31.1.07

Ronaldinho


Compre uma câmera e jogue bem futebol.

Onipresentes

Mabrouk to the UAE Team



Mansoor mansoor yal abyadh mansoor
Mansoor mansoor ya montakhabna


Vitoriosos vitoriosos os brancos* vitoriosos
Vitoriosos vitoriosos nosso time nacional


(tradução livre)

UAE 1 x 0 Omã

Emirados Árabes Unidos campeão da Copa Árabe do Golfo.

*O uniforme do time de futebol do UAE é branco.

Onipresentes

A casa do fim dos sonhos

Ela abre a porta da casa: simples, porém grande, como deve ser em cidades do interior.

- Foram meus pais que construíram há muito tempo atrás - disse ela.

Entro na sala. Uma mesa de madeira maciça na sala de estar, um aparelho de jantar com portas de vidro e espelhos no fundo, sobre o qual estão diversos retratos.

- Não há ninguém?
- Apenas minha irmã, ela deve estar no quarto. Moramos sozinhas aqui. Eu, ela e meu sobrinho.

Pelo silêncio, parece que está vazia. Um gato lento e preguiçoso aparece na porta da cozinha e me olha com desdém próprio de gatos experientes.

- Ele já tem mais de 10 anos - explica ela enquanto enche a vasilha com ração - deve estar com fome. Estava vazia...

Um retrato chama a atenção: um casal jovem sorri abraçado. Ele de terno, cabelos semi-longos e bigode. Ela bem maquiada, de vestido brilhante laranja à Jacqueline Onassis, e um enorme penteado envolto em um laço de fita da mesma cor do vestido.

- São meus pais. - responde ela da cozinha, de costas para a sala - eles se separaram há muitos anos e meu pai saiu de casa. Recentemente, minha mãe mudou-se também: foi morar com o namorado, e nós ficamos aqui.

Ela troca também a água do gato e então segue para o quarto - vou tomar um banho. Fique à vontade, pode ligar a TV.

Ligo a TV, mas olho para o gato. O gato continua onde estava, olhando a tudo com uma letargia própria de quem acordou no final-de-semana ao meio-dia sem ouvir despertador, e ficou por pelo menos uma hora em um estágio de consciência intermediário, deitado na cama de olhos abertos sem sem mexer, pensar ou sonhar.

Letargia. Talvez seja isso mesmo: o gato olha a casa com a letargia quem acabou de acordar de um sonho de 10 anos, sonhos de uma casa viva e ativa, onde ele saltava e voava por todos os cantos, fugia do chinelo do dono e era torturado por duas garotas que brigavam para carregá-lo e espremê-lo de um lado para o outro chamando-o de (bi)chaninho. E agora, silêncio, realidade. Uma tigela que se enche a cada dia. Uma outra de água, encostada na parede escura.

Letargia. Talvez não seja nada disso: indiferença é a palavra. Morte? - indaga-me ele com olhar profundamente niilista - É sabido por todos os humanos que nós, animais não-humanos, não sabemos que vamos morrer - complementa. Deus? Gatos não precisam de deuses, pois como já disse, não sabem que vão morrer, e apenas vivem - o gato vira-se e volta lentamente para a cozinha, desconfiado de que os dogmas religiosos daqui e de acolá são uma bela desculpa para que humanos cometam crimes contra gatos e outros animais - inclusive humanos - sem grandes pesos de consciência. Tentar argumentar é inútil, pois o gato não volta atrás - religião não se discute, não é mesmo? - foi seu último comentário.

Letargia, indiferença. Nem uma nem outra. Dizem que os gatos não pensam. Todos sabemos que gatos não falam, apenas miam e este, nem isso. Mas o fato é que a realidade sempre vem depois dos sonhos, e depois de anos de esperanças, tudo simplesmente se acabou, deixando apenas traços do que era em um retrato, em um quadro, em uma mesa onde todos se sentavam no horário do jantar. E a casa ficou assim, letárgica, vazia, silenciosa. Até que um perfume invade a sala:

- Vamos?
- Sim, vamos.

Ela fecha a porta novamente apagando a luz, indiferente ao gato que permanece ali, na porta da cozinha, com olhar indiferente, letárgico, ou talvez, nem isso.

24.1.07

Jumeira Beach Road

O semáforo fecha, aperto os freios e faço círculos com a bicicleta logo à frente da faixa de pedestres para perder velocidade. Paro sobre a faixa - são 23h, não há ninguém - e fico parado me equilibrando esperando o sinal abrir. O sinal de pedestre pisca, não há carros, avanço para ganhar velocidade antes dos carros. Uma forte buzinada atrás de mim. Não olho e sigo.

Sigo meu caminho e a BMW que buzinou se aproxima. É a polícia. Eles emparelham ao lado e falam com a polidez natural de um policial:

- WHAT ARE YOU DOING???

Continuo pedalando. Eles me acompanham. Não entendo a pergunta tão óbvia e pergunto:

- WHAT?

Ele responde:

- WHAT ARE YOU DOING??? WHAT ARE YOU DOING???

Pronto. É isso mesmo que ele perguntou. Pergunta óbvia, resposta óbvia:

- Estou pedalando.

