Eles moravam juntos em um apartamento perto da Paulista. O pobre tinha o estranho costume de economizar em tudo. O rico, de gastar e, obviamente, de caçoar do pobre – "economia porca", dizia ele. Mas o pobre economizava: dizia que tudo andava muito caro na metrópole – a comida, o transporte, roupas. Certa vez, constatou que a carne estava cara. Não teve dúvidas: virou vegetariano. Mas voltou logo aos hábitos carnívoros ao constatar que, para compensar o déficit de proteínas, vegetarianos consomem um volume maior de alimentos. Em um restaurante por-quilo, isso pesa no prato, e claro, no bolso. Teve então outra boa idéia: comprou uma lancheira, daquelas do batman, super-homem ou coisa assim. Vendeu os tíckets-refeição e passou a levar um lanche para o almoço.
Almoço resolvido, hora de atacar o jantar: comprou um videogame. Dizia que, assim, começava a jogar e se esquecia de jantar. Mais economia!
Um dia o pobre foi comprar chinelos. Perguntou para o caixa: “por que é que o 41 é mais caro que o 40?” - por que é maior, disse o caixa. Comprou o número menor que o pé.
Um belo dia o local do trabalho mudou-se para longe: 10 km de casa. O pobre que, como o rico, ia à pé ao trabalho, sentiu o peso da distância: seriam forçados a andar de ônibus. Ele fez então as contas: gastaria no ano algo em torno de 400 reais com transporte. Tomou uma atitude saudável: comprou um tênis e uma mochila: iria de ônibus e voltaria correndo. Economizaria assim no transporte e na academia. Genial!
Do rico, não há muito o que dizer a não ser o fato que ele complementava o pobre: iam juntos (de ônibus) ao trabalho, jogavam videogame juntos, trabalhavam juntos. Certa vez, saiu do banheiro com uma cara de nojo e uma massaroca de papel higiênico na ponta dos dedos e foi até a mesa do pobre. Foi abrindo as folhas e lá estava o cartão magnético do Vale Transporte, que entregou para o pobre: "que horrooooooorr!".
O tempo passou, ambos mudaram de emprego. O pobre casou e comprou um apartamento; o rico comprou um carro.
Lembrei deles dias atrás quando entrei no elevador: a minha frente um senhor com uma camisa social. No bolso lia-se em um detalhe marcado por furos no tecido: “Microsoft”. Ele provavelmente ganhara a camisa com a marca bordada e a descosturou para “aproveitar a camisa”. Se o rico estivesse aqui, com certeza deixaria seu parecer: “coisa de pooooobre!”.
1.2.08
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Homenagem justa à dupla que por ironias da vida hoje vive a um continente de distância um do outro. E fica aqui a minha homenagem: que horrrorrrrr!
PS: em tempo, justiça seja feita: o Pobre tinha umas idéias sensacionais vai? hahahahahaha!
Que horrorrrrr, fiiii!
Postar um comentário