24.2.08

Comprando arroz


Então você se mudou para o UAE (Iú-Êi-Í) porque queria ser um endinheirado... e agora está aí, chorando pelos cantos: "cadê o feijão?! Cadê o arroz?!" Snif, snif, que dó.

Do feijão, já comentei há muuuito tempo atrás que o feijão mais parecido com o carioquinha é o Pinto. Mas hoje, você me desculpe mas não vou falar de Pinto aqui. Quer Pinto? Vai no supermercado e procure pelo Pinto enlatado. Você vai encontrar. Porque agora eu quero falar de arroz, aquela coisa que, em geral, acompanha(va) o feijãozinho carioca...

Então me diz: você achava curioso não ter por aqui arroz sem cheiro, nao é? Lá na sua primeira semana de Iúêííí (sim, estou aportuguesando pra facilitar pra você, ignorante, que já está confundindo UAE e EAU com EUA. Não, não é a mesma coisa) você até provava com gosto esse arroz comprido e cheiroso, esse tal de Basmati.

Mas o tempo passou, não é? Basmati. Cheiroso... ui! E agora já anda blasfemando por aí: "arroz fedido! Cheiro de barata!" Isso tudo porque você nem chegou a ir pra Índia, ver como ele é produzido... com fertilizante... coisa humana... tudo "natural". E pensa que é bem justo que toda porca tenha o seu parafuso e vê até com sapiência o amigo indiano que quase chora de felicidade quando sente o cheirinho do Basmati. "Cada um, cada um, e cada qual com o seu qual", você diz já se gabando de filósofo popular. Basmati pra quem quer Basmati, Pinto pra quer quer Pinto. Mas afinal... qual é o seu qual? Você bem que tentou: foi no supermercado e voltou com esse tal de PALAKKADAN MATTA RICE, arroz vermelho que, de tão duro, você ainda tem dúvidas se é arroz ou uma variedade de noz.

Esforço-me agora para te ajudar: se você não gosta de comer arroz parvo - perdão! - parboilizado, desses do âncoubêns (sim, estou te ajudando de novo), procure então uma variedade chamada Calrose, que vem lá da Austrália, país longínquo e desabitado lá no meio do mar. Não é o que se pode dizer de arroz soltinho - sim, ele é meio pegajoso - mas é branquinho, e o mais importante: não fede. Aí sim, aí fica fácil: é só botar o Pinto na panela ao lado é já está quase em casa!

Mas muito cuidado: prometa para o Sheik que você jamais, nunca, never, vai confundir o Calrose com a variedade Samba, que vem lá do Sri Lanka.

Quem avisa amigo é, diz lá o ditado, e eu aqui não digo nada, apenas escrevo: o arroz Samba é branquinho igual, pequenino igual, tem até um nomezinho carismático, dançante, familiar, mas... experimenta pô-lo na panela! Esta peculiar variedade de arroz vai infestar sua cozinha com um espesso aroma de ânus suado.

E você ainda terá de agüentar seus convidados a perguntar: "Por que você ferve cuecas?".

Um comentário:

Nan disse...

E a Luisão, e a saudades daquele arroz branco, fejoada com feijão preta cheia de paio a carne seca...

Hum... Ok, ok... Tira a carne seca e o paio... rrrrrsss

Fui FDP agora... Pode me xingar.

Abraços,

Flavião.