Estamos indo bem: eles estão latindo de dentro do veículo, mas nenhum deles está apontando uma arma para mim:

- Why?

Mais uma vez não entendi. Por que? Penso em uma resposta: porque o ser humano gosta de se locomover. Não, ele não ia entender. Porque estou voltando do trabalho. Não, ele não vai acreditar. Nem eu. Uma boa resposta, olhei para ele e perguntei:

- Por que?

Pensei que ele ia me mandar andar a 40km/h na ciclovia do outro lado da avenida, desviando de pedestres, carros e caminhões estacionados na calçada, sem contar os buracos de obras e descontinuidades da pista, que mais parece uma corrida de obstáculos. Mas para minha surpresa eles ficaram sem graça. Entreolharam-se e então latiu novamente, fazendo gestos com o braço, só pra mostrar quem é que manda:

- Get out! Get out! Get out! - e saiu cantando pneu em sua BMW.

Number One Tower

Chego de carro na Number One Tower. Estaciono na frente do hotel. O indiano de terno e bigode da recepção me recebe sorrindo:

- Good evening, sir!

Chego de bicleta. Não há bicicletários, mas um conveniente poste em frente à porta giratória, bem na entrada do hotel. O cabo de aço ficou bonito ali, em volta dele. Viro as costas e vejo hall de entrada um indiano de uniforme conversando com outro de terno, preocupados... já matei a charada. Entro no hotel:

- Excuse, sir... is it yours that bicycle?
- Yes, it is. - e fui seguindo para o elevador. Ele vem meio sem-graça atrás de mim:
- Excuse sir,... você não pode deixar sua bicicleta ali.
- Por que?
- Porque não é permitido. Sorry...

Boa resposta. Porque não é permitido. Mas eu não quero criar caso. Não vai adiantar brigar com o rapaz que diz isso com medo de perder o emprego. Vamos lá: onde é que eu posso colocar? É claro que é na lateral, em um lugar escuro, onde ninguém vê que alguém chegou de bicicleta no hotel. Afinal, isso pode espantar a clientela, que por não ter sangue azul, necessita de tais títulos de nobreza.

Jumeirah Beach Hotel

Chego com meu veículo no estacionamento do Jumeirah Beach Hotel, resort 5 estrelas dentro do qual fica o 360, um dos locais mais agradáveis de Dubai. Procuro um local para estacionar, mas não encontro, até que vejo, ao lado de um Porsche Cayenne vermelho, um poste. Puxo o cabo de aço e pronto! "Já está!", diria o Rui, português que a esta altura já está lá dentro. O motivo é especial: ele é o último dos moicanos, o último dos ocidentais da equipe a voltar para casa antes do Natal, e em seu caso, não volta mais para Dubai.

- Excuse-me sirrrr. - é um filipino vestido em um uniforme típico de hotéis com luvas brancas. - Você está indo no 360, não é?

Não sei como ele adivinhou, talvez porque por associação e exclusão: bicicleta -> pobre -> local que não paga para entrar -> 360. Sou Sheik, e desta forma não preciso externalizar minha nobreza. Mas compreendo que para os serviçais da corte, que por uma infelicidade do destino não nasceram com sangue azul, como eu, é muito importante gastar uma soma vultosa em um Mazeratti, um Porsche, ou Lamborghini para se fazer respeitado.

- Please, sirrr. You can leave your bike there, close to the entrance - e aponta para a entrada lateral do hotel, que é a entrada exclusiva para a área externa do complexo turístico.

- Good evening sir - duas sofisticadas garotas loiras olham sorrindo para mim.

- Hi. O rapaz ali me disse que há um lugar para estacionar meu veículo...
- Where are you going?
- 360...
- Oh... - elas riem sarcasticamente - de bicicleta?
- Yes. Quer dar uma volta? É uma boa bicicleta. Acredite.
- Nossa... você deve estar em forma, andando de bicicleta... - ela ficou meio sem graça ao notar minha nobreza.
- Você nem imagina...

Paro a bicicleta em um lugar bem visível, ao lado das garotas. Quando volto, a bicicleta está do lado de trás, meio que escondida em meio às plantas do jardim. Fico feliz: como é bom ser nobre. Mesmo em um local tão seguro como Dubai, o segurança pensou em meu bem estar e guardou meu veículo em um lugar mais seguro, longe dos olhares de vis-ladrões que sabidamente freqüentam lugares suntuosos.

****
Voltei no fim-de-semana seguinte ao 360, desta vez não de bicicleta. Para minha alegria, encontrei ali na entrada do resort estacionadas 2 bicicletas. É um trabalho de formiga: você vai uma vez, outros vêem, descobrem que podem também e repetem o ato, e quando se vê está todo mundo seguindo o exemplo.

No Citibank

A agência principal deste banco fica ali no burburinho de Bur Dubai, ao lado do Burjuman, centro comercial que é a referência geográfica para quem quer se encontrar na região. "É perto do Burjuman", dizem as pessoas. Na entrada do estacionamento, o aviso é claro: "Parking area exclusive for Citibank customers". Vou entrando, mas não vejo nenhum local onde possa estacionar meu veículo. Aproxima-se então um guardinha, e aproveito para pedir ajuda:

- Excuse-me! Do you know where I could park my bicycle?

