29.2.08
Centro comercial brasileiro no UAE?
É o que foi notícia no Emirates Business 24|7 e 24/02/2008. Procurei a notícia na edição online, mas só encontrei matéria sobre o assunto aqui.
Brasil x Países do Golfo: comparativo econômico
Como disse no post anterior, penso que por vezes as pessoas se iludem quanto a capacidade de absorção de mão-de-obra dos países do Golfo. Há, sim, setores que crescem muito acima da média da economia de cada país, mas é preciso guardar as devidas proporções.
Limito-me aos países do GCC mais Iêmen. Vamos lá:
Utilizo como fonte dados do IBGE e Banco Mundial.
População
Totais aproximados:
Não seja tão rigoroso com os números: eles não são todos do mesmo ano, alguns estão defasados. E o dólar depreciou bastante desde 2006, alterando esses valores para 2007. O objetivo aqui é mais comparar o tamanho de cada país, o tamanho de suas economias. Vamos a apenas algumas inferências:
- A população destes países do Golfo é inferior à população do Estado de São Paulo;
- A população do Iêmen corresponde a quase 40% da população do GCC, mas seu PIB é a menos de 1/5 do PIB dos Emirados Árabes;
- O PIB de Omã é próximo ao PIB do Iêmen, mas com uma população 10x menor;
- A população dos Emirados Árabes é menor do que a população da cidade de São Paulo (Dubai, com 1,3 milhão de residentes, é um pouco maior do que Campinas, interior de São Paulo);
- A população brasileira cresce a uma taxa aproximada de pelo menos uma Dubai por ano;
Aonde quero chegar com isso?
O Brasil é, em termos populacionais e econômicos, muito maior do que toda a região do Golfo. Se desconsiderarmos Arábia Saudita e Iêmen, falamos de uma região com 10 milhões de habitantes e um PIB que é um terço do brasileiro.
Há muitas oportunidades no Golfo sim, mas é saudável guardar as devidas proporções.
Limito-me aos países do GCC mais Iêmen. Vamos lá:
Utilizo como fonte dados do IBGE e Banco Mundial.
População
País | População | Cresc.Pop(%) | PIB (US$) | Crescimento %PIB |
Brasil | 186,3 milhões (estimativa 2008) | 1 | 1 trilhão (2006) | 5?(2007) |
Arábia Saudita | 23,6 milhões (2006) | 2 (2006) | 309 bilhões (2006) | 3 (2006) |
Iêmen | 21,6 milhões (2006) | 3 (2006) | 19 bilhões (2006) | 3 (2006) |
Emirados Árabes | 4,6 milhões (2006) | 2 (2006) | 130 bilhões (2005) | 8 (2005) |
Omã | 2,6 milhões (2006) | 2 (2006) | 24 bilhões (2004) | 3 (2004) |
Kwait | 2,6 milhões (2006) | 3 (2006) | 80 bilhões (2005) | 8 (2005) |
Qatar | 830 mil (2006) | 2 (2006) | 42 bilhões (2005) | 6 (2005) |
Bahrein | 740 mil (2006) | 2 (2006) | 12 bilhões (2005) | 7 (2005) |
Totais aproximados:
País | População | PIB (US$) |
Brasil | 186 milhões | 1 trilhão |
Golfo | 57 milhões | 616 bilhões |
Não seja tão rigoroso com os números: eles não são todos do mesmo ano, alguns estão defasados. E o dólar depreciou bastante desde 2006, alterando esses valores para 2007. O objetivo aqui é mais comparar o tamanho de cada país, o tamanho de suas economias. Vamos a apenas algumas inferências:
- A população destes países do Golfo é inferior à população do Estado de São Paulo;
- A população do Iêmen corresponde a quase 40% da população do GCC, mas seu PIB é a menos de 1/5 do PIB dos Emirados Árabes;
- O PIB de Omã é próximo ao PIB do Iêmen, mas com uma população 10x menor;
- A população dos Emirados Árabes é menor do que a população da cidade de São Paulo (Dubai, com 1,3 milhão de residentes, é um pouco maior do que Campinas, interior de São Paulo);
- A população brasileira cresce a uma taxa aproximada de pelo menos uma Dubai por ano;
Aonde quero chegar com isso?
O Brasil é, em termos populacionais e econômicos, muito maior do que toda a região do Golfo. Se desconsiderarmos Arábia Saudita e Iêmen, falamos de uma região com 10 milhões de habitantes e um PIB que é um terço do brasileiro.
Há muitas oportunidades no Golfo sim, mas é saudável guardar as devidas proporções.
Carne turca
Klaus deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Declaração de saída definitiva II":
Postado por Klaus no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 29 Fevereiro, 2008
Caro Klaus,
Vejo que você colocou várias perguntas em apenas um comentário. Vamos por partes:
1 - eu sonhava em mudar pra Dubai trabalhar duro em um Hotel ganhar meus Dirhams, live a béder láifi ânder de sãn e comer umas turquinhas gostosinhas.
Caro Klaus, más notícias: aqui no IÚ-Êi-Í, canibalismo não é uma prática aceita socialmente.
Caso você se refira a manter relações sexuais consensuais sem fins procriativos sem a cobertura da instituição matrimonial, esta também não é uma prática legal por aqui, passível de cadeia e deportação, principalmente se a parceira em questão for seguidora do Islã. Mas sim, admito que esta prática ocorre às vezes por aqui e não incorre em riscos de prisão caso a cópula não se torne pública (exemplo: copular na praia, ou a garota engravidar).
