
Ele tem vontade de parar com o preservativo.
Ela também.
Eles vão primeiro fazer o teste do HIV.
Está aí o tipo de propaganda que você
jamais vai ver em Dubai. A política em Dubai é muuuito mais avançada nesse aspecto:
- na hora de pedir o visto de residência, exame de HIV obrigatório e (dizem) eliminatório;
- sexo antes do casamento = crime (válida especialmente para emiratis e para aqueles que resolvem dar uma "rapidex" na praia durante o dia);
- dividir a cidade em "bairros familiares" e "bairros de solteiros";
- impedir solteiros do mesmo sexo de viverem juntos (e aplicar a lei quando convir);
- impedir as pessoas de dançarem em bares "ao ar-livre". Dançar? Só em recintos fechados;
- instituir o uso de vestidões ou calças jeans para mulheres em centros comerciais;
Afinal, a melhor prevenção é... a Prevenção!
Mas eu ia também sugerir ao governo francês para completar a propaganda: "
... e depois do teste, se for trair, use camisinha."
Inocência minha: até mesmo na França há coisas que não se diz, não é mesmo?
Isso tudo me faz pensar sobre essa coisa linda que é o amor. Ah, o amor... o amor na maioria das vezes pressupõe alguma forma de exclusividade, mínima que seja. Algo que diga: "você é especial e único(a) para mim". Às vezes essa exclusividade se expressa por formas de tratamento: "Oi, meu chuchuzinho" para o parceiro. "Fala, cara", para os amigos (repare na sutileza: o chuchu é um legume sem gosto). Outras vezes ainda essa exclusividade está expressa justamente na exclusividade da parceria sexual: beijo (na boca, de língua) pode. Sexo não! Esse tipo de contrato amoroso é muito comum, diga-se de passagem, entre atores que, vez ou outra, vêem-se forçados pelas circunstâncias profissionais a tórridas cenas de
amor. E pior que isso: forçados a repetir e repetir e repetir, até que fique
perfeito. E a sábia atriz Vera Fischer, certa vez, sentenciou (com aparente conhecimento de causa): "
não existe beijo profissional".
E por fim, chegamos ao amor moderno: "com você é sem camisinha. Com os outros é só sexo... e com camisinha! Mas isso não interfere em nada no nosso relacionamento". Sinceridade em tempos de doenças sexuais incuráveis vale mais que ouro: vale a vida. E o(a) companheiro(a) se rejubila de alegria, de ser "o escolhido(a)" para a propagação dos genes. E o marido continua a trazer proteção e sustento ao lar, a esposa continua a cuidar dos filhos, os amantes vem e vão, trazendo o prazer que se esqueceu em algum canto entre um tédio e outro, mas sem interferir na ordem cotidiana. E a vida segue.
Mas será esse o caminho do
amor moderno, a aceitação da traição como um comportamento puramente humano e até, o compartilhamento das experiências, onde a exclusividade está justamente no prazer único proporcionado por essa cumplicidade? A julgar pelo crescimento da popularidade do
swing (suruba) no mundo, diria que sim. E essa onda chegou até mesmo no Egito, onde um
rapaz negociava um swing acabou sendo preso, meses atrás, no Cairo.
Enfim, pode até ser essa a tendência, mas isso não diz que todos têm que fazer igual (ter no plural é com acento? Essa nova regra me confundiu todo). Nem todos têm cabeça pra isso. Vejam só o caso do Egito: os
outros, que nem participaram do ato em si, e portanto,
a priori não tinha nada a ver com a história, mandaram prender todo mundo! Entendo: eles não tinham cabeça para viver uma experiência dessas e seguir uma vida normal, sem traumas. Só de ouvir a história, já começaram a imaginar o que nem aconteceu: suas esposas
lá, e eles ali, vendo tudo, e elas lá vendo ele também, na festa com outras... um caldeirão de sensações bem próximas da loucura... prendam todo mundo! Eu não posso, ninguém pode. A melhor prevenção é mesmo a... Prevenção.
E eu o que acho isso tudo? Oras tem coisas que até mesmo em um blog não se diz, não é mesmo? Por muito menos do que isso, já vi gente em carne e osso ser despedida em Dubai, só porque emitiu comentários sobre um episódio infeliz com um tal ursinho de pelúcia que ocorreu lá no Sudão... felizmente português não é uma língua muito popular no Golfo.
Mas tudo bem, você tem razão: estou fugindo do assunto. Vou ser sincero com você, fiel leitor: eu não tenho cabeça pra essas coisas, e é por isso que sou fiel às minhas 15 concumbinas. Fidelidade é, sim, muito importante, e eu gosto! E antes que eu me esqueça: eu amo todos vocês. Um beijo (de língua) e até a próxima.