Ele me olha sorrindo. Sorrisinho irônico e superior:

- Sorry! Bikes are not allowed here... - e já veio na minha direção apontando lá pra calçada, expulsando-me como se eu fosse um sub-cidadão pelo único fato de estar de bicicleta - outside! Park outside! Park outside please...

Já estava me conformando com a situação vexatória quando olhei mais uma vez para a placa: "Parking area exclusive for Citibank customers". Olhei para o cartão magnético em minha mão. Estalo. Olho novamente para o segurança:

- But I'm a Citibank customer...

Segurança sem graça:

- Oh... sorry. Park where you want, park where you want...

Escolhi uma vaga de carro bem grande, coloquei minha bicicleta no meio. Nada como ser um cliente Citibank.

22.1.07

Por falar em casamento...

Esse link me chega pelo Noman, neo-zelandês que acaba de aportar por aqui.

O site tem mulheres do mundo inteiro cadastradas. Tem até brasileira!

A primeira coisa que salta aos olhos é a diversidade cultural e étnica indiana, grupo majoritário. A segunda, depois de olhar as fotos, é: as mulheres estão realmente procurando maridos.

Para quem acha que o site está de brincadeiras, vale a pena uma olhada na sessão Shaadi Success.

Agora chega desse papo de casamento. Parou por aqui. O Sheik é muito jovem ainda e nem tão rico assim para pensar em mais concumbinas.

A Terra esquentou. E agora?

Um bom começo é deixar o carro em casa.

O tempo vai mostrar que quem vai de bicicleta não é louco, e infelizmente, que apenas isso não é suficiente...

A partir de hoje, um link permanente para o excelente Apocalipse Motorizado:

http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/

Parabéns, Thiago!
Pelo blog e pelo filme.

Onipresentes

Dubai High Society


Da esquerda para a direita, monsieur Rached, monsieur Abdessalem, e sr. Miguel Pá, portuga de Fafe que agora é famoso em Portugal desde que apareceu em rede nacional na TV lusa, durante a cobrança de pênaltis do jogo-treino Lazio x Benfica.

Ronaldinho



Esse cara está em todas...

Compre uma casa e ganhe um jaguar e um avião

Se eu entendi bem a propaganda, é isso mesmo: você compra uma casa, e ganha um jaguar. E de quebra, ainda concorre a um avião.



Vou comprar duas. Assim tenho mais chances de ganhar o avião.

Emirati acende um cigarro


Sobre os comentários

Tem muitos comentários acumulados aqui, sem resposta desde o Natal. Mas eu não esqueci de ninguém, não... em breve, respondo a todo mundo. Inchalah.

21.1.07

O casamento mais longo do Líbano

Ibrahim liga para seu irmão:

- E aí, tudo preparado?
- Sim, saio daqui amanhã à noite. E você?
- Eu saio daqui depois de amanhã.
- E a tia, você tem notícias da tia?
- Já foi com o tio. Já está quase todo mundo lá. Falei com o pai ontem...
- E sua conexão é onde?
- Londres.
- Ok, então a gente se vê lá em casa.

“Lá em casa”, disse ele. Família acostumada às distâncias, um em cada canto do mundo, mas que não perde os velhos costumes e os velhos códigos: casa é sempre a mesma casa lá em Beirute, com família reunida, pai, mãe, tios, tias, primos, primas e irmã. E irmã: como o tempo passou... ela, que era a caçula da família, disse o destino que seria a primeira a se casar. E toca a chamar toda a família. Não é pedido, é uma ordem. Que venham das Américas, da Síria, do Golfo ou da Europa, pois em casamento árabe, seja cristão ou muçulmano, não se faz cerimônia: preparam-se os quartos, estiram-se os tapetes, montam-se as tendas, ilumina-se a casa com centenas de luzes a dizer a todos que em festa se está.

Dois dias se passam. Ibrahim lê os telejornais e só aguarda o telefonema do irmão. Ele sabe que ele vai ligar:

- Cara... to aqui em Londres... o vôo foi cancelado.
- Tô sabendo... o meu também... mas vamos aguardar. Não há de ser nada, em 3 dias a gente estará lá. Você tem como procurar um hotel? Vamos ter paciência, não é a primeira vez que isso acontece. Arranja um hotel e fica tranqüilo...
- Já ligou em casa?
- Sim, sim, está todo mundo bem por lá, só falta a gente...

No dia seguinte, forças israelenses explodiram o aeroporto da capital, ninguém entra, ninguém sai. Eles ainda assim encaram a situação com naturalidade de um carioca que segue sua vida apesar da violência cotidiana:

- Vamos aguardar, dizia um ao outro... mas o tempo passou. Ao final da segunda semana, o irmão não teve alternativas a não ser voltar ao Brasil, e Ibrahim, de ficar onde estava.

Por força do destino, a família, tão acostumada às distâncias, permaneceu ali, unida, por 3 semanas, até que cada uma das visitas seguiu seu rumo, seguindo para aeroportos da Jordânia ou da Síria, exceto os 2 filhos, que perderam aquele que foi o casamento mais longo do Líbano.

