15.4.09

Alternativas econômicas

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Dubai e a crise: o estouro da bolha":

Caro amigo,Em novembro estarei participando de uma exposição em Dubai (www.indexexhibition.com )acabei achando o seu blog na net e achei bastante simpatico da sua parte em ajudar pessoas interessadas a viajarem para esta cidade.Gostaria de conhecer alternativas bastante econômicas para este projeto que durará apenas alguns dias,geralmente quando vou para Europa,costumo alugar quartos,ou usar albergues,existe esta opção lá?qual é o custo médio de alimentação em Dolar?Você conhece algum subsidio para artes? Desculpe pelas perguntas e agradeço pela generosidade em responder-las...Com os melhores cumprimentos,
Artista



Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 07 Abril, 2009

Olá Artista,

Você tocou em um ponto importante: Europa. Que fique claro uma coisa: Dubai não é Europa. Então, até onde sei: nada de subsídio para artes (que não seja relacionada à cultura local).

Alternativa barata de acomodação: http://www.uaeyha.com/

É o famoso "3 Bs": bom, bonito e barato.

O único problema então que fica é a questão do visto: brasileiros não têm visto automático para entrar no país. Com isso, o público dos albergues acaba sendo principalmente de países que possuem visto automático (europeus).

A orientação da Embaixada dos EAU no Brasil é de que o pedido de visto pode ser tratado pelos hotéis. O que eles não dizem é que precisa ser um hotel 4 estrelas... espero que a organização do evento ao menos resolva essa pra você.

Quanto à alimentação, vai tranqüilo que é metade do preço do Brasil. E se ainda assim o orçamento apertar, dê um pulo nos restaurantes indianos em Karama e peça um "Thali" (pacote em hindi). Refeição completa por menos de R$ 10.

Outra penúria é a questão dos transportes. Enfim, já toquei nesse assunto em outros posts.

Boa sorte!

ex-sheik Luis.

13.4.09

Reconhecimento de diploma

Ju deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Dubai e a crise: o estouro da bolha":

Oi, Sheik!

Não sei se v. pode me ajudar. Sou formada em direito no Brasil e vou fazer um curso de pós-graduação aqui em Dubai. Porém, para reconhecer meu diploma aqui, eles exigiram que ele seja reconhecido no Brasil pelo Min. Educação, Embaixada e Min. Rel. Exteriores para, então, eu reconhecê-lo no Min. Educação de Dubai.
V. sabe algo sobre esse procedimento ou teria alguma dica?

Desde já agradeço.
Ju.


Postado por Ju no blog Dubai F. C. em Quarta-feira, 08 Abril, 2009

Olá Juliana,

Até onde sei, você não precisará que ele seja reconhecido pelo Ministério da Educação brasileiro. Em tese, o diploma em si já tem essa qualidade (ele já deve ter alguma assinatura ou carimbo do MEC). Mas você terá que passar por algumas etapas ligeiramente chatas, a saber:

1a etapa - tradução juramentada do diploma para o árabe ou para o inglês

Prazo: 1 dia
Custo: em torno de R$ 100 (um chute. Depende do tamanho do seu documento)

Em geral, os tradutores pegam o seu diploma na manhã e com sorte, te devolve no mesmo dia de tarde.

Dica: traduza para o inglês. Se um dia você sair daí para outro país, a probabilidade de que alguém aceite a tradução juramentada para o inglês é muito maior que a do árabe.

2a etapa - reconhecimento de firma das assinaturas do diploma (1 a X dias)

Prazo: 1 dia (se todas as assinaturas estiverem no mesmo cartório)
Custo: irrisório

Essa é uma exigência do Ministério das Relações Exteriores para poder reconhecer seu diploma: reconhecer firma das assinaturas no seu diploma e também do tradutor juramentado, caso este não resida em Brasília.

Na dúvida, reconheça a assinatura de todo mundo que assinou o seu diploma. Não é tão difícil assim: em geral, as pessoas que assinam os diplomas terão firma no cartório mais próximo do estabelecimento de ensino.

3a etapa - validação pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE)

Custo: "gratuito"

Prazo:

- ao menos 24h para pedidos efetuados pessoalmente em Brasília, RJ, SC ou MG
- de 30 a 40 dias úteis para pedidos feitos via postal para o MRE em Brasília
- de 10 a 20 dias úteis para pedidos feitos via postal em SP

Maiores detalhes:

http://www.abe.mre.gov.br/legalizacao-de-documentos/legalizacao-em-documentos

Dicas de ouro de ex-sheik:

+ quer que a coisa saia rápido? Não tem jeito, vá pessoalmente ou mande alguém para Brasília em seu lugar com o documento e tradução juramentada com as firmas devidamente reconhecidas. Essa pessoa terá que ficar ao menos 2 dias na cidade: o primeiro para entregar o documento, e o segundo para buscar e com sorte já pegar a Embaixada dos Emirados Árabes aberta para a etapa seguinte.

