24.1.08
Baianas, Las originales
Silk Road Hotel, Yazd, Iran. Uma noite qualquer de dezembro em um país do Eixo do Mal. Turistas amedrontados com a iminente guerra nuclear e possível vitória da Malvadeza contra o Bem, refugiam-se em um quarto subterrâneo.
Em meio às preces para o Papai Noel, trocas de informações:
- Ei, seu chinelo é parecido com o meu.
Todo turista que se preza possui um par de chinelas (sim, chinelos é mais bonitinho, mas chinelas passa um ar mais praiano) de borracha, conhecidas em um determinado país da América do Sul como Havaianas, as Legítimas. Chinelo prático: seca rapidamente após o banho (nenhum turista é louco de tomar banho descalço em banheiros coletivos).
- Ei! Que porra é essa?!
E já vem a briga: é original? Não é?
- É original, sim! Minha irmã comprou pra mim no Brasil, lá no Rio de Janeiro! - argumenta o austríaco Chris, para o delírio dos brasucas de plantão.
Enfim, não importa: o importante é proteger o pé.
Baianas, Las originales: viva a globalização. Tem até uma bandeirinha do Brasil, para não deixar dúvidas quanto à procedência. Assim, sim.
(Eduardo, Luís, Chris, Arthur, não necessariamente nesta ordem).
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Um comentário:
HH Sheik Luis, what u can do for these brasilians:
25/01/2008 - 07h01
Brasileiros são presos sob acusação de roubo nos Emirados Árabes
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PAULO DE ARAUJO
da Folha Online
Três brasileiros foram presos em agosto do ano passado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e condenados a cinco anos de prisão sem provas e, de início, sem direito de defesa, segundo a versão de familiares. Eles estão detidos em Abu Dhabi, a capital do país.
Kiyoshi Ikeda e David Shibuya, que eram sócios em uma importadora de pneus, e Jonathan Moreira, funcionário da empresa, foram a Dubai a negócios. A viagem deveria durar 15 dias.
Arquivo pessoal
David Shibuya, um dos três brasileiros presos sob acusação de roubo nos Emirados Árabes
Segundo Guta Manastarla, mulher de Shibuya, ambos tinham o contato de um paquistanês, identificado pela família como Hamid Mohamad, com quem tratariam da importação de pneus para o Brasil. Após chegarem ao país, Mohamad teria emprestado um carro para que os brasileiros fossem à praia.
O combinado seria que, na volta, os dois deixassem o veículo em um porto. "Foi o que eles fizeram, deixaram o carro e voltaram para o hotel", disse Manastarla à Folha Online.
Neste mesmo dia, ela telefonou para o marido e, durante a conversa, teria ouvido "gritos e um barulho", antes que a linha fosse cortada.
A brasileira diz que só veio a ter notícias de Shibuya 45 dias depois. "Fiquei todo esse tempo sem saber nada deles. Procurei telefones de hospitais e hotéis onde eles pudessem estar, até descobrir o que havia de fato acontecido".
Os três brasileiros haviam sido detidos e foram condenados pelo roubo de cinco carros --dois deles em Sharjah e outros três em Abu Dhabi. Eles negam as acusações.
Segundo Manastarla, seu marido e os outros dois brasileiros estavam no hotel em Dubai quando foram detidos, depois de serem abordados violentamente pela polícia.
A brasileira diz ainda que os policiais não explicaram o motivo da prisão, nem mostraram identificações.
Armadilha
Para o advogado dos brasileiros, Abdul Qadir Ismail, os três caíram em um armadilha. "O que ocorreu é absolutamente ilógico. Eles não conheciam o país, e vieram passar apenas alguns dias. Como poderiam roubar um carro para levar para outro lugar?", questionou ele em entrevista por telefone de Abu Dhabi à Folha Online.
Segundo o advogado, que entrou com um pedido de recurso na Justiça, ao ser detido pela polícia, Mohamad confessou o roubo e acusou os brasileiros de participarem do crime.
"A única coisa que há contra os três é esse depoimento. Não há qualquer evidência", afirmou Ismail. "Aparentemente, ele queria dividir a culpa [pelo crime], por isso lançou a acusação".
Na apelação, Ismail diz que os brasileiros devem ser inocentados ou receber uma acusação por delito menor, como dirigir sem carteira. "Eles não tinham licença para dirigir aqui".
Ismail disse ainda que os brasileiros foram condenados sem ser ouvidos, e sem que a Justiça providenciasse um tradutor.
Prisão
De acordo com Christine Fernandes, mulher de Ikeda, os brasileiros passam frio e estão em más condições na prisão.
Arquivo pessoal
Kiyoshi Ikeda, um dos presos nos Emirados Árabes, ao lado da mulher, Christine
Segundo ela, o tratamento recebido pelo trio é "o pior possível". Eles seriam mantidos em um galpão com cerca de 200 pessoas, todas dormindo no chão, e os brasileiros ao lado de um banheiro.
"O que aconteceu é uma barbaridade. E parece que todo mundo está de olhos fechados", afirmou Fernandes à Folha Online.
Ela diz ainda que os brasileiros foram julgados sem provas, e que um problema de tradução nas declarações dos réus do inglês para o árabe prejudicou os brasileiros.
"No interrogatório, eles disseram que não estavam envolvidos e não sabiam de nada, mas não foi isso que foi escrito", diz ela.
Itamaraty
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirmou que a Embaixada do Brasil nos Emirados Árabes vem acompanhando o processo, e que os brasileiros recebem assistência consular.
Segundo o Itamaraty, porém, o governo brasileiro não pode interferir na Justiça de um "país autônomo e soberano", mas, se forem constatados abusos contra os presos, poderá intervir.
O ministério informa ainda que o Brasil não mantém com os Emirados Árabes um acordo de transferência de pessoas condenadas.
De acordo com o MRE, Kiyoshi, David e Jonathan são os únicos brasileiros atualmente presos nos Emirados Árabes em caráter oficial --ou seja, aqueles que pedem assistência consular.
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