O iemenita, o artilheiro e os indicadores ao ar

Depois de uma sexta-feira xoxa, com nenhuma casa noturna aberta devido ao feriado de ano-novo muçulmano (Hijiri New Year), chega um sábado frio e de céu aberto, convidativo para uma noite social. Cerveja não combina com condução, então é hora de caminhar até Al Wasl Road e esticar o braço. Um táxi pára:

- Good evening, sir!
- Good evening. Could please take me to the Number One Tower...
- Ok… around Shaikh Zayed Road...
- Yes, it is…

Senta-se no banco da frente, não gosta de ir atrás. Ir atrás cria barreiras, como se a relação taxista x passageiro fosse uma relação serviçal x senhor supremo, a qual as mulheres tipicamente fazem questão de acentuar, seja pelo tom imperativo com que determinam o destino final - vai até lá! - seja no olhar sizudo atrás de óculos degradés Dolce-Gabbana que foge para a janela, maneira talvez de descontar as opressões do dia-a-dia e de se auto-afirmar diante de um homem.

Silêncio introspectivo. O taxista acelera e vai pensando no caminho até o hotel, o passageiro desacelera e vai pensando na vida, em seus caminhos e descaminhos, quando a gritaria na rádio lhe chama a atenção:

- De quem é o jogo?

Pensou, mas não falou. Vai que é Corão recitado? Pelas feições e pelo simples fato de estar escutando uma rádio em árabe, fica claro que o motorista é da região. Utiliza-se então dos expedientes usuais, dentre eles, da tática da sopa quente, e vai comendo pelas beiradas:

- Where are you from?
- Al Arabía… emarát… Al arabía… emarát...
- Tá… Arábia... mas de que país? Você é emirati?!

Seria muito difícil ser um emirati, tão difícil quanto encontrar um saudita, omani ou alguém do Bahrein, Kwait ou Qatar taxista. São países ricos, e um árabe destes países dificilmente será taxista, com tantos benefícios, oportunidades e apoio do governo.

- Iêmen.

Bingo. Iêmen é o único país do Golfo que não possui petróleo. E portanto, é o mais pobre e instável politicamente (no quesito “politicamente”, fica atrás do Iraque, é claro). E portanto, não faz parte do GCC. E portanto, fornece de mão-de-obra barata para os demais países, mão-de-obra que fala árabe.

- Nós... de todos os países, Arábia Saudita, Kwait, ... nós todos emarát... todos Al Arabía... mesma cultura...

Hora do golpe derradeiro, enquanto o oponente está desprevenido e distraído:

- E o que você está ouvindo na rádio?
- Ah! É o jogo da Copa Árabe do Golfo! Emarats gostam muito de futebol... por toda Al Arabía...
- E quem está jogando?
- Iêmen x Emirados Árabes!
- E aí, ganhou?
- Não: Iêmen perdeu, de 2 x 1... de virada, que azar! Estávamos ganhando...

Novamente o silêncio introspectivo, enquanto o semáforo permanece fechado. O semáforo insiste em não abrir, então o taxista quica a bola:

- E você, é de onde?
- Brasiu.
- De onde?
- BrasiL.
- Aah! BrasiL... Ronaldo... – e ri. É sempre assim: um indiano ri e diz que gosta de Maradona; um japonês ri e diz "Ayrton Senna"; o sírio ri e lembra do Clube Homs, nome de sua cidade, que fica no meio da Avenida Paulista em São Paulo; as meninas russas riem também, mas porque lembram de novelas como Escrava Isaura ou Clone; o nepalês apenas ri e não diz nada... motivos distintos, mas todos riem, como o taxista que lembra com autoridade de um comentarista esportivo do nome de jogadores de futebol:

- Bebeto... Romário... Ronaldo... vai jogar na Arábia Saudita... e o Figo também!
- Mas o Figo é português...
- Eu sei...
- Eu também.
- ?! ...

O taxista franze a testa...

- mas e você, joga futebol?
- Jogo sim, quer dizer, jogava. Jogava em um time no Brasiu, Corinthians... já ouviu falar? Mas cansei dessa vida fútil: fama, dinheiro, mulheres... uma perdição... sabe? É muito chato ser famoso. Vim aqui para ter um pouco de paz.

- Ah é?... - diz ele com um ar descrente. Árabe não é bobo.
- É... - o passageiro insiste.

- E o que você faz aqui?
- Muitas coisas...

Ele desiste, e encosta ao lado da Torre Número 1. O artilheiro quando faz gol, procura os muitos braços ao ar da torcida e dos companheiros de equipe. O taxista iemenita recebe o valor da corrida, agradece, zera o taxímetro e segue pela rua. Contenta-se em encontrar dedos indicadores ao ar. De preferência, um de cada vez.

19.1.07

25 anos...

... é o tempo que não chovia tanto em Dubai como neste ano. É claro que isso não tem nenhuma relação com o aquecimento global e com o aumento exponencial da concentração de CO2 na atmosfera, né?

