10.1.09

Enquanto isso, na França...



Ele tem vontade de parar com o preservativo.
Ela também.
Eles vão primeiro fazer o teste do HIV.


Está aí o tipo de propaganda que você jamais vai ver em Dubai. A política em Dubai é muuuito mais avançada nesse aspecto:

- na hora de pedir o visto de residência, exame de HIV obrigatório e (dizem) eliminatório;

- sexo antes do casamento = crime (válida especialmente para emiratis e para aqueles que resolvem dar uma "rapidex" na praia durante o dia);

- dividir a cidade em "bairros familiares" e "bairros de solteiros";

- impedir solteiros do mesmo sexo de viverem juntos (e aplicar a lei quando convir);

- impedir as pessoas de dançarem em bares "ao ar-livre". Dançar? Só em recintos fechados;

- instituir o uso de vestidões ou calças jeans para mulheres em centros comerciais;

Afinal, a melhor prevenção é... a Prevenção!

Mas eu ia também sugerir ao governo francês para completar a propaganda: "... e depois do teste, se for trair, use camisinha."

Inocência minha: até mesmo na França há coisas que não se diz, não é mesmo?

Isso tudo me faz pensar sobre essa coisa linda que é o amor. Ah, o amor... o amor na maioria das vezes pressupõe alguma forma de exclusividade, mínima que seja. Algo que diga: "você é especial e único(a) para mim". Às vezes essa exclusividade se expressa por formas de tratamento: "Oi, meu chuchuzinho" para o parceiro. "Fala, cara", para os amigos (repare na sutileza: o chuchu é um legume sem gosto). Outras vezes ainda essa exclusividade está expressa justamente na exclusividade da parceria sexual: beijo (na boca, de língua) pode. Sexo não! Esse tipo de contrato amoroso é muito comum, diga-se de passagem, entre atores que, vez ou outra, vêem-se forçados pelas circunstâncias profissionais a tórridas cenas de amor. E pior que isso: forçados a repetir e repetir e repetir, até que fique perfeito. E a sábia atriz Vera Fischer, certa vez, sentenciou (com aparente conhecimento de causa): "não existe beijo profissional".

E por fim, chegamos ao amor moderno: "com você é sem camisinha. Com os outros é só sexo... e com camisinha! Mas isso não interfere em nada no nosso relacionamento". Sinceridade em tempos de doenças sexuais incuráveis vale mais que ouro: vale a vida. E o(a) companheiro(a) se rejubila de alegria, de ser "o escolhido(a)" para a propagação dos genes. E o marido continua a trazer proteção e sustento ao lar, a esposa continua a cuidar dos filhos, os amantes vem e vão, trazendo o prazer que se esqueceu em algum canto entre um tédio e outro, mas sem interferir na ordem cotidiana. E a vida segue.

Mas será esse o caminho do amor moderno, a aceitação da traição como um comportamento puramente humano e até, o compartilhamento das experiências, onde a exclusividade está justamente no prazer único proporcionado por essa cumplicidade? A julgar pelo crescimento da popularidade do swing (suruba) no mundo, diria que sim. E essa onda chegou até mesmo no Egito, onde um rapaz negociava um swing acabou sendo preso, meses atrás, no Cairo.

Enfim, pode até ser essa a tendência, mas isso não diz que todos têm que fazer igual (ter no plural é com acento? Essa nova regra me confundiu todo). Nem todos têm cabeça pra isso. Vejam só o caso do Egito: os outros, que nem participaram do ato em si, e portanto, a priori não tinha nada a ver com a história, mandaram prender todo mundo! Entendo: eles não tinham cabeça para viver uma experiência dessas e seguir uma vida normal, sem traumas. Só de ouvir a história, já começaram a imaginar o que nem aconteceu: suas esposas , e eles ali, vendo tudo, e elas lá vendo ele também, na festa com outras... um caldeirão de sensações bem próximas da loucura... prendam todo mundo! Eu não posso, ninguém pode. A melhor prevenção é mesmo a... Prevenção.

E eu o que acho isso tudo? Oras tem coisas que até mesmo em um blog não se diz, não é mesmo? Por muito menos do que isso, já vi gente em carne e osso ser despedida em Dubai, só porque emitiu comentários sobre um episódio infeliz com um tal ursinho de pelúcia que ocorreu lá no Sudão... felizmente português não é uma língua muito popular no Golfo.

Mas tudo bem, você tem razão: estou fugindo do assunto. Vou ser sincero com você, fiel leitor: eu não tenho cabeça pra essas coisas, e é por isso que sou fiel às minhas 15 concumbinas. Fidelidade é, sim, muito importante, e eu gosto! E antes que eu me esqueça: eu amo todos vocês. Um beijo (de língua) e até a próxima.

3 comentários:

Anônimo disse...

Alias, caros companheiros (estava com muitas saudades das respostas do ex-sheike Luis!)
Falando em coisas que não se diz, prevenção, poligamia e... hipocrizia...
Quase cai dura, quando em visita a Mascatt, Omã, meu atencioso, eficiente e inteligente misto de motorista e guia, explicando as caracteristicas culturais dos Beduínos, me disse amavelmente, como hábito mais que comum, que os homens beijavam as mulheres de outros homens na boca (como eles fazem entre eles... toque no nariz e selinho).
Ops... pera aí... beijo na boca das mulheres dos outros pode???????? Mesmo vestidas de hiyab, shaila e burca pode??????
Ah!!!!!!!!! coisas da cultura que não se diz...conversa vai, conversa vem... contei para ele que no Brasil a mulher vai de biquini na praia, mas se um homem beija a mulher dele na boca na frente dele...
bem, cultura é cultura...prevenção, poligamia... hipocrizia...ahahahahah!!!
SalamAlekum e beijão, Layla.
laylaf@uol.com.br

Menina de Angola disse...

Na verdade eu acredito que essa banalização do sexo sempre existiu, só que antes era escondido e agora todo mundo sabe. Ou vc acha que suruba e swing é algum mal do século XXI? Homossexualismo foi inventado agora? Todo mundo sabe que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo... O que acontece é que agora alguns colocam a camisinha no meio da história enquanto outros saem por ai contaminando todo mundo pela frente...

A propósito tem no plural não tem mais acento nem voo e outras oxitonas com vogal dobrada... Essas regras ficaram muito esquisitas, rs...

bj

Daniel Cerqueira disse...

"...Um beijo (de língua)..." é um verdadeiro grand finale!!!
Um tanto quanto controverso, eu diria.

¬¬'