14.1.08

Meu querido diário: estado-de-sítio

São 5:20h da manhã: o telefone toca (maldito). Telefone que toca de madrugada (maldito) é mal sinal. Logo no feriado...

... Eid Al Bush, coisa nova: um presidente visita o país e, por questões de segurança, decreta-se um feriado. Ah! As vantagens de não se viver em um país democrático! Bush deve ter morrido de inveja.

São 20h do dia anterior. Recebo uma mensagem: "Mais algum felizardo agraciado com um feriado? Vamos remar amanhã às 10h!". É o Enrique, peruano que já está aqui há um bom tempo. Foi para uma lista de gente que não tem medo de água fria.

São 7h da manhã, um SMS: "O Gavin foi barrado pela guarda-costeira. Vou tentar mesmo assim as 10h!".

São 10h da manhã: o mesmo motivo que me interrompeu o sono impede agora de cumprir palavra. Ao menos não me impede de sair na rua de pijama as 10:30h de segunda-feira.

Barulho de avião. Mas o tráfego aéreo não está interrompido? Ele vem lá dos lados de Abu Dhabi voando baixo escoltado por 2 helicópteros e ao passar pelo Burj (Al Arab), faz uma curva pra esquerda. Está se posicionando sobre o mar para aterrisar (obviamente) lá no aeroporto. O Kim, que volta da praia comenta: "Air Force 1."

Sigo em frente (de pijama). O pessoal retorna antes do mar: a guarda-costeira parou. Caiaque? Só pertinho da praia, mas longe do Burj (Al Arab)! Uma das inglesas do grupo reclama: "It's not a holiday, it's a curfew!". Ela tentou pedalar perto do Burj (Al Arab) de manhã e - óbvio - foi barrada.

Curfew, palavra bonita. Nos jornais ela está sempre pertinho de outras como rallye e riot. Quase nenhum carro na rua, silêncio, ar puro. Curfew. Mas agora já é 12:30h, lá vem os imãs.

Idéia: filmar a cacofonia. Vista estratégica dos minaretes, só no telhado. Como sempre, o imã tosse antes de gritar. Na casa ao lado, no telhado, um gato caça passarinho. No quintal, um galo corre atrás de uma galinha. Horas antes, antes do imã, ele já havia dito: "Có-co-gú-cuuuuuuuu!".

Curfew: estado-de-sítio. A inglesa tem razão.

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