbas do Centro Acadêmico para os Movimentos Irmãos. Ninguém compreendia muito bem que benefício isso traria à causa estudantil mas ninguém questionou aquele líder nato. E assim, ele ganhava auto-confiança: no ano seguinte, inventou o Trote Cidadão e saiu na capa de todos os jornais, abraçando calouros e mendigos com cara de bom moço…
E você vai perguntar: e o João? João não estava nem ali pois resolveu não perder tempo com esse papo de faculdade e foi ser João Cariranho. Trabalhava com aquilo que lhe prazia, e tirava daí o seu sustento. Trabalhou para muitos, mas jamais aturou desaforo: guardava ainda no fundo do peito o mesmo catarro verde que usava nos momentos de desonra, para colega ou para chefe, sem medo de ser feliz. Teria João asas? Ele saltitava, pulava, voava de um emprego em outro sem quaisquer preocupações com o ter. Que inveja!
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Eu queria ser João Cariranho
II - E assim veio a puberdade
E assim veio a puberdade. Tempos de aplicação nos estudos: aquele de pele branca leitosa continuava perseverante nos estudos, mas agora com um óculos que lhe dava autoridade. Sim, era autoridade o que ele buscava: serei médico! Doutor! – dizia isso embora não suportasse ter suas noites de sono interrompidas, e demaiava ao ver sangue. E estudava com afinco, com cara séria. Os professores olhavam e diziam: isso sim é um estudante!
Mas o rapaz de pele clara não colhia os lírios da fama só: era acompanhado de perto pelo revoltado. O revoltado estava sempre bravo e usava apenas roupas pretas. Sua frase preferida era: por que tanta injustiça? E ficava pelos cantos cantando hinos punks:
E o revoltado se aplicava com revolta aos estudos. Estudava nervosamente história e geografia e tudo aquilo que se convencionou chamar de Ciências Humanas. Uma dia alguém lhe perguntou: o que você vai ser? Ele respondeu com ambição: Primeiro, líder estudantil. Depois, sociólogo! E todos assim o respeitaram. E quando passava, causava burburinho. Uns diziam: Um revoltado. Para serem logo reprimidos: Respeitem o garoto! Ele é um estudante de valor!
E João Cariranho assistia a tudo com a sua indiferença. Dizia budoé para um e haôni para o outro. Dizia ele, faces da mesma moeda. E você, o que vai ser de você? – logo, alguém também lhe perguntou. João, que sabia muito de si, limitou-se a dizer que seria aquilo que já o era: João Cariranho, oras!
Ah, João, João. Ele estudava o que queria, pelo simples prazer de aprender. E foi justamente nessa época em que se dedicou às artes do amor e da sedução. Todos os demais estudavam para serem doutor, sociólogo; para passarem no vestibular. E João estudava para ser João Cariranho e também para passar. E por fim passou! Passou a vara em todas as menininhas do colégio, e até em professora que com ele se engraçou. Desculpe os termos chulos, sei que você leitor é ignorante, mas é uma pessoa distinta, guardião da moral e dos bons costumes. Mas foi assim mesmo que ouvi da boca pequena. E foi a mesma boca pequena que me disse que a cada conquista, a cada sim, a cada está bem, mas só hoje, João Cariranho abaixava as calças até a cintura e saía sambando: samba do crioulo doido. Esse João era mesmo um pândego!
Mas o rapaz de pele clara não colhia os lírios da fama só: era acompanhado de perto pelo revoltado. O revoltado estava sempre bravo e usava apenas roupas pretas. Sua frase preferida era: por que tanta injustiça? E ficava pelos cantos cantando hinos punks:
Quem é o culpado
De tanta violência?
É a sociedade
que está em decadência!
E o revoltado se aplicava com revolta aos estudos. Estudava nervosamente história e geografia e tudo aquilo que se convencionou chamar de Ciências Humanas. Uma dia alguém lhe perguntou: o que você vai ser? Ele respondeu com ambição: Primeiro, líder estudantil. Depois, sociólogo! E todos assim o respeitaram. E quando passava, causava burburinho. Uns diziam: Um revoltado. Para serem logo reprimidos: Respeitem o garoto! Ele é um estudante de valor!