Admitir que ela ocorra não significa dizer que seja fácil: para tal, o pretendente terá que suar muito a camisa, gastar muitos dirhams com perfumes europeus, jantares sofisticados, bebidas exóticas em bares noturnos (garotas sempre escolhem os coquetéis mais caros), ... e isso não lhe garante que você não fique na mão. E quem disse que isso está errado? É apenas ... diferente.
2 - A imagem que vai se formando de Dubai em minha mente é a de um lugar lotado de filipino, indiano, tailandês e outros homoerectus que trabalham 8 dias por semana e vendem o almoço para pagar a janta. (...) Terá a realidade um sabor diferente em Bahrein, no Qatar ou Oman???
Bingo! Não seja tão pessimista, mas há sim muitos estrangeiros em UAE, Qatar, Bahrein e Kwait realizando trabalhos de baixa qualificação e remuneração. Vale lembrar que estes trabalhadores ganham pouco, mas a diferença cambial para a moeda de seus países ainda faz com que o pouco que sobre seja o suficiente para sustentar a família e quem sabe acumular...
Omã já é um pouco diferente: este país possui uma política de limitação de mão-de-obra estrangeira. Não são dados vistos de trabalho para postos em que haja um omani para realizá-la. Desta maneira, a porcentagem de estrangeiros neste país é muito menor. Taxistas, recepcionistas, ... todos são omanis.
3 - Estarei eu, Sheik Luís, perdido nas trevas da ignorância e do fatalismo alucinados, ou Allah está me mostrando a verdade escondida por de trás dos áutidórs e propagandas cóme tú Dubái ???
Rapaz, nem o pior, nem o melhor: apenas diferente. Em geral, a frustração é o primeiro sentimento quem vem após a euforia da ilusão. Mas você está no caminho certo: deixar de lado as emoções é o primeiro passo para uma avaliação fria do que lhe interessa ou não.
Digo ilusão porque penso que muitas vezes as pessoas se iludem quanto à capacidade de absorção de mão-de-obra das economias do Golfo. Mas isso já é assunto para o próximo post.
4 - onde uma coca-cola custa os olhos da cara
Não sei se isso é vantagem ou não, mas aqui uma latinha de refrigerante custa entre 1 DH e 1,50 DH nas quitandas supermercados (eu não venderia meus olhos por 1 DH). No bar, obviamente é mais caro.
Sheik Luís,
Aqui é o Klaus novamente. Sabe, Sheik, quando eu era criança pequena, lá em Barbaçena, uns 40 dias atrás, eu sonhava em mudar pra Dubai trabalhar duro em um Hotel ganhar meus Dirhams, live a béder láifi ânder de sãn e comer umas turquinhas gostosinhas. Nessa mão, depois de enviar uns 200 CV pra tudo quanto é país, reinado, emirado, vila, república e ONG da região me tornei profissional em matéria de Oriente Médio (o quanto a web permite, pelo menos) o que vai além dos EAU e muito, mas muito além de Dubai, sobre qual vou criando uma impressão cada vez distante daquilo que achava que fosse. A imagem que vai se formando de Dubai em minha mente é a de um lugar lotado de filipino, indiano, tailandês e outros homoerectus que trabalham 8 dias por semana e vendem o almoço para pagar a janta. Soma-se a isso um monte de senhorios fazendo fila para enrrabar quem ganha um pouco mais e pode alugar um quarto, estúdio ou dividir uma casa; onde uma coca-cola custa os olhos da cara e onde você jamais vai chegar perto da tal da turquinha bonitinha correndo risco de ser deportado. Estarei eu, Sheik Luís, perdido nas trevas da ignorância e do fatalismo alucinados, ou Allah está me mostrando a verdade escondida por de trás dos áutidórs e propagandas cóme tú Dubái ???
Terá a realidade um sabor diferente em Bahrein, no Qatar ou Oman???
Postado por Klaus no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 29 Fevereiro, 2008
Caro Klaus,
Vejo que você colocou várias perguntas em apenas um comentário. Vamos por partes:
1 - eu sonhava em mudar pra Dubai trabalhar duro em um Hotel ganhar meus Dirhams, live a béder láifi ânder de sãn e comer umas turquinhas gostosinhas.
Caro Klaus, más notícias: aqui no IÚ-Êi-Í, canibalismo não é uma prática aceita socialmente.
Caso você se refira a manter relações sexuais consensuais sem fins procriativos sem a cobertura da instituição matrimonial, esta também não é uma prática legal por aqui, passível de cadeia e deportação, principalmente se a parceira em questão for seguidora do Islã. Mas sim, admito que esta prática ocorre às vezes por aqui e não incorre em riscos de prisão caso a cópula não se torne pública (exemplo: copular na praia, ou a garota engravidar).
Admitir que ela ocorra não significa dizer que seja fácil: para tal, o pretendente terá que suar muito a camisa, gastar muitos dirhams com perfumes europeus, jantares sofisticados, bebidas exóticas em bares noturnos (garotas sempre escolhem os coquetéis mais caros), ... e isso não lhe garante que você não fique na mão. E quem disse que isso está errado? É apenas ... diferente.
2 - A imagem que vai se formando de Dubai em minha mente é a de um lugar lotado de filipino, indiano, tailandês e outros homoerectus que trabalham 8 dias por semana e vendem o almoço para pagar a janta. (...) Terá a realidade um sabor diferente em Bahrein, no Qatar ou Oman???
Bingo! Não seja tão pessimista, mas há sim muitos estrangeiros em UAE, Qatar, Bahrein e Kwait realizando trabalhos de baixa qualificação e remuneração. Vale lembrar que estes trabalhadores ganham pouco, mas a diferença cambial para a moeda de seus países ainda faz com que o pouco que sobre seja o suficiente para sustentar a família e quem sabe acumular...
Omã já é um pouco diferente: este país possui uma política de limitação de mão-de-obra estrangeira. Não são dados vistos de trabalho para postos em que haja um omani para realizá-la. Desta maneira, a porcentagem de estrangeiros neste país é muito menor. Taxistas, recepcionistas, ... todos são omanis.
3 - Estarei eu, Sheik Luís, perdido nas trevas da ignorância e do fatalismo alucinados, ou Allah está me mostrando a verdade escondida por de trás dos áutidórs e propagandas cóme tú Dubái ???
Rapaz, nem o pior, nem o melhor: apenas diferente. Em geral, a frustração é o primeiro sentimento quem vem após a euforia da ilusão. Mas você está no caminho certo: deixar de lado as emoções é o primeiro passo para uma avaliação fria do que lhe interessa ou não.
Digo ilusão porque penso que muitas vezes as pessoas se iludem quanto à capacidade de absorção de mão-de-obra das economias do Golfo. Mas isso já é assunto para o próximo post.
4 - onde uma coca-cola custa os olhos da cara
Não sei se isso é vantagem ou não, mas aqui uma latinha de refrigerante custa entre 1 DH e 1,50 DH nas quitandas supermercados (eu não venderia meus olhos por 1 DH). No bar, obviamente é mais caro.
27.2.08
TCN
Third Country Nationals. Denominação pejorativa (racista?) para designar todo aquele que não é árabe ou ocidental.
Exemplo:
Hoje contratamos 3 TCNs..., sorry, não-ocidentais para esta função.
Exemplo:
Hoje contratamos 3 TCNs..., sorry, não-ocidentais para esta função.
25.2.08
Receita do sheik: queijo artesanal
1) Acorde cedo de manhã, em pleno verão. Vista-se: você vai correr. Uma, duas, três cuecas, a terceira de lã. Uma calça de couro bem justa por cima e vamos lá. Um, dois, três quilômetros no sol. Não precisa muito: o importante é cozinhar;
2) Repita o processo acima por 3 dias, sem se banhar ou trocar de roupa. Sacrifícios: a partir do segundo dia, sentirá a presença de prurido anal (aquela coceira no intocável). Ao final do terceiro dia, vá à cozinha, e tire a calça, a cueca de lã, bem como as demais;
3) Abra as pernas, abaixe a cabeça: bem ali, entre uma perna e outra, onde o escroto encosta à virilha, haverá aquele creme amarelado: requeijão. Com a faca (muito cuidado!) retire a matéria orgânica e a coloque em um potinho;
4) Leve o potinho ao sol, e repita todo o processo acima até que o potinho esteja cheio;
Humm, que delícia! Sabor inigualável, variedade queijobolor quasepus.
Você deve estar horrorizado: "quanto trabalho!". Mas não se desespere, não é o fim: a globalização traz até você o melhor de cada parte do mundo. Basta ir ao supermercado (de banho tomado) e comprar.
++++
Brincadeiras à parte, se você gosta de fortes emoções... esse queijo aí é, digamos, peculiar. Força!
24.2.08
Comprando arroz
Então você se mudou para o UAE (Iú-Êi-Í) porque queria ser um endinheirado... e agora está aí, chorando pelos cantos: "cadê o feijão?! Cadê o arroz?!" Snif, snif, que dó.
Do feijão, já comentei há muuuito tempo atrás que o feijão mais parecido com o carioquinha é o Pinto. Mas hoje, você me desculpe mas não vou falar de Pinto aqui. Quer Pinto? Vai no supermercado e procure pelo Pinto enlatado. Você vai encontrar. Porque agora eu quero falar de arroz, aquela coisa que, em geral, acompanha(va) o feijãozinho carioca...
Então me diz: você achava curioso não ter por aqui arroz sem cheiro, nao é? Lá na sua primeira semana de Iúêííí (sim, estou aportuguesando pra facilitar pra você, ignorante, que já está confundindo UAE e EAU com EUA. Não, não é a mesma coisa) você até provava com gosto esse arroz comprido e cheiroso, esse tal de Basmati.
Mas o tempo passou, não é? Basmati. Cheiroso... ui! E agora já anda blasfemando por aí: "arroz fedido! Cheiro de barata!" Isso tudo porque você nem chegou a ir pra Índia, ver como ele é produzido... com fertilizante... coisa humana... tudo "natural". E pensa que é bem justo que toda porca tenha o seu parafuso e vê até com sapiência o amigo indiano que quase chora de felicidade quando sente o cheirinho do Basmati. "Cada um, cada um, e cada qual com o seu qual", você diz já se gabando de filósofo popular. Basmati pra quem quer Basmati, Pinto pra quer quer Pinto. Mas afinal... qual é o seu qual? Você bem que tentou: foi no supermercado e voltou com esse tal de PALAKKADAN MATTA RICE, arroz vermelho que, de tão duro, você ainda tem dúvidas se é arroz ou uma variedade de noz.
Esforço-me agora para te ajudar: se você não gosta de comer arroz parvo - perdão! - parboilizado, desses do âncoubêns (sim, estou te ajudando de novo), procure então uma variedade chamada Calrose, que vem lá da Austrália, país longínquo e desabitado lá no meio do mar. Não é o que se pode dizer de arroz soltinho - sim, ele é meio pegajoso - mas é branquinho, e o mais importante: não fede. Aí sim, aí fica fácil: é só botar o Pinto na panela ao lado é já está quase em casa!
Mas muito cuidado: prometa para o Sheik que você jamais, nunca, never, vai confundir o Calrose com a variedade Samba, que vem lá do Sri Lanka.
Quem avisa amigo é, diz lá o ditado, e eu aqui não digo nada, apenas escrevo: o arroz Samba é branquinho igual, pequenino igual, tem até um nomezinho carismático, dançante, familiar, mas... experimenta pô-lo na panela! Esta peculiar variedade de arroz vai infestar sua cozinha com um espesso aroma de ânus suado.
E você ainda terá de agüentar seus convidados a perguntar: "Por que você ferve cuecas?".
E eu já ia me esquecendo...
... da promoção da DAMAC, construtora multinacional de edifícios de alt(íssim)o padrão, para o DSF 2008.
No ano passado, a promoção era: comprar um apartamento e ganhar um jaguar e concorrer a um jatinho particular. Neste ano, eles aumentaram o prêmio: comprou um apartamento ou escritório deles durante o DSF? Então...
... no ato da compra, você ganha um veículo poluidor a escolher: BMW ou Volvo (é claro que o preço do veículo não está embutido no preço, né? Eles não fariam uma barbaridade dessas);
... ganha o direito de participar do "Grand Raffle Prize" de um jato particular Eclipse;
... ganha ainda o mega-direito de participar do "Mega Raffle Prize" de uma ilha privada no Caribe (Pelican Caye);
Enfim, talvez o objetivo seja mesmo esse: que os caipiras boquiabertos vejam o cartaz e contem para outros - você viuuu??? - que, boquiabertos, dizem satisfeitos: "Dubai, o paraíso dos endinheirados".
Ambos ficam felizes: um por saber notícia que ninguém sabia ou acredita; o outro por conhecer uma novidade novinha em folha, de que no mundo existe um paraíso lá longe, prá lá de Bagdá, onde o BNH dá carro, avião e ilha. Isso tudo sem necessidade de ter Sílvio Santos e carnê do Baú em dia. E depois conta pro outro amigo: "ouvi dizer que o Julio Iglesias tem casa lá. Celebridade é assim, não essas meninas de Big Brother que posam na Playboy pra comprar apartamento". E quando se viu, já se acabou o dia de tanta prosa e tanto assunto.
Uma loucura.
16.2.08
DSF e os sorteios
Por ocasião do DSF (Dubai Shopping Festival 2008), proliferam-se os sorteios pela cidade:
- A rede de supermercados Choitram está sorteando 3 veículos Hummer. Sorteios em 30/01, 15/02 e 29/02;
- O Ibn Battuta Mall sorteia 4 veículos Mini Cooper. Sorteios em 31/01, 07/02, 14/02, 24/02. Um cupom para cada 300 dirhams em compras;
- As redes de postos de gasolina EPPCO e ENOC sorteiam 20.000 dirhams semanalmente. E para aqueles que enviam seu cupom por SMS para um determinado número, concorrem adicionalmente a um conjunto "Perfekt Diamonds" da joalheria JOYALUKKAS no valor de 35.000 dirhams;
- Não contentes com apenas um sorteio, as redes EPPCO e ENOC oferecem cupons para o "Nissan Grand Raffle". Sorteio de 3 veículos da marca Nissan todo final de semana;
É interessante notar que no festival do consumo, com excessão das jóias, todos os demais prêmios são produtos que fazem o cidadão gastar ainda mais dinheiro, seja com seguro ou combustível. Não vi nenhum sorteio do que há demais caro no mundo: tempo-livre.
Declaração de saída definitiva II
Klaus deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Declaração de saída definitiva do país":
Postado por Klaus no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 12 Fevereiro, 2008
Klaus,
Muito pertinente a sua dúvida. Se você não declarar a saída do país, corre um sério risco de ser obrigado a pagar imposto de renda sobre o montante acumulado no exterior no momento de retorno ao país.
Vamos tentar entender um pouco o funcionamento do imposto de renda no Brasil e a finalidade das declarações.
O imposto de renda
O Brasil é um país que possui um imposto sobre o rendimento de pessoas físicas. Isso significa que todo cidadão ou estrangeiro residente no país é obrigado a pagar uma porcentagem de todos os seus rendimentos anuais em impostos. Do montante anual pago, há regras para se deduzir determinados gastos, com saúde e educação, por exemplo.
Vamos definir alguns casos:
a) No caso dos cidadãos cuja única fonte de renda é um emprego formal, o imposto já é retido "na fonte", ou seja, antes de receber o seu salário, o imposto já foi descontado. Os rendimentos provenientes de aplicações financeiras já são também automaticamente deduzidos antes da realização do lucro. Para os cidadãos que se encaixam neste perfil, a declaração anual é assim a chance de recuperar parte do imposto pago em excesso, considerando-se os descontos aplicáveis;
b) No caso de cidadãos cuja renda não seja proveniente de emprego formal ou aplicações financeiras - por exemplo, renda proveniente de aluguéis - o imposto não é retido "na fonte", ou seja, descontado automaticamente. Assim, a declaração do imposto serve para definir o montante anual a ser pago pelo contribuinte;
O brasileiro no exterior e a declaração de saída definitiva
A declaração de saída definitiva do país informa ao governo brasileiro que o cidadão não produz riqueza (ou não possui renda tributável) em território brasileiro. É a garantia que o cidadão que saiu do país de que não terá seu patrimônio tributado duas vezes em caso de repatriação. É a maneira de se evitar ser confundido com o cidadão do caso b).
A declaração de saída definitiva do país justifica a existência de patrimônio não compatível com a riqueza gerada no Brasil e evita que o cidadão seja considerado um criminoso por enriquecimento ilícito ou evasão de divisas.
Resumindo, a regra é: se você não é residente no país, não pagará imposto sobre o patrimônio acumulado no exterior (seja em um país tax-free ou não). Paga apenas sobre os rendimentos gerados no Brasil. Ao menos é esse meu entendimento.
Abraço de sheik,
Luís
Sheik,
como funciona isto. Não há taxação sobre os salários nem transações feitos em Dubai, mas ao deixar o país, provisóriamente ou definitivamente os estrangeiros são obrigado a recolher taxas?
Não entendi, pode explicar?
Obrigado
Klaus
Postado por Klaus no blog Dubai F. C. em Terça-feira, 12 Fevereiro, 2008
Klaus,
Muito pertinente a sua dúvida. Se você não declarar a saída do país, corre um sério risco de ser obrigado a pagar imposto de renda sobre o montante acumulado no exterior no momento de retorno ao país.
Vamos tentar entender um pouco o funcionamento do imposto de renda no Brasil e a finalidade das declarações.
O imposto de renda
O Brasil é um país que possui um imposto sobre o rendimento de pessoas físicas. Isso significa que todo cidadão ou estrangeiro residente no país é obrigado a pagar uma porcentagem de todos os seus rendimentos anuais em impostos. Do montante anual pago, há regras para se deduzir determinados gastos, com saúde e educação, por exemplo.
Vamos definir alguns casos:
a) No caso dos cidadãos cuja única fonte de renda é um emprego formal, o imposto já é retido "na fonte", ou seja, antes de receber o seu salário, o imposto já foi descontado. Os rendimentos provenientes de aplicações financeiras já são também automaticamente deduzidos antes da realização do lucro. Para os cidadãos que se encaixam neste perfil, a declaração anual é assim a chance de recuperar parte do imposto pago em excesso, considerando-se os descontos aplicáveis;
b) No caso de cidadãos cuja renda não seja proveniente de emprego formal ou aplicações financeiras - por exemplo, renda proveniente de aluguéis - o imposto não é retido "na fonte", ou seja, descontado automaticamente. Assim, a declaração do imposto serve para definir o montante anual a ser pago pelo contribuinte;
O brasileiro no exterior e a declaração de saída definitiva
A declaração de saída definitiva do país informa ao governo brasileiro que o cidadão não produz riqueza (ou não possui renda tributável) em território brasileiro. É a garantia que o cidadão que saiu do país de que não terá seu patrimônio tributado duas vezes em caso de repatriação. É a maneira de se evitar ser confundido com o cidadão do caso b).
A declaração de saída definitiva do país justifica a existência de patrimônio não compatível com a riqueza gerada no Brasil e evita que o cidadão seja considerado um criminoso por enriquecimento ilícito ou evasão de divisas.
Resumindo, a regra é: se você não é residente no país, não pagará imposto sobre o patrimônio acumulado no exterior (seja em um país tax-free ou não). Paga apenas sobre os rendimentos gerados no Brasil. Ao menos é esse meu entendimento.
Abraço de sheik,
Luís
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Dicas para expatriados,
Sheik Luís responde
Entretenimento em Dubai
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Valentine's Day x DSF":
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 15 Fevereiro, 2008
Olá Douglas,
Vamos a suas dúvidas:
1) custo-de-vida: já publiquei muitos posts sobre este assunto, e como já disse, o mais caro aqui é acomodação. Com relação à alimentação, apesar da inflação, os preços de supermercado são semelhantes ou até mais baratos do que no Brasil. Quanto a restaurantes, tudo depende de onde sua empresa está instalada: em geral, em áreas empresariais, o preço de um prozaico almoço em um restaurante gira em torno de 40 dh, algo não muito diferente de cidades como São Paulo. Café e sucos são bem mais caros do que no Brasil;
2) Entretenimento: Dubai é uma cidade que oferece muitas oportunidades neste âmbito. Algumas opções:
- cinema: 35 dh;
- baladas: muitas opções... traga a sua noiva se quiser entrar!
- restaurantes: opções para todos os bolsos;
- Ski Dubai: em torno de 200 dh/2h;
- corrida de kart: em torno de 150 dh;
- pentball: em torno de 150 dh;
- futebol: é preciso alugar uma quadra, sai em torno de 30 dh/pessoa;
- kite surf: o material todo sai por uns 4000 dh, aulas em torno de 600 dh/mês;
- caiaque: um caiaque novo sai por uns 4500 dh, um usado, em torno de 2000 dh. Aulas no clube 1x/semana, por 600 dh/mês;
- academias de ginástica: há muitas...
- hockey no gelo: sim, há uma quadra de gelo no complexo "Al Nasr Leisureland";
- triatlo;
- ciclismo: há os passeios semanais gratuitos (em bicicletas speed) da Wolfi's Bikeshop. Duro é levantar na sexta às 5h da manhã. Há também a turma que treina durante a semana em torno de Nad Al Sheba;
- caraoquê: há um na galeria das Emirates Towers;
- boliche: há pelo menos 2 casas de boliche em Dubai;
- bilhar: outro dia vi um lugar desses, mas não me lembro onde. Há brasileiros que acharam mais fácil comprar uma mesa e enfeitar a sala, hehehe...
- salsa: há uma infinidade de cursos de salsa em Dubai, um dos melhores lugares para se conhecer mulheres. De 35 a 50 dh/aula;
- tango: há também um grupinho consistente de praticantes de tango na cidade. Ponto para os argentinos;
- massagem e "fitness": eufemismo para prostituição. Não serei moralista a ponto de negar algo que sempre existiu, nem insensato a ponto de fazer apologia ao crime: prostituição não é algo legalizado por aqui e que vem sendo reprimido fortemente pelo governo. O mais intrigante é ainda ver alguns anúncios de "massagem e fitness" nos jornais... ainda há muita prostituta aqui (chinesas, russas, africanas), os preços variam de 300 a 1500 dirhams e saiba que se você for pego em flagrante no "fitness", pode ir para cadeia com direito a deportação no final;
- passeios no deserto: muitas operadoras realizando esses tours. Em torno de 200 dh/pessoa;
- caminhadas outdoor: compre um 4x4, guia "UAE offroad", uma barraca no Carrefour, e corra para as piscinas de Hatta, Mussandam (em Omã), Fossil Rock, Stairway to Heaven, Jebel Hatta, Ray... e aproveite enquanto o verão não chega;
- playstation: ah... o verão chegou? Chora neném... boa diversão com seu Playstation portátil no seu quarto, com o ar condicionado ligado;
- fazer filhos: este é um dos entretenimentos preferidos das famílias aqui em Dubai, locais ou de expatriados (corrigo: das famílias de expatriados que podem bancar o visto de seus familiares). Você certamente notará a quantidade de famílias com carrinhos de bebê e a quantidade de crianças nos shoppings e restaurantes da cidade;
3) Sua noiva: rapaz, é como eu disse, não há motivo para pânico. Desde que ela siga as recomendações, não há o que temer. De qualquer modo, se você vier antes e já ajeitar algumas coisas como aluguel, vai fazer a experiência dela menos traumática.
É isso aí.
Abraço de sheik,
Luís
Olá,
Gostei bastante do seu blog!
Recebi uma proposta de trabalho aí em Dubai, na área de T.I., ainda estou analisando, mas queria trocar uma idéia sobre o custo de vida aí?
Principalmente refeições e entretenimento (já que ninguém só trabalha nessa vida).
Hospedagem será paga pela empresa que está me "assediando".
Se tiver msn, gtalk, skype ou qq coisa do gênero ajuda na nossa conversa!
Ah! Também me interesso pelas diferenças culturais...me assustei com o post sobre as mulheres e já desisti de levar minha noiva, pelo menos por enquanto.
Abraço
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 15 Fevereiro, 2008
Olá Douglas,
Vamos a suas dúvidas:
1) custo-de-vida: já publiquei muitos posts sobre este assunto, e como já disse, o mais caro aqui é acomodação. Com relação à alimentação, apesar da inflação, os preços de supermercado são semelhantes ou até mais baratos do que no Brasil. Quanto a restaurantes, tudo depende de onde sua empresa está instalada: em geral, em áreas empresariais, o preço de um prozaico almoço em um restaurante gira em torno de 40 dh, algo não muito diferente de cidades como São Paulo. Café e sucos são bem mais caros do que no Brasil;
2) Entretenimento: Dubai é uma cidade que oferece muitas oportunidades neste âmbito. Algumas opções:
- cinema: 35 dh;
- baladas: muitas opções... traga a sua noiva se quiser entrar!
- restaurantes: opções para todos os bolsos;
- Ski Dubai: em torno de 200 dh/2h;
- corrida de kart: em torno de 150 dh;
- pentball: em torno de 150 dh;
- futebol: é preciso alugar uma quadra, sai em torno de 30 dh/pessoa;
- kite surf: o material todo sai por uns 4000 dh, aulas em torno de 600 dh/mês;
- caiaque: um caiaque novo sai por uns 4500 dh, um usado, em torno de 2000 dh. Aulas no clube 1x/semana, por 600 dh/mês;
- academias de ginástica: há muitas...
- hockey no gelo: sim, há uma quadra de gelo no complexo "Al Nasr Leisureland";
- triatlo;
- ciclismo: há os passeios semanais gratuitos (em bicicletas speed) da Wolfi's Bikeshop. Duro é levantar na sexta às 5h da manhã. Há também a turma que treina durante a semana em torno de Nad Al Sheba;
- caraoquê: há um na galeria das Emirates Towers;
- boliche: há pelo menos 2 casas de boliche em Dubai;
- bilhar: outro dia vi um lugar desses, mas não me lembro onde. Há brasileiros que acharam mais fácil comprar uma mesa e enfeitar a sala, hehehe...
- salsa: há uma infinidade de cursos de salsa em Dubai, um dos melhores lugares para se conhecer mulheres. De 35 a 50 dh/aula;
- tango: há também um grupinho consistente de praticantes de tango na cidade. Ponto para os argentinos;
- massagem e "fitness": eufemismo para prostituição. Não serei moralista a ponto de negar algo que sempre existiu, nem insensato a ponto de fazer apologia ao crime: prostituição não é algo legalizado por aqui e que vem sendo reprimido fortemente pelo governo. O mais intrigante é ainda ver alguns anúncios de "massagem e fitness" nos jornais... ainda há muita prostituta aqui (chinesas, russas, africanas), os preços variam de 300 a 1500 dirhams e saiba que se você for pego em flagrante no "fitness", pode ir para cadeia com direito a deportação no final;
- passeios no deserto: muitas operadoras realizando esses tours. Em torno de 200 dh/pessoa;
- caminhadas outdoor: compre um 4x4, guia "UAE offroad", uma barraca no Carrefour, e corra para as piscinas de Hatta, Mussandam (em Omã), Fossil Rock, Stairway to Heaven, Jebel Hatta, Ray... e aproveite enquanto o verão não chega;
- playstation: ah... o verão chegou? Chora neném... boa diversão com seu Playstation portátil no seu quarto, com o ar condicionado ligado;
- fazer filhos: este é um dos entretenimentos preferidos das famílias aqui em Dubai, locais ou de expatriados (corrigo: das famílias de expatriados que podem bancar o visto de seus familiares). Você certamente notará a quantidade de famílias com carrinhos de bebê e a quantidade de crianças nos shoppings e restaurantes da cidade;
3) Sua noiva: rapaz, é como eu disse, não há motivo para pânico. Desde que ela siga as recomendações, não há o que temer. De qualquer modo, se você vier antes e já ajeitar algumas coisas como aluguel, vai fazer a experiência dela menos traumática.
É isso aí.
Abraço de sheik,
Luís
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Sheik Luís responde
Belly dancers em Dubai II
Michele deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Belly dancers em Dubai":
Postado por Michele no blog Dubai F. C. em Sábado, 16 Fevereiro, 2008
Olá Michele,
Se você fala inglês, não sofrerá tanto. Terá talvez dificuldades para se acostumar com a diversidade de sotaques (até mesmo quem é de país anglófono tem dificuldades).
Quanto às dançarinas, é como já disse no post anterior: levando em consideração questões como o visto, é muito improvável que hotéis paguem por apresentações avulsas. O mais comum (e até mais seguro) é se propor um contrato fechado de 3 a 6 meses, já incluindo vôos, acomodação, visto, etc.
É assim para dançarinas, músicos, e quase todas as áreas artísticas.
Olá Sheik Luís, qts idiomas uma pessoa precisa falar p/ não "sofrer tanto" em Dubai... estava pensando em trabalhar ou montar alguma coisa... sou bailarina de Dança do Ventre, em media qt uma bailarina ganha p/ apresentação em Dubai?!... agradeço desde já sua atenção.
Grato.
Postado por Michele no blog Dubai F. C. em Sábado, 16 Fevereiro, 2008
Olá Michele,
Se você fala inglês, não sofrerá tanto. Terá talvez dificuldades para se acostumar com a diversidade de sotaques (até mesmo quem é de país anglófono tem dificuldades).
Quanto às dançarinas, é como já disse no post anterior: levando em consideração questões como o visto, é muito improvável que hotéis paguem por apresentações avulsas. O mais comum (e até mais seguro) é se propor um contrato fechado de 3 a 6 meses, já incluindo vôos, acomodação, visto, etc.
É assim para dançarinas, músicos, e quase todas as áreas artísticas.
O Camisa-Azul
Os pratos se acumulam na pia. Uma menção em abrir a torneira e alguém avisa:
- Don't bother with that: tomorrow is Blue Shirt's day.
O Camisa-Azul está quase todos os dias em casa; ele vem de Sonapur no primeiro ônibus da empresa às 6:30h, chega por volta das 8:00 h e faz biscates pelas casas vizinhas até às 9:30 h. Então troca de roupa no corredor, toma a bicicleta presa à palmeira de tâmaras e segue para seu trabalho cujo turno se inicia às 10 h: um supermercado na Al Wasl Road. Daí o apelido: o uniforme é azul. Às 19:30h ele aparece novamente, guarda a bicicleta, conversa com alguns amigos na praia e por volta das 20:30h, toma o ônibus de volta ao seu alojamento.
Pele escura, bigode:
- Are you from India?
- No sir, Sri Lanka. Sri Lanka.
Ele tem 22 anos e veio para cá há alguns anos, atraído provavelmente pela foto de uma torre azul metálica, pelo conselho de algum amigo. Não tem o pesar de quem sai de um país em guerra - talvez a desconheça - mas o ar satisfeito de quem vê oportunidades de trabalho que não há em sua terra. Ironia? Consoante à receita de sucesso em um mundo globalizado, é poliglota: fala tamil e hindi.
- Where do you live?
- Yes, sir.
Mas seu inglês é limitado. Mesmo assim, ele quase dobra sua renda de 800 dirhams com seus biscates. Ele lava o carro do Greg três vezes por semana pela manhã. Por lavar as louças semanalmente, mais 100 dirhams por mês. Passar roupa? Camisa-Azul. Sapato novo que aperta no pé? Camisa-Azul para laceá-lo. 50, 100 dirhams: perde-se a noção do pouco e do muito.
Talvez o apelido não seja apenas pelo seu uniforme, mas um ato deliberado de distanciamento e distinção de classes: aqueles que têm uma vida digna dos que realizam trabalhos ingratos. Como se fosse degradante lavar pratos; como se houvesse muita diferença entre limpar banheiros e realizar testes de software.
Este fim-de-semana, alguém lhe conferiu mais um servico: retirar uns arbutos que cresceram no quintal.
- And what is your name?
- Tanikha.
E por fim, o Camisa-Azul tem nome.
- Don't bother with that: tomorrow is Blue Shirt's day.
O Camisa-Azul está quase todos os dias em casa; ele vem de Sonapur no primeiro ônibus da empresa às 6:30h, chega por volta das 8:00 h e faz biscates pelas casas vizinhas até às 9:30 h. Então troca de roupa no corredor, toma a bicicleta presa à palmeira de tâmaras e segue para seu trabalho cujo turno se inicia às 10 h: um supermercado na Al Wasl Road. Daí o apelido: o uniforme é azul. Às 19:30h ele aparece novamente, guarda a bicicleta, conversa com alguns amigos na praia e por volta das 20:30h, toma o ônibus de volta ao seu alojamento.
Pele escura, bigode:
- Are you from India?
- No sir, Sri Lanka. Sri Lanka.
Ele tem 22 anos e veio para cá há alguns anos, atraído provavelmente pela foto de uma torre azul metálica, pelo conselho de algum amigo. Não tem o pesar de quem sai de um país em guerra - talvez a desconheça - mas o ar satisfeito de quem vê oportunidades de trabalho que não há em sua terra. Ironia? Consoante à receita de sucesso em um mundo globalizado, é poliglota: fala tamil e hindi.
- Where do you live?
- Yes, sir.
Mas seu inglês é limitado. Mesmo assim, ele quase dobra sua renda de 800 dirhams com seus biscates. Ele lava o carro do Greg três vezes por semana pela manhã. Por lavar as louças semanalmente, mais 100 dirhams por mês. Passar roupa? Camisa-Azul. Sapato novo que aperta no pé? Camisa-Azul para laceá-lo. 50, 100 dirhams: perde-se a noção do pouco e do muito.
Talvez o apelido não seja apenas pelo seu uniforme, mas um ato deliberado de distanciamento e distinção de classes: aqueles que têm uma vida digna dos que realizam trabalhos ingratos. Como se fosse degradante lavar pratos; como se houvesse muita diferença entre limpar banheiros e realizar testes de software.
Este fim-de-semana, alguém lhe conferiu mais um servico: retirar uns arbutos que cresceram no quintal.
- And what is your name?
- Tanikha.
E por fim, o Camisa-Azul tem nome.
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O nome das coisas
15.2.08
Belly dancers em Dubai
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Recomendações para mulheres":
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 15 Fevereiro, 2008
Olá Anônimo,
É sempre um prazer recebê-lo por aqui. Quanto a sua filha, vamos por etapas:
1) Como é a vida das dançarinas de dança-do-ventre aqui?
Olha só, há mais brasileiras dançarinas-do-ventre por aqui. O mercado de trabalho nesta área é profissional e funciona mais ou menos assim: em geral, as garotas fecham um contrato com um hotel ou resort por um perído de 3 a 6 meses, e recebem passagem aérea e acomodação. Há garotas que fecham contrato para dançar nos acampamentos turísticos do deserto.
Como assim acampamento no deserto? Funciona assim: há diversas operadoras de passeios de 4x4 pelo deserto. Praticamente todos eles terminam nestes acampamentos turísticos, na verdade uma construção semelhante a uma fazenda de criação de camelos onde o turista pode realizar passeios de camelo, andar de quadriciclo, escorregar nas dunas, tomar café ou chá árabe, comer tâmaras, fumar xixa, tirar fotos com roupas típicas... tudo isso termina com um portentoso jantar animado por apresentações de dança-do-ventre.
Ufa. Espero que tenha entendido. Vamos ao próximo tópico.
2) O salário é bom? Se o caso acima é o de sua filha - passagem aérea e acomodação inclusas - estamos falando de um salário de 10 mil dirhams limpinhos e dobradinhos no bolso de sua filha dançarina. É um bom salário, levando em conta que a maior despesa para o residente em Dubai é o aluguel.
3) É seguro? Caro Anônimo, é como eu já disse no post anterior: se a sua filha seguir as recomendações que ali deixei, ela evitará os problemas mais sérios. Se ela já trabalha no Brasil como dançarina-do-ventre, certamente já está habituada a lidar com o assédio masculino e tirará de letra. Dubai é a cidade mais aberta do mundo árabe, mas ainda tem muito homem que não sabe respeitar mulher... enfim, a maldade está nos corações, e não na cidade em si.
Ah, e sua filha chegar sozinha, outra dica de ouro é: tentar se embrenhar na comunidade de brasileiros aqui. Conhecer um grupo que fala a sua língua ajuda bastante na adaptação, principalmente no início, quando o encanto inicial cai por terra (e olha que cai rapidinho).
Dubai - como muitos outros lugares - é como um maracujá: é preciso saber degustá-la. Os afoitos (todos nós) mordem a fruta; ficam com um gosto azedo amarrado na boca e falam pra todo mundo que é a pior fruta que já comeram. Mas quem lê a receita em um dia de sol e brisa fresca, abre a fruta, raspa a poupa com uma colher, mistura leite condensado e aguardente, gelo, bate o pilão, hmmm... apologias politicamente incorretas à parte, esse sujeito terá uma impressão completamente distinta da fruta.
É isso aí,
Beijos azedos do Sheik,
sabor maracujá.
Prezado sheik:
Estou muito preocupado pois uma de minhas filhas é dançarina (dança do ventre)e se inscreveu num site que contrata belly dancers brasileiras para trabalhar nos Emirados Árabes, ganhando 2600 dólares. Ela está cheia de sonhos, "investindo" quase tudo que ganha em seu trabalho para cumprir as exigências deles.
Por favor, como é a vida aí para essas meninas? É seguro?.
Agradeço tudo o que puder me dizer.
Parabéns pelo BLOG!
Abraços.
Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Sexta-feira, 15 Fevereiro, 2008
Olá Anônimo,
É sempