22.8.06

Vôo Amsterdam-Dubai e a chegada

O segundo vôo foi mais chato que o primeiro: apesar da companhia aérea ser o mesmo, eles não tinham o mesmo carisma e generosidade da outra tripulação. Os passageiros também não colaboravam: não vi ninguém conversando com estranhos nos corredores.

Na minha frente, havia um estado-unidense parecido com o pai daquela série "American Chopper", com aquele bigodão, forte. No braço esquerdo, estava preso um porta-documentos transparente onde se podia ver o seu passaporte e um cartão de identificação "DoD Contractor". Acima, no mesmo porta-documentos havia de um lado a bandeira dos EUA, do outro a bandeira do Iraque, e no centro, estava escrito "Baghdad". O cara provavelmente estava a caminho do Iraque...

... por falar em Iraque, o vôo sobrevoou este país, bem como a Síria e Turquia. Não vi nada, pois estava no corredor.

A comida continuou boa durante esta viagem: segui recebendo a comida vegetariana que pedi, regada agora a vinho chileno e cerveja Heineken.

No final da viagem, eu já enfastiado de viajar sem conversar com ninguém, sou surpreendido pela inglesa ao lado (havia uma poltrona vazia entre nós) que levanta da poltrona e volta com um drink para ela e uma cerveja para mim. Conversamos então com a maior polidez e reserva que um inglês se permite. Jo-Anne é assistente de um empresário dos EUA, e se ofereceu para me ajudar a encontrar um lugar para morar. Pediu também para acompanhá-la até a saída do aeroporto por uma simples razão: ela trazia 8 garrafas de bebida, quando o limite é de apenas 4.

Sua presença foi providencial na entrada: a moça já conhecia os caminhos e descaminhos do aeroporto, conversou em árabe com os oficiais, e no momento da alfândega foi minha vez de retribuir, assumindo 4 garrafas de bebidas. Para tal, nem precisei abrir a boca, fácil, fácil.

Logo na saída, encontrei o indiano com a placa com meu nome e segui para o hotel, e a moça seguiu seu caminho. Amanhã ligo para ela para que ela me apresente as pessoas com quem possivelmente encontrarei um lugar para morar por aqui...

O indiano, figura a parte: logo que entro na van do hotel, sou recebido com uma toalhinha úmida e cheirosa que ele sacou de um isopor com gelo, e com uma garrafa de água, após uma caminhada em um inacreditável calor de 39 graus, às 23h. Ele fez menção de trocar a emissora de FM que tocava músicas de seu país, pedi para mantê-la. Seguimos assim, com ele explicando fatos de sua vida e destrinchando um pouco da geografia da cidade. Ele me deixou feliz: em pouco tempo aprendeu árabe. Há esperança.

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