Com tanta chuva, quase todos os sheiks estão gostando dessa idéia de aquecimento global, e já até querem saber um pouco mais de um tal de Antonio Conselheiro, que dizia:

O sertão vai virar mar,
o mar vai virar sertão

Sobre o incêndio de ontem

Sair de seu país para receber menos de 1.000 dirhams por mês, morar em um labour camp em Al Rashidya, viver em condições que alguns chamam de escravidão, morrer em um incêndio no local do trabalho ou em um acidente com o ônibus na estrada. Uma carta de condolências e talvez uma indenização à família, que não traz o filho de volta à vida. Parece ser esta a sina do trabalhador da construção civil... aqui e em outras partes do mundo.

No incêndio de ontem foram 4 trabalhadores. Outro dia conversava com um rapaz que gerencia os contratos destes trabalhadores, também na Jumeirah Lakes Towers: no complexo de torres que está sendo construído ali ao lado da Marina, são 10 mil trabalhadores que se alternam em turnos de dia e de noite. Ele dizia:

- No ano passado morreram 12 pessoas na obra. Todo mês, a gente sabe que alguém vai morrer de acidente na obra...

Isso também é Dubai, sonho de todos.

17.1.07

Hora do almoço

Way back home

Ando 7 km na direção da divisa com Omã à 40 km/h. A paisagem é bonita, mas... não. Paro, viro a bicicleta e volto, agora a 20 km/h, contra o vento frio que corta e entope o nariz. Preguiça. Polegar direito na narina direita e:

- Fráááááásssss!!! – pronto, saiu tudo. Mais uma checagem e ótimo, não caiu nada na minha blusa ou em minhas malas. Dedão esquerdo na narina esquerda e:

- Fráááááássss!!! – agora caiu um pouco na minha perna. É só passar o dedo e fazer um estilingue. Tudo limpo novamente. Pra secar, mão no areião da beira da estrada.

Para onde ir... de repente, um pelotão de ciclistas:

- Is it the group from Wolfi’s bike, Dubai?
- Yes, it is! Join us!

Mas não dá pra acompanhar. Eles estão leves e na primeira subida o pelotão se foi, mantendo 35 km/h na subida. E fiquei ali no meio da estrada montanhosa subindo calmamente aquela subida. Subida não, parede. Paro e como uma banana que sobrou do dia anterior. Está pastosa, quase marrom... mas está docinha, geladinha, boa. Ando mais 10 km, 20 km... hoje é 31... uma outra subida que desemboca em uma longa descida que após uma outra curva vira outra subida novamente... o mesmo pensamento: o que há depois da curva? E após a curva, uma outra curva, e mais montanhas, e um silêncio tão silencioso que se ouve o coração bater. Silêncio de mar de montanhas vazias, montanhas de pedras, apenas pedras, apenas cortado por um carro que vem ou vai ou pelo movimento invisível do ar frio que uiva ao encontrar a montanha... penso... penso... penso... e não chego a nenhuma conclusão.

Quer saber? Isso aqui até está divertido, mas não quero passar o reveillon sozinho. Espanto: enfim, uma conclusão, que saiu assim, como uma balança em equilíbrio e que sem nenhuma explicação plausível pende para um dos lados e tomba. Virei a bike e voltei pra Dubai. 170 km com vento-contra. Fui porque quis e voltei. O mais importante: porque quis. Vida simples: pequenas decisões, erradas ou não, mas decisões tomadas, decisões cumpridas. Ainda volto até aqui pedalando, mas em outro momento.

Café-da-manhã informativo

- Good morning!
- Good morning...
- Do you serve coffee?
- Yes, sir. Enter and sit, please...

Café com leite e sanduíche de queijo enrolado no Nan, pão típico da Índia, Paquistão, Afeganistão... enquanto ele prepara o lanche, vou até a cozinha para batermos um papo:

- Do you know the road that goes to Khalba and Fujeira?
- Hmm... yes, cheese sandwich. Cheese sandwich. Do you want one or more?
- That's ok, that's ok... oh, two, please. Thank you.

O melhor despertador é...





... o frio. São 5:55h, está tudo escuro ainda, o saco-de-dormir diz que suporta até -5 graus, mas acordei com a canela doendo. Muito frio. É que o céu se abriu. Isso explica tudo: dias frios de céu aberto são mais frios que dias frios nublados. Especialmente se acompanhado do vento norte que bate agora. Vou até o lavatório, lavo o rosto, uso o banheiro, arrumo a bicicleta. Estou quase pronto para sair quando noto que há dois rapazes barbudos - a julgar pelas vestes e pela barba (, paquistaneses - que me olham curiosamente. Eles certamente vieram para as primeiras orações da manhã - antes depois que o sol nasce - e me viram por ali.

- Sabah al khair!
- noor...

Pronto, resolvido.

Fazendo o que deve ser feito

Volto pela estrada até me distanciar um pouco de Hatta. Volta a garoar e a ventar forte, faz menos de 15 graus. Está muito escuro e não dá pra ver bem se o terreno ao lado é bom para acampar, apenas placas indicando que é um Wadi. No meio do caminho, uma mesquita acesa: silêncio e chinelos à porta. Banheiros, água para beber, lavatório para os pés e os braços, como manda o Corão. Um amplo terreno atrás. Perfeito.