E João Cariranho assistia a tudo com a sua indiferença. Dizia budoé para um e haôni para o outro. Dizia ele, faces da mesma moeda. E você, o que vai ser de você? – logo, alguém também lhe perguntou. João, que sabia muito de si, limitou-se a dizer que seria aquilo que já o era: João Cariranho, oras!
Ah, João, João. Ele estudava o que queria, pelo simples prazer de aprender. E foi justamente nessa época em que se dedicou às artes do amor e da sedução. Todos os demais estudavam para serem doutor, sociólogo; para passarem no vestibular. E João estudava para ser João Cariranho e também para passar. E por fim passou! Passou a vara em todas as menininhas do colégio, e até em professora que com ele se engraçou. Desculpe os termos chulos, sei que você leitor é ignorante, mas é uma pessoa distinta, guardião da moral e dos bons costumes. Mas foi assim mesmo que ouvi da boca pequena. E foi a mesma boca pequena que me disse que a cada conquista, a cada sim, a cada está bem, mas só hoje, João Cariranho abaixava as calças até a cintura e saía sambando: samba do crioulo doido. Esse João era mesmo um pândego!
I - Inveja eu tenho...
Inveja eu tenho é desse tal de João Cariranho. Esse sim! Não perde tempo pensando com os outros, com o passado, com o futuro… João Cariranho vive o presente!
Quando criança, na escola não era nem o pior, nem o melhor. Não por ser medíocre: atinha-se apenas àquilo que lhe interessava. E nada mais. Matemática? Se o desafio entretinha, gastava horas nas tabuadas, nos problemas da regra de três. Português? Estudava as regras gramaticais, dos verbos os gerúndios e particípios. Quando o tema da aula era orações subordinadas – não sabia o que isso significava mas desde cedo não gostava – não tinha pudores de trazer para as aulas os cadernos da língua de sua mãe. Enquanto os demais se subordinavam às orações, ficava ele lá a ler sozinho e conjugar verbos que os demais não entendiam, e que, por ignorância, riam:
Enquanto os outros riam, ele ria também. Olhava para a moça bonita – diatomá irucerari! – e para o rapaz de pele leitosa e delicada compenetrado nas lições – budoé!
Os professores a esta altura tinham o hábito de mostrar quem manda. – Silêncio! – gritavam. Os alunos se calavam e se curvavam. E João apenas continuava como estava. E professor nenhum contestava sua autoridade, por saberem, talvez, de seu hábito de guardar no fundo do peito um escarro verde, sempre pronto para enfeitar a face do desafiante.
Ao final do ano, os atrasados mentais repetiram, os inteligentes foram os primeiros da sala, e João Cariranho saiu contente com o que quis aprender e aprendeu.
Naqueles idos tempos, pergutavam a eles: - o que vocês são? Ao passo que eles respondiam: somos estudantes! Todos menos João, que dizia: Eu sou João Cariranho.
Quando criança, na escola não era nem o pior, nem o melhor. Não por ser medíocre: atinha-se apenas àquilo que lhe interessava. E nada mais. Matemática? Se o desafio entretinha, gastava horas nas tabuadas, nos problemas da regra de três. Português? Estudava as regras gramaticais, dos verbos os gerúndios e particípios. Quando o tema da aula era orações subordinadas – não sabia o que isso significava mas desde cedo não gostava – não tinha pudores de trazer para as aulas os cadernos da língua de sua mãe. Enquanto os demais se subordinavam às orações, ficava ele lá a ler sozinho e conjugar verbos que os demais não entendiam, e que, por ignorância, riam:
Dearã aracrê
Gaí macrê
Tequí racrê
Nambu-hô aracrê
Tequí-bu-hô racrê
Enquanto os outros riam, ele ria também. Olhava para a moça bonita – diatomá irucerari! – e para o rapaz de pele leitosa e delicada compenetrado nas lições – budoé!
Os professores a esta altura tinham o hábito de mostrar quem manda. – Silêncio! – gritavam. Os alunos se calavam e se curvavam. E João apenas continuava como estava. E professor nenhum contestava sua autoridade, por saberem, talvez, de seu hábito de guardar no fundo do peito um escarro verde, sempre pronto para enfeitar a face do desafiante.
Ao final do ano, os atrasados mentais repetiram, os inteligentes foram os primeiros da sala, e João Cariranho saiu contente com o que quis aprender e aprendeu.
Naqueles idos tempos, pergutavam a eles: - o que vocês são? Ao passo que eles respondiam: somos estudantes! Todos menos João, que dizia: Eu sou João Cariranho.