+ se o seu documento está em Dubai, reserve uns bons 350 dirhams para o envio do seu diploma para o Brasil via DHL e algo similar em reais para o retorno;

+ jamais mande documentos através do correio comum, ESPECIALMENTE EM DUBAI. Já tive caso de coisas que enviei a partir de Dubai por correio comum e NUNCA chegaram. Gaste em um SEDEX, DHL ou equivalente. Se o documento se extraviar, haverá choro e ranger de dentes.

4a etapa - carimbo da Embaixada dos Emirados Árabes Unidos

Prazo: de 1 a 2 dias
Custo: 120 por selo (a confirmar preço na Embaixada dos EAU em Brasília)

Passar com todos estes documentos à Embaixada dos Emirados Árabes em Brasília para receber o selo oficial. Se der sorte, na manhã seguinte à entrega dos documentos no Itamaraty, você volta lá, pega o diploma validado e já corre na Embaixada dos EAU e já resolve mais essa.

Prepare-se para mais uma facada: você terá que pagar 2x: o selo que vai na tradução juramentada e no seu documento oficial.

Após essa maratona, você poderá sorrir feliz e contente: o seu diploma está validado, pronto para ser apresentado ao Ministério da Educação em Dubai.

Burocrático? Sim, mas este é um procedimento de praxe que não muda muito de país para país.

Mãos à obra e boa sorte!

Abraço de ex-sheik,

Luís

27.3.09

Isso você não lerá nos Emirados Árabes

Dêem uma olhada nessas notícias:

http://archives.lematin.ch/LM/LMS/suisse/article-2008-07-84/le-tribunal-de-police-a-tranche-plus-vite-que-prevu-dans-l-affaire-du-cheikh-au-ceinturon-falah


http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/07/01/corte_suica_condena_xeque_arabe_por_atacar_americano_em_hotel_de_luxo_1406064.html


Esse é o tipo de notícia que você não encontrará em nenhum jornal dos Emirados Árabes. Censura à parte, o conteúdo delas pouco interessa: é uma questão de trato pessoal, e que de fato, não há interesse (público) em ser noticiada.

Mas se você fosse dono de um país, você permitiria que falassem mal de você nos jornais? Daí vem o ditado:

Sheik manda prendê. E depois manda soltá.

O curioso é que eu tenho quase certeza de ter lido esta notícia no Le Monde à época. E pesquisando nos arquivos, não a encontro. Oxi... que esquisito. Eu devo estar ficando louco.

21.3.09

Sobre os boatos

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Dubai e a crise: o estouro da bolha":
Ya Habib!! Pera ai!! Olha euzinha na area!!

Estas a par do boato de que o Iran vai atacar Dubai brevemente?

Por gentileza....estude o caso, pesquise e apague esse comentario....sabe como eh....tudo conspira e melhor eh deixarmos a massa longe disso afinal, eu e familia ( incluindo os animais que os viadinhos gringos abandonam na rua e eu recolho!) estamos aqui em Dubai ainda! Mas gostaria muuito de saber tua opiniao. Tentarei achar seu email aqui para, se vc quiser, trocarmos figurinhas!

Massalama,

XXXXXX


Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Sábado, 21 Março, 2009

Oi Sheika,

Diz o dito popular: "toda mentira tem um fundo de verdade". Penso que para a atual conjuntura, esse não é o caso.

Apesar das disputas pelas ilhas do Golfo, os Emirados Árabes é um importante parceiro de Teheran, servindo como intermediário para driblar o embargo econômico imposto ao país.

Essa hipótese só ganharia sentido em caso de um eventual confronto entre o Irã e forças israelenses ou americanas no Golfo. Neste caso, tudo ficaria imprevisível.

Mas se um eventual ataque à Dubai era uma hipótese paupável durante a Era Bush, hoje, após o discurso conciliatório de Obama em pleno Noruz, torna essa possibilidade ainda mais remota.

A ver como se desenvolve o relacionamento entre Irã e Estados Unidos daqui pra frente. O resto são boatos e suposições.

Abraços de ex-xeque,

Luis

13.3.09

Dubai e a crise: o estouro da bolha

Tocou hoje o telefone aqui. Atendi e era o Norman. Grande, Norman! Ele veio lá da Tailândia visitar a família aqui em Paris. Saímos para por o papo em dia.



E não é que o cara lembrou de mim? Trouxe um pacote de biscoito lá da Tailândia. "É caseiro!", disse ele. Puxa, que legal. E o biscoito é bom... já quase matei o pacote enquanto escrevo esse post.