Só jogão

E começou hoje em Abu Dhabi o evento que está abalando as estruturas do futebol mundial...

... 18th Arabian Gulf Cup. Em campo, as seleções de UAE, Iêmen, Omã, Kwait, Qatar, Arábia Saudita, Iraque e Bahrein.

Só jogão!

14.1.07

Coitada da letra P

Ela simplesmente não existe em árabe. Assim, ela é transcrita como a letra Baa' (ب). Apple vira Abble, Paula vira Baula.

Só me dei conta disso outro dia atrás, enquanto negociava com um sírio, que dizia:

Jumeira 1 is good. It has good areas for Barking the car...
My wife works in the airbort...
No broblems, no broblems...


Lembrei-me do Brasil, quando alguém quer vender algo e imita comerciante libanês:

Faço um brecinha de brima!


Justiça seja feita: essa pronúncia curiosa de P como B é mais comum entre os mais velhos. Os mais jovens, que estudam inglês desde a infância, e os árabes do norte da África, que falam francês, pronunciam sem problemas o P com som de P.

Depois comento um pouco sobre as letras árabes que são quase impronunciáveis por nós, os 'ocidentais'. Por enquanto é só.

Ele simplement n'existe pas en arab. Donc, elle est écrite comme la lettre Baa' (ب). Apple devient Abble, Paula devient Baula.

Je seulement m'en suis aperçu il y a déjà quelques jours, durant une négociation avec un syrien, que disait:

Jumeira 1 is good. It has good areas for Barking the car...
My wife works in the airbort...
No broblems, no broblems...


Ça m'a fait rappeler au Brésil, quand quelqun veut vendre quelque chose et fait semblant de vendeur libanais:

Je fait une brix de cousine!


Que justice soit faite: cette prononciation curiose est plus ordinaire entre les plus agés. Les jeunes, que ont étudié Anglais vers longtemps, et les arabes du Nor de l'Afrique, que parlent français, prononce sans problèmes le P comme un P.

Après, je dis quelques choses sur les lettres du arab qui sont presque imprononciable pour nous, les 'ocidentaux'. C'est ça pour aujourd'hui.

Quick Hands Restaurant

- Mr. Jamile?
- Marhaba. Você quer um quarto, não?
- Quanto custa?
- 50 dirhams. É o único que eu tenho.
- Posso ver?

Ele então me mostra um quarto aos fundos do restaurante: chão de cimento, sem banheiros e sem cama. Apenas um papelão no chão.

Muito obrigado, sr. Jamile, fica pra outro dia. Na vida é preciso saber indentificar as situações que representam uma grande perda de tempo. Estou complicando o simples: é hora de fazer o que já deveria ter feito 3h atrás...

Hatta Fort Hotel

19:30h. Combinei com o filipino de nos encontrarmos aqui e quem sabe acampar juntos. Creio que não gostou da idéia porque seguiu pela estrada. A garoa deu uma trégua, mas o vento não. E o segurança indiano do hotel apressa-se em me abordar:

- Excuse-me, sir. No bikes here. Not allowed. Hotel is full. - e quem disse que eu quero acampar no hotel? Por fim, ele compreende alguma coisa:

- Go straight, U-turn, Quick Hands Restaurant. My friend. Mr. Jamile. Mr. Jamile...

Antes de sair, ainda converso com outros dois rapazes que se aproximaram.

- Fujeirah? 120 km. Mountain Road. - Ele abre o celular e me mostra a foto de seu carro com as rodas para cima no fundo de uma ribanceira e diz orgulhoso - my car, last month!

Outro me puxa para o canto e diz baixinho: - today, not good day. Arabs nervous. Saddam is dead. Not good day...

O que, camarada? Mataram o Saddam?! Que papo é esse?

- Yes, not good day. They killed Saddam. Arabs nervous - e aponta para um grupo de árabes que discutem ali a frente após uma pequena batida de carro.

13.1.07

Nos bombeiros

Agora juntou-se ao meu coro um filipino, que viaja com a namorada e com um amigo de carro. Eles também procuram um lugar para acampar:

- Good evening!
- Salam aleicum...
- Aleicum as salam... do you know any camping area here?
- No English. - e continua a frase em árabe...

Os bombeiros vão se juntando a nossa volta até que surge lá de dentro um que fala inglês:

- Camping? What is this?

Falamos pausadamente, desenhando com as mãos no ar uma barraca:

- Tent, outdoor, sleep. People do camping. Where?
- Ah, sleep? Hatta Fort Hotel.
- No, no... falous katir, falous katir (muito dinheiro)...

Ufa, acho que entendeu. Pensou e disse:

- Voltem 20 km, acampem por lá.

A sirene toca. Todos correm para os caminhões e saem às pressas, é acidente na estrada. Só sobrou a gente ali, e um rapaz no rádio, que só fala árabe.