Marcadores:
Eu queria ser João Cariranho
11.3.08
Frio?
Edson deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A neblina e o fundo do poço":
Postado por Edson no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 11 Março, 2008
Poxa Edson,
Não é frio não: é mudança de estação. Frio foi em dezembro, janeiro: 10, 12 graus... agora já começa de novo aquele bafo úmido, 23 graus com 97% de umidade. É só um aviso de que o verão é logo ali.
Neblina? É tempo de frio no UAE?
[]s
Postado por Edson no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 11 Março, 2008
Poxa Edson,
Não é frio não: é mudança de estação. Frio foi em dezembro, janeiro: 10, 12 graus... agora já começa de novo aquele bafo úmido, 23 graus com 97% de umidade. É só um aviso de que o verão é logo ali.
Marcadores:
Aconteceu em Dubai,
Sheik Luís responde
A neblina e o fundo do poço
Eu achava de já tinha visto o caos máximo possível, com as chuvas de janeiro. Mas com a neblina de hoje cedo...
Engavetamento hoje na Sheik Zayed a caminho de Abu Dhabi, a 70 km de Dubai: 200 veículos envolvidos; ao menos 25 veículos se incendiaram, segundo Gulf News.
Engavetamento hoje na Sheik Zayed a caminho de Abu Dhabi, a 70 km de Dubai: 200 veículos envolvidos; ao menos 25 veículos se incendiaram, segundo Gulf News.
6.3.08
Atores em Dubai?
Emerson deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Atores: a Bruxa de Portobello":
Postado por Emerson no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 22 Janeiro, 2008
Olá Emerson,
Dubai possui diversas empresas ligadas à mídia, mas não possuem uma produção expressiva em artes cênicas. Não há uma cultura ou mercado teatral na cidade. Creio que o máximo que se consegue por aqui são pontas em comerciais, talvez em algum dos muitos filmes de Bollywood que aqui são produzidos.
Mas... como para estar legal no país, você precisa de um visto de trabalho financiado pela empresa... creio ser muito difícil você conseguir algo por aqui.
A mais recente iniciativa nesta área foi o concurso "Sheikh Mayed bin Mohammed - Youth Media Award", com prêmios em três categorias: imprensa, rádio, vídeo e cinema. As participações precisam ser inspiradas na seguinte citação:
Inscrições até 15 de abril de 2008. Maiores informações no site http://www.shooftv.com.
Olá bom Dia Gostaria de saber como faço para me cadastrar para trabalhar como ator em Dubai... sou ator profissional com registro no DRT Paraná. Resido em Londrina no Paraná...tenho 35 anos
obrigado pela antenção
Emerson
Postado por Emerson no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 22 Janeiro, 2008
Olá Emerson,
Dubai possui diversas empresas ligadas à mídia, mas não possuem uma produção expressiva em artes cênicas. Não há uma cultura ou mercado teatral na cidade. Creio que o máximo que se consegue por aqui são pontas em comerciais, talvez em algum dos muitos filmes de Bollywood que aqui são produzidos.
Mas... como para estar legal no país, você precisa de um visto de trabalho financiado pela empresa... creio ser muito difícil você conseguir algo por aqui.
A mais recente iniciativa nesta área foi o concurso "Sheikh Mayed bin Mohammed - Youth Media Award", com prêmios em três categorias: imprensa, rádio, vídeo e cinema. As participações precisam ser inspiradas na seguinte citação:
Nós não esperamos as coisas acontecer... nós as fazemos acontecer".
Sua Alteza Mohammed Bin Rachid Al Maktoum
Inscrições até 15 de abril de 2008. Maiores informações no site http://www.shooftv.com.
Marcadores:
Aconteceu em Dubai,
Empregos,
Sheik Luís responde
Minha querida aulinha de árabe
Chúf (transliteração para o inglês: shoof) - veja, olhe.
Exemplo:
Bab - porta
Shams - sol
har - quente (nos países árabes do Levante, chôb)
Exemplos:
Exemplo:
"Chúf: este aumento não é suficiente! Iani, não cobre a inflação de Dubai..."
Bab - porta
Shams - sol
har - quente (nos países árabes do Levante, chôb)
Exemplos:
Hoje eu vou no Resort Bab Al Shams (Porta do Sol), fica lá no meio do deserto!
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