Isso me deixou meio saudoso. Chegando aqui em casa, resolvi olhar o passado e encontrei essas fotos:





Essa foto foi tirada em 2007. Dois anos depois, não sobrou um por lá para contar história: o Driss voltou pra Nice, o Pankaj casou com uma garota sugerida pelo pai e foi para Nova Iorque trabalhar, o Eduardo não casou mas também foi para os Estados Unidos, e por fim, o Norman, que foi para a Tailândia em busca do amor.

Estranho fenômeno esse das migrações. O que motiva essa gente toda, com histórias e motivações tão distintas, a entrar e sair de um país, como em um movimento sincronizado? Seria a crise ou simplesmente a concretização de um movimento natural, como as ondas do mar? Por esta lógica, nós todos da foto chegamos ao mesmo tempo, e teríamos já pré-programado um prazo-limite no país destino. Ou talvez seja a crise...

Seja qual for a razão, o fato é que muita gente tem abandonado o "sonho" e a "magia" (hahahahaha) de Dubai nos últimos meses. E não são poucas: tenho conversado bastante com meus amigos que lá estão, e as histórias são as mesmas:

- a Shaikh Zayed Road está vazia. Cadê os congestionamentos de antes?
- boatos dão conta de que em dezembro passado, os pedidos de cancelamento de vistos atingiram uma taxa de 5.000/dia;
- meu amigo Norman contesta o número acima, mas ele mesmo foi embora...
- o governo começa a organizar leilões de carros abandonados há meses no aeroporto de Dubai;
- empresas anunciam unilateralmente e deliberadamente reduções de salários (isso mesmo! Leis trabalhistas? Isso é coisa de paises que ainda usam esse sistema politico atrasado chamado "democracia");
- boatos de que o Sheik está "quebrado" (duvido!);

Mas até aí, boato é boato. Mas aí a coisa começa a ficar interessante quando os boatos começam a ser embasados por notícias de fontes sérias e oficiais. A Arabian Business informa que, ali no Qatar, o país-ilha ao lado, observou-se um aumento de 791% no número de carros abandonados.

Como assim, carros abandonados? Explico o óbvio: o cidadão vislumbrado, que se "encanta" pelas "magias" do Golfo, que adora ostentar, vai lá no banco e pega um financiamento de um carro cuja parcela custa metade do seu salário mensal. Com a outra metade, ele paga um financiamento de apartamento de luxo. Aí um belo dia ele descobre que foi demitido. O que ele faz? Isso: vai dirigindo até o aeroporto, estaciona calmamente o veículo direitinho no aeroporto e... bye-bye Oriente Médio! Vai com a roupa do corpo, deixa pra trás até animal de estimação, abandonado na rua.

E por mais boatos que circulem, todos os indicadores básicos mostram que sim, Dubai tem motivos para se preocupar e que a crise chegou:

O petróleo

O petróleo caiu de US$ 121/barril em maio/2008 para pouco mais de US$ 47/barril (cotação desta semana);

O turismo

Até o ano passado, Dubai era o principal destino aéreo do Reino Unido, transportando mais de 1 milhão de passageiros nessa linha em um ano. Foi mais gente de Londres à Dubai, do que de Londres à Nova Iorque! Só que agora... basta dizer que com a crise, a libra esterlina, que antes valia perto de 1,5 euros, está muito próximo da paridade com a moeda única européia. Dá pra imaginar o impacto dessa crise sobre esses "vôos recreacionais" que enchiam os malls da cidade, não? Isso afeta o carro-chefe de Dubai, que aposta no Turismo como tábua de salvação;

Fundos soberanos

Dizem que os fundos soberanos de Dubai (esse mesmo que o Ministro Mantega começou a tocar no assunto, mas que agora ninguém sabe, ninguém viu) estavam aplicados em grande parte nos mercados americano e britânico... que derreteram. Um bom exemplo (que não tem a ver com Dubai, mas que ilustra bem a situação) é o preço da ação do Citi: a ação do banco chegou a valer 55 dólares, e no pior momento da crise, era negociada a menos de 1 dólar. Um dos grandes recapitalizadores do Citi em mais de uma oportunidade foi o Rei Abdullah, da Arábia Saudita. Dinheiro que evaporou.

Crise de crédito

Como você já deve ter ouvido por aí, a crise mundial é de crédito. E em Dubai não é diferente. Vamos a um exemplo e suas conseqüências: quando cheguei em Dubai, no banco me deram 2 cartões de crédito cada um com 22 mil dirhams de crédito (dava pra comprar um carro zero no cartão!) e mil e uma ofertas de empréstimos à 4,5%a.a.: para mobiliar a casa, adiantar o aluguel...