Hatta

Chego à Hatta, já escureceu. Agora começa uma garoa fina. Chuva e vento frio não é uma combinação amistosa. Agora em vez de vale e montanha, uma seqüência de casas ao lado. Escritório de turismo? Não há. Hotel? Apenas o Hatta Fort Hotel, cuja diária custa algumas centenas de dirhams. Deve haver alguma planície por aqui onde tenha outras pessoas acampadas... hmmm... um restaurante indiano... vamos perguntar:

- Excuse-me, sir, good evening. Onde é o centro de Hatta?

Ele ri - este é o centro de Hatta. Outros 5 ou 6 indianos de saia, todos de Kerala, acompanha a conversa:

- Do you know any camping area here?
- What?
- Camping?!
- Yes. - falo pausadamente - tent, sleep, outdoor...
- Dinner? Yes, it is restaurant. Enter, sit.
- No, no dinner. Tent, sleep, ...
- Ah, sleep? Hatta Fort Hotel!

Na loja de conveniência

Alguém me aborda:

- Salam aleicum.
- Aleicum assalam. Do you speak English?

Um conversa com outro que conversa com outro que atravessa a loja e entra em outra sala. Desta sala, sai um outro homem:

- Good evening, sir. How can I help you?
- Eu quero saber onde é que eu posso acampar.
- Qualquer lugar. À direita... à esquerda... qualquer lugar...
- Mas a placa indica que é um Wadi...
- Ah sim, é um wadi... melhor ir até Hatta, 20 km à frente.

No posto de gasolina

O indiano da bomba de combustível enche a garrafa do fogareiro além do necessário.

- Por favor, eu não preciso de tudo isso, coloca um pouco no tanque do carro aí ao lado...

Ele ri, e joga ali no chão do posto mesmo 100 ml de uma gasolina amarela e cristalina. Pergunto o preço e novamente ele ri: "Nothing, sr. Nothing..."

Planície de Madam

Após as dunas do deserto, chega-se a Madam. A paisagem muda: a frente agora uma extensa planície de pedras soltas que segue até encostar nas montanhas que se vê no horizonte, com pequenas árvores esparsas, onde em um ponto e outro vê-se famílias acampando.

A placa indica: é um Wadi, região para onde a água das chuvas escorre quando chove. A recomendação é clara: em tempo ruim, nunca acampe nessas áreas, uma vez que estão sujeitas a enchentes surpresas.

Hábitos locais

Um veículo estaciona em frente ao Grocery e começa a buzinar, até que o indiano saia da loja e vá até ele para saber o que ele quer. Ele não desliga o veículo, tampouco desce do carro. Minutos depois vem o rapaz de saia com o seu pedido. Hábitos dos meses quentes que permanecem nos meses frios.

Na hora de sair, aproveita o chão de areia e dá um cavalo-de-pau para se exibir para o amigo que está alguns metros atrás em um enorme 4x4.

Way to Hatta

Paro a bicicleta em frente ao Grocery (pequeno mercadinho que vende de tudo) que apareceu na beira da estrada. Preços baixos: uma garrafinha de suco, outra de leite de soja e mais um punhado de chocolates e cereais e tudo sai por 11 DH (R$ 6,50). Se fosse em Dubai... três indianos de saia e bigode me atendem confusamente e conversam entre si em seu idioma.

- Excuse-me, how far is Hatta from here?
- 11 dirham.
- No... Hatta. Hatta.
- Hatta? That way. That way. - um deles toma a dianteira e aponta a estrada - more than 60 km (na verdade eram algumas dezenas de kms a mais que isso, mas não faz mal...).
- Which part of India are you from?
- Kérrrla!
- Kerala, Kerala... United Kerala Emirates!
- And you?
- Brasiu...
- Brazilll! Ronallldo!

Com as gargalhadas, eles mostram dentições brancas e perfeitas. Sigo viagem.

12.1.07

Outras maneiras de ganhar um milhão...

- Dias atrás, o Sheik-mor de todos os Sheiks ofereceu 1.000.000 de euros para o vencedor de uma Copa com o seu próprio nome. O Benfica levou.

- Hoje rolou a Maratona de Dubai. Em jogo, 1 milhão de dirhams para quem conseguisse quebrar o recorde mundial das maratonas. Ninguém conseguiu o intento.

- David Beckham acaba de fechar um contrato de futebol de 1 milhão de dólares ... por semana!

Eu já fui legal, e já te dei 3 dicas e um milhão. Agora é com você.

Mudei de idéia...

... e vou te ajudar. Você quer um milhão, né?

ENTÃO TOMA!

Sheik Luís responde

X. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde":

olá sheik Luís.. Eu, X., tenho um grande sonho, mas não tenho como realizá-lo. Quero me formar em médica, montar meu consultório e ter condições para estudar e fazer especializações fora do Brasil, pois, acredito que o conhecimento e o aperfeiçoamento é fundamental para o exercício satisfatório da medicina, além da segurança e bem-estar que é passado ao paciente quando se está inteirado em tempo record da utilização de técnicas novas, lançadas pela ciência, cuja finalidade, muitas vezes, é abrandar o sofrimento de um tratamento dolorido e repleto de incômodos, objetivando o êxito em tal procedimento ou quiçá a concretização de sua cura. Não tenho condições. Vivo com minha mãe, ainda desempregada, pois meu pai me abandonou ainda neném. O dinheiro que eu ganho não dá para pagar a faculdade ou sequer um curso de inglês, pois, tudo aqui é muito caro. Recentemente, coloquei uma carta no correio, aqui para o Rio de Janeiro, pedindo ao Papai Noel que encontrasse para mim uma empresa ou pessoa de situação estável que pudesse me ajudar a realizar este sonho. Tenho muitos planos, mas preciso de dinheiro para realizá-los e por isso peço a sua colaboração para que eu, de grão em grão, chegue ao total de R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais) e finalmente possa tranquilamente fazer o meu curso de medicina, meu curso de inglês, comprar meu consultório, fazer minha especialização no exterior e continuar estudando pelo resto de meus dias, voltada para pesquisas em prol do bem-estar humano. Por favor, grande Senhor, não me deixe sem resposta. Sei que não é difícil quando se tem o grau do seu conhecimento, basta que o Senhor peça aos empresários amigos esse auxílio e não vai ficar difícil para ninguém atender um pedido seu. PRECISO MUITO DE SUA AJUDA. SEJA MEU PADRINHO E ME AJUDE A CONCRETIZAR ESSE SONHO. Caso queira comprovar a minha difícil situação, certamente o senhor terá os meios adequados para isso e verá que não se trata de nenhuma mentira ou aproveitamento ilícito. Apenas rogo sua ajuda, pois não tenho a quem recorrer. Meu nome: X Endereço: XXXX ...


Olá X.!

Então você quer hum milhão de reais, hein?! Sei. Para estudar medicina. Hmm. Você é de Bonsucesso, mas sua tentativa de extorquir o Sheik foi um malogro.

Você irritou o Sheik. Quer dizer que interrompo minha viagem de férias com meus camelos no deserto para ler isso?! Penso que nem um passeio de uma semana pelo golfo em um de meus iates com as mais ninfomaníacas de minhas concumbinas fariam me esquecer de tanta bobagem.

Você se esqueceu que os árabes possuem narizes enormes, adaptados naturalmente pela seleção natural, para sentir de longe o cheiro da trapaça. E o cheiro que sinto agora me diz que você está tão preocupada com o bem-estar humano quanto a Coca-cola com a sede do mundo, ou o sr. Bush com a democracia no Iraque.

Vou te dar uma dica: nem tudo o dinheiro compra, nem tudo cai do céu, e poucas coisas o acaso resolve sozinho. A raça humana não pisou na Lua por acaso, e só os ingênuos acreditam que foi por acaso ou engano que os portugueses chegaram com suas caravelas em terras brasilis. Se você quer que algo aconteça, tem que primeiro, querer muito. Em segundo lugar, trabalhar bastante, suar a camisa mesmo. Se hoje não tenho mais pêlos no ânus (dos quais tanto me orgulhava), é porque passei 40 dias e 40 noites no deserto, bebendo leite de camela e limpando meu traseiro com areia das dunas, concentrado em meus estudos de matemática e português. Mas alcancei meu objetivo e hoje sou - além de Sheik - engenheiro, aclamado por meu assombrosos conhecimentos matemáticos (até hoje não compreendo a comoção das pessoas quando provo que 0 < 1. É tão óbvio!). Então estude, minha filha. Mas estude bastante! Compre um chicote e se auto-flagele e depois bata a cabeça na quina da mesa de tanto estudar.

Fico aqui na torcida para que o Papai Noel responda a sua carta e que você alcance o seu objetivo. Digo, de se formar em medicina, é claro.

Beijos e abraços de um Sheik indignado.

(Nota 29/05/2011: a pedido, referencias apagadas)

9.1.07

Entre amigos

Sedento


Apressado


Pensativo


Marido e mulher


Entre camelos...


Aula de árabe

Onde está ...?

Em árabe escrito(formal): أين...؟
Em árabe falado (formal): áina ...? (exatamente como escrito acima)
Em árabe tunisiano: winú ...?
Em árabe libanês/do golfo: wáin ...?

Honék! - ali!
Hôni! - aqui!

Chokran, Monsieur Rached!

Essa aqui...

... não toca no rádio do táxi:

Amor Não É Brinquedo

Composição: Candeia / Martinho da Vila

Se quiser se distrair
Ligue a televisão, amor comigo não

Se estás procurando distração
O romance terminou mais cedo
Peço por favor, pra não brincar com meu segredo
Verdadeiro amor não é brinquedo

Tens que chorar o meu choro
Sorrir no meu riso
Sonhar no meu sonho
Versar nos meus versos
Cantar no meu coro
Na minha tristeza tens que ser tristonho
Avisa se estás brincando, que também vou ficar só de brincadeira
Não choro o teu choro
Não sonho o teu sonho
Não verso os seus versos
Nem marco bobeira

Se quiser se distrair...

Eu te abri o meu peito
Deixei penetrar na minha intimidade
Tu conheces meu passado
A minha mentira e a minha verdade
Mas se esta deixando furo
Não está se comportando com dignidade
Eu fecho a porta
Te deixo de fora
Depois curto na saudade

Se quiser se distrair...


Grande Candeia...