... qual era o impacto de tanto dinheiro na praça?

1. Um monte de libanêses de camisa aberta e gel no cabelo e ingleses de cabeça raspada andando de porsche, mercedes e outros carros caros;
2. Uma espiral nos preços de aluguel e uma arrogância dos proprietários e agentes imobiliários: pagamento de aluguel? Só em um ou dois cheques anuais!

Agora a coisa mudou: o Norman me conta que, para conceder empréstimos, o HSBC exige comprovação de salário de no mínimo 20 mil dirhams/mês. E agora não é mais 4,5%. Já é 5, 6%...

... o impacto no setor imobiliário está sendo hilário e com um delicioso sabor de vingança contra esses bandidos que controlam o setor:

- você lembra da Damac? Isso, aquela que rifava jatinhos e ilhas, e dava um carro de luxo na compra de uma propriedade? Pois é, ela já dispensou mais de 200 funcionários e recebeu uma injeção de 60% de capital de um grupo egípcio.

- e agora, o mais gostoso: o preço dos imóveis dá indícios de entrar em queda-livre. O anúncio abaixo (no Dubizzle), uma casa nos Springs a 90 mil dirhams/ano, já representa 50% de queda em relação aos valores negociados no ano passado. E os proprietários, de uma hora pra outra, ficaram humildes, humildes, aceitando pagamento em 12 cheques:



E aqui, uma reportagem sobre a queda nos preços do mercado imobiliário em Dubai.

Conclusões

O comportamento do xeque

Não é a primeira vez que Dubai enfrenta uma crise, embora essa tenha características peculiares: petróleo em baixa, mercado imobiliário em queda.

Ele vai o que sempre fez em tempos de crise: continuar a investir.

Para os oportunistas do Real State

Se você é mais um "bem sucedido empreendedor do mundo imobiliario norte-americano" que teve a genial ideia de "expandir seus negócios" abrindo uma filial de sua "multinacional" de três funcionários em Dubai, amiguinho, a farra acabou!

Foi-se o tempo em que você ganhava em comissão de venda de uma casa mais que o salário anual de um engenheiro qualificado. Agora é re-a-li-da-de, camarada! Todo mundo está acordando para o fato que ganhar o pão do dia-a-dia é mais difícil do que se imagina.

Mas na crise de uns pode estar a oportunidade de outros: se você recebeu agora uma oportunidade para seguir para o Golfo, se tiver margem para negociar seu salário, você encontrará uma Dubai mais humilde, com agentes imobiliários mais modestos. E com sorte, pagará pelo preço do aluguel de uma casa um valor mais próximo do "justo".

Dica: a hora da revanche

Na hora de fechar um contrato de aluguel, faça como a maioria dos bandidos que trabalhavam no setor imobiliário ate o ano passado (isso o Amaury Júnior e a Hebe não contam, né?). Aperte a mão do cidadão, diga verbalmente que "fechou". Continue, mesmo após dar a sua palavra, a negociar com outros agentes. Na hora de assinar o contrato, diga que mudou de ideia e que voce só paga 75% do valor acertado. Vigança é um prato que se saboreia frio... e a mesa está pronta.

11.3.09

O que é um Sheik?

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Fugindo da mordida do leão":

Luis,
Por favor, não encontrei um lugar melhor para colocar minha pergunta então vai aqui mesmo. Desculpe a minha ignorância mas o que é um sheik e o que ele faz? Qual a diferença para Xeque árabe?
Obrigada,
Mirella

Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Quarta-feira, 11 Março, 2009

Olá Mirella,

Um sheik é a mesma coisa que Xeque árabe. Escrevo sheik porque estou "inovando" com a língua.

Mas há uma razão para isso: sheik é a maneira como anglófonos chamam o xeque. Na verdade, nem isso: a transliteração mais correta do som dessa palavra em árabe para o inglês é shaikh.

Escrevo errado? Aí é o caso de se perguntar o que é o certo, pois a pronúncia de xeque não tem nada a ver com o som da sua palavra de origem. Em árabe, diz algo como xêrhh (esse rhh é pra imitar o som aspirado e raspado, gutural, de um 'r' carioca). Enfim, como já disse em outras oportunidades, o correto mesmo só em árabe. E para o feminino, adiciona-se um 'a' ao final: xêrhhha.

Para terminar: sheik, shaikh, , xeque, xêr em árabe é apenas um título de respeito. Você não precisa ser dono de um Emirado e das pessoas que nele vive para ser chamado como tal. Pessoas mais idosas e respeitadas por sua autoridade ou notoriedade também são chamados de sheik. A tradução mais próxima para o português dessa palavra acho que é "o fudidão".

Para designar especificamente o dono de um Emirado e das almas que nele vivem, o termo mais preciso (e nem sempre usado) é Emir (ou Amir, mais uma vez, o correto, só em árabe), que tem mais a ver com "chefe". Daí vem a palavra Emirado para designar a região onde moram seus súditos, e Amiri Guard, para a sua guarda especial que o protege.

Bom, é isso.

Abraço de ex-sheikh, xêrhh, shaikh, Cheik, xeque...

Luís

6.3.09

Fugindo da mordida do leão

Nando Melo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Declaração
de sada definitiva II":

Olá Sheik,

Lendo suas valiosas explicações, me deparei com uma dúvida em
relação ao envio do dinheiro ganho no exterior para o Brasil.
Tendo eu, feito a declaração de sada definitiva do País, posso enviar
todos os meses valores para uma conta poupança no Brasil no período em
que estiver no exterior? Se eu enviar valores durante este ano todo, como
terei que declarar esta poupança no ano que vem? Tenho que enviar de
alguma forma específica ou pode ser através de agências de envio?

Obrigado e um abraço,
Fernando



Postado por Nando Melo no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 03 Março,
2009

Olá Fernando,

Essa sua dúvida é a de todos, hehehe. Mas vamos por partes:

1) Como transferir: essa é a mais fácil. Na verdade, pouco importa a maneira como você manda. Todo banco tem o serviço de transferência internacional. Para isso, você precisará do código IBAN de sua conta de destino (pergunte na sua agência no Brasil). O problema é que esse é um processo meio arcaico, às vezes a transferência se completa somente após a passagem da ordem por vários bancos, que cobram tarifa... se compensa fazer pelo banco ou através de agências de transferência, aí você precisa fazer as contas. Independente do meio, faça sempre primeiro uma transação de teste com baixo valor.

2) Montante da transferência: para uma transferência até 5.000 reais, em geral, os bancos já fazem o contrato de câmbio automático e o dinheiro já cai na sua conta. Para quantias maiores, você precisará que seu procurador legal no Brasil passe na agência para assinar o contrato de câmbio.

3) Durante a assinatura do contrato de câmbio, poderá ser solicitada uma justificativa da origem do dinheiro. O seu contrato de trabalho e cópia da declaração de saída definitiva servem como tal (até onde sei).

4) Como declarar no ano seguinte: aí, há controvérsias. O texto da Receita dá margem a diversas interpretações. Vejamos o que ele diz:

Remuneração do trabalho e de serviços

Os rendimentos do trabalho, com ou sem vínculo empregatício, e os da prestação de serviços, exceto serviços técnicos e de assistência técnica e administrativas, pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos a não-residente sujeitam-se à incidência do imposto na fonte à alíquota de 25%.


Consultei aqui o conselho de sábios barbudos, e em uma mesa redonda calorosa, chegou-se ao seguinte entendimento:

Essas regras referem-se a rendas geradas no Brasil, ou seja, pagamentos efetuados ao não-residente de uma fonte situada no Brasil. Para rendimentos recebidos no exterior, vale a legislação do país de onde os recursos são originários.

Desta forma, você pode transferir seus recursos sem medo de ser feliz. Você não pagará imposto sobre o montante enviado, mas apenas sobre a renda gerada por ele em caso de aplicá-lo no Brasil. Se você aplicar esse dinheiro e ainda assim, sobre o lucro auferido. Aliás, se não me engano, a poupança é isenta de imposto.

Bom, acho que é isso. Não agradeça a mim, mas ao conselho de sábios barbudos.

Abraço de ex-sheik,

Luís

29.1.09

Carnaval Brasileiro em Dubai


Divulgação a pedidos...

27.1.09

Brazilian English

xxxx deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Escola de futebol":

Hello;

My name is xxxxx, 02 children got married where I live and socially.

Objectives:

Be aware of new culture, improve the language, pay growth for professional goals, education.

Educational Level:

- Formed in Esdatual School of Government.
- Formed in theology in private schools.
- Technical degree in industrial mechanics private
- Formed in progress in the Police Fire Brigade for Fire Department of Brazil.
- Formed ongoing control of expenses and desperticios.
- Driver and mociclista approved by the organ of the federal government.
- course English organ of the government


Professional experience:

- 03 years Promenade hotel - motorist, Valet and reception.

- 09 years equity security of shopping.

- 03 years of help construction.

- 06 years of theology in IBL assistant.

- 07 years working private.

- 16 years driver and rider.

- 02 years in industry and maintenance assistant.


Charter:

I learned of a possible wave conceptualized this company where I am as a candidate to wave, I am immediately available for admission.

I am available full time or part.

just need an invitation letter to lodge immigration in Brazil.

thank

xxxx

Postado por xxxx no blog Dubai F. C. em Segunda-feira, 26 Janeiro, 2009

Caro amigo,

Primeiramente, respeito muito os seus 46 anos de experiência. Infelizmente, não posso te ajudar, a não ser com meus humildes conselhos, que por vezes profiro enquanto lixo minhas belas unhas, entre uma baforada e outra de xixa sabor banana.

E se você quer um conselho, aqui vai um: muito cuidado com o que você escreve. Escrever é uma exposição imensa: através de nossas palavras, dizemos muito sobre nossa personalidade, muito mais do que imaginamos. Não é por outra razão que mantenho fiéis fileiras de escravos e conselheiros eunucos, que revisam cada letra, cada vírgula; reviram e desnudam cada nuance de meu texto, lançam-me uma intifada de pedras antes que este seja exposto aos leões. E nem este zelo me exime do ridículo.

Permita-me por alguns instantes ser um desses trabalhadores que, com um lustroso bigode, dá-lhe ardidas chicotadas em suas costas nuas: você claramente tentou caprichar em seu texto. Você deu o melhor de si, escrevendo em um idioma que ainda não domina. Respeitada a tentativa de comunicação - que é válida - a leitura de seu texto causa constrangimento, colocando em xeque a sua vasta experiência.

Constrangimento de quem assiste um casamento humilde: está lá o moço ao lado do altar; pela primeira vez ele veste um terno (alugado); passara a manhã tratando do cabelo (com gel). O topete ficou bonito. Colocou no pulso o relógio dourado que ganhou da avó. Diante de si, a cena não é diferente: seus pais estão ali, orgulhosos de casar um filho. Eles também vestem suas melhores roupas, o sapato que se guarda para as ocasiões especiais. O vestido de sua mãe, bem verdade, está um pouco apertado. Mas não há outro... a moça noiva chega na escadaria, saindo do carro do moço, um Volkswagen Apolo tunado - faróis de neon, rodas de liga leve, som para incomodar um quarteirão, ... - e só o seu deus sabe quanto sacrifício é que se fez para se ter esse rapaz cafona tocando trompete na Igreja, esse orgão, esse cantor de terno e gravata com voz mansa, toda essa decoração de flores organizada pela empresa que joga com a necessidade do moço de se sentir incluído, de não ser tratado mais uma vez como um humilde incitando-o a um gasto que lhe escravizará por meses, talvez anos. Mas pouco importa, agora os dois aguardam a benção da autoridade e o juramento: "Até que a morte os separe...". Marido e mulher! Na hora da foto, eles fazem caras de bonitos apaixonados. Horrível.

Tudo seria triste e doloroso demais a suportar, não fosse a festa que se segue. Na festa do moço está a sua salvação, caro amigo: já em casa, vestindo suas alpargatas, de bermuda e camiseta com a foto de seu candidato a vereador dando jóia e um copo de cerveja na mão ao som de pagode, o moço volta a ser ele mesmo.

Parece que já tem uma proposta. Pense bem: essa proposta é tão boa que aparentemente você tem que implorar para alguém te convidar a ir ao país. A leitura que se faz: a empresa está cagando pra você e não assume nenhum risco. E você vai por sua própria conta se mudar a um país cujo idioma você não domina e cuja cultura é diametralmente oposta a sua...

... muitos indianos também são assim: eles se arriscam. Mas nem é tão difícil: metade da população dos Emirados é composta de indianos. A cada esquina ele encontra um conterrâneo, alguém que fala seu idioma. E quando tem fome, tem um restaurante típico. Não é à toa que brincam, chamam o país de United Indian Emirates. Se eles ganham pouco, não há problema: o diram vale 10x a rúpia. E se der errado, ele ainda tem amigos no Qatar, no Bahrein, na Arábia Saudita, ... tudo para eles é familiar. Pense nisso.

Bom, cansei. Meus braços doem. Paro por aqui.

Nota: sinto que essa sessão "Sheik Luis responde" já está ficando repetitiva demais. E isso me incomoda.

Abraços eunucos de um humilde ex-sheik.

24.1.09

Surreal: neve nos Emirados

Para quem já passou um verão nos UAE, essa notícia parece trote.

Mas aí os barbudinhos já viajam, já pensam em "capitalizar" a "atração": já falam em "pista de esqui". Oras... será que essa será a céu aberto ou vão cobrir a montanha? Não entendi nada.

22.1.09

Índia: déjà vue

Um achado que me fez lembrar de algumas coisas:



A repudiação permanente da noção de relações humanas. Oferece-se tudo, compromete-se a tudo, proclama-se todas as competências quando não se sabe nada. Assim, obrigam-nos de cara a negar no outro a qualidade humana que reside na boa fé, no senso de contrato e na capacidade de assumir uma obrigação. Os rickshaw boys propõem de te conduzir a qualquer lugar, quando eles são mais ignorantes que você sobre o itinerário. Como então não se importar e - qualquer escrúpulo que a gente tenha em montar em sua veículo e se deixar levar por eles - não os tratá-los como bichos porque eles te forçam a considerá-los como tais por esta desrazão que é a deles?


Claude Lévi-Strauss, Tristes Tropiques, 1950, no capítulo "Multidão", sobre a Índia. Um cenário não muito diferente do que vi em 2007. Longe de ser uma verdade absoluta ou de propagar preconceitos, esse texto representa bem o choque dos ocidentais ao chegar às grandes cidades do país.

Tributação sobre brasileiros não-residentes no Brasil

Isso aqui interessa a todo brasileiro residente no exterior:

http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisica/IRPF/2008/Perguntas/Exterior.htm

14.1.09

Carnaval em Dubai

Menina de Angola deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Táxi x aluguel de carro e habilitação":

Ex Sheik, eu moro em Angola e estive em Dubai em Agosto (Jesus como vcs aguentam esse calor?). Mas relaxa não estou procurando emprego. Queria saber se é verdade que em fevereiro todos os shoppings entram em promoção e se vale a pena mesmo ir fazer umas comprinhas básicas. Aqui em Angola além de ser difícil encontrar itens básicos como creminhos, perfumes e eletro eletrônicos, quando a gente encontra os preços são astronomicos... Agora temos um voo direto para Dubai e não é tão caro US$ 1.000 e como vc disse que de janeiro a março a temperatura é agradável... enfim tô pensando em junta o útil ao agradável no carnaval... Mas então, o que acha o custo benefício compensa?

bj

Postado por Menina de Angola no blog Dubai F. C. em Quinta-feira, 18 Dezembro, 2008

Oi Menina de Angola,

Desculpa a demora. A esta altura, você até já tomou a sua decisão, mas vamos lá: sim, nessa época do ano, acontece o Dubai Shopping Festival. Mas atenção: ele vai de 15 de janeiro a 15 de fevereiro. Se voê for no fim do mês...

Se compensa? Aí vou dizer que alguns mitos precisam cair por terra: os preços de bens não-duráveis nos Emirados Árabes são baixos, e Dubai passa metade do ano com quase todas as lojas em "promoção". A diferença é que em períodos como o DSF e o "Summer Surprises", acontecem muitos sorteios incentivando o consumo, e alguns espetáculos gratuitos nos centros comerciais. Muitas lojas fazem uma queima radical de estoque nessa época, mas em geral, tem muita loja que faz isso fora dessas temporadas também...

Um exemplo clássico é a Pierre Cardin: passa o ano com uma sessão expressiva à metade do preço o ano inteiro com coisas que realmente valem a pena. Aliás, há muitos ocidentais que não compram mais Pierre Cardin em Dubai justamente porque é barato. Argumentam que é "roupa de indiano"... em Paris, pouca gente usa terno Pierre Cardin, mas porque é muito caro!

Se você for mesmo nessa época, não espere festas como no Brasil. Aproveite para dar uma olhada nas corridas-de-cavalo. Essa é a temporada.

Creme "Michael Jackson" em Dubai?

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Procurando emprego em Dubai":

gostaria de saber se e verdadeiro que existe um creme no mercado do dubai que ao passar na pele negra a pela clareia... gostaria de saber se e verdadeiro


Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Segunda-feira, 12 Janeiro, 2009

ex-sheik Luis responde:

Caro Anônimo!

É sempre bom receber seus comentários. Vamos lá: não sei se vende esse creme mágico em Dubai. Em todo caso, se for de laboratório famoso e reconhecido, venderá.

Não queria fazer comentários lenga-lengas, mas espero que esse creme não vire moda. Alguém aqui acha o Michael Jackson atual bonito?

Confesso que não entendo essa neurose quase sempre das mulheres que se lançam na fogueira consumista das vaidades e não se aceitam mais como são: alisar o cabelo, torná-lo encaracolado, pintá-lo incessantemente das cores mais sintéticas, implante, usar lentes coloridas, cremes para esconder rugas, bronzeamento artificial, plástica nos dentes, regimes para manter a forma ao invés de exercícios pra manter a saúde, ... isso tudo sem falar das plásticas. Tudo isso para se enquadrar em um determinado padrão estético que mais e mais se distancia da realidade humana... que horror, todo mundo quer ser capa da Playboy. E todo a indústria por trás dessa insanidade agradece.

Mas enfim, cada um, cada um.

Beijos multi-coloridos de um ex-sheik,

Luis

10.1.09

Enquanto isso, na França...



Ele tem vontade de parar com o preservativo.
Ela também.
Eles vão primeiro fazer o teste do HIV.


Está aí o tipo de propaganda que você jamais vai ver em Dubai. A política em Dubai é muuuito mais avançada nesse aspecto:

- na hora de pedir o visto de residência, exame de HIV obrigatório e (dizem) eliminatório;

- sexo antes do casamento = crime (válida especialmente para emiratis e para aqueles que resolvem dar uma "rapidex" na praia durante o dia);

- dividir a cidade em "bairros familiares" e "bairros de solteiros";

- impedir solteiros do mesmo sexo de viverem juntos (e aplicar a lei quando convir);

- impedir as pessoas de dançarem em bares "ao ar-livre". Dançar? Só em recintos fechados;

- instituir o uso de vestidões ou calças jeans para mulheres em centros comerciais;

Afinal, a melhor prevenção é... a Prevenção!

Mas eu ia também sugerir ao governo francês para completar a propaganda: "... e depois do teste, se for trair, use camisinha."

Inocência minha: até mesmo na França há coisas que não se diz, não é mesmo?

Isso tudo me faz pensar sobre essa coisa linda que é o amor. Ah, o amor... o amor na maioria das vezes pressupõe alguma forma de exclusividade, mínima que seja. Algo que diga: "você é especial e único(a) para mim". Às vezes essa exclusividade se expressa por formas de tratamento: "Oi, meu chuchuzinho" para o parceiro. "Fala, cara", para os amigos (repare na sutileza: o chuchu é um legume sem gosto). Outras vezes ainda essa exclusividade está expressa justamente na exclusividade da parceria sexual: beijo (na boca, de língua) pode. Sexo não! Esse tipo de contrato amoroso é muito comum, diga-se de passagem, entre atores que, vez ou outra, vêem-se forçados pelas circunstâncias profissionais a tórridas cenas de amor. E pior que isso: forçados a repetir e repetir e repetir, até que fique perfeito. E a sábia atriz Vera Fischer, certa vez, sentenciou (com aparente conhecimento de causa): "não existe beijo profissional".

E por fim, chegamos ao amor moderno: "com você é sem camisinha. Com os outros é só sexo... e com camisinha! Mas isso não interfere em nada no nosso relacionamento". Sinceridade em tempos de doenças sexuais incuráveis vale mais que ouro: vale a vida. E o(a) companheiro(a) se rejubila de alegria, de ser "o escolhido(a)" para a propagação dos genes. E o marido continua a trazer proteção e sustento ao lar, a esposa continua a cuidar dos filhos, os amantes vem e vão, trazendo o prazer que se esqueceu em algum canto entre um tédio e outro, mas sem interferir na ordem cotidiana. E a vida segue.

Mas será esse o caminho do amor moderno, a aceitação da traição como um comportamento puramente humano e até, o compartilhamento das experiências, onde a exclusividade está justamente no prazer único proporcionado por essa cumplicidade? A julgar pelo crescimento da popularidade do swing (suruba) no mundo, diria que sim. E essa onda chegou até mesmo no Egito, onde um rapaz negociava um swing acabou sendo preso, meses atrás, no Cairo.

Enfim, pode até ser essa a tendência, mas isso não diz que todos têm que fazer igual (ter no plural é com acento? Essa nova regra me confundiu todo). Nem todos têm cabeça pra isso. Vejam só o caso do Egito: os outros, que nem participaram do ato em si, e portanto, a priori não tinha nada a ver com a história, mandaram prender todo mundo! Entendo: eles não tinham cabeça para viver uma experiência dessas e seguir uma vida normal, sem traumas. Só de ouvir a história, já começaram a imaginar o que nem aconteceu: suas esposas , e eles ali, vendo tudo, e elas lá vendo ele também, na festa com outras... um caldeirão de sensações bem próximas da loucura... prendam todo mundo! Eu não posso, ninguém pode. A melhor prevenção é mesmo a... Prevenção.

E eu o que acho isso tudo? Oras tem coisas que até mesmo em um blog não se diz, não é mesmo? Por muito menos do que isso, já vi gente em carne e osso ser despedida em Dubai, só porque emitiu comentários sobre um episódio infeliz com um tal ursinho de pelúcia que ocorreu lá no Sudão... felizmente português não é uma língua muito popular no Golfo.

Mas tudo bem, você tem razão: estou fugindo do assunto. Vou ser sincero com você, fiel leitor: eu não tenho cabeça pra essas coisas, e é por isso que sou fiel às minhas 15 concumbinas. Fidelidade é, sim, muito importante, e eu gosto! E antes que eu me esqueça: eu amo todos vocês. Um beijo (de língua) e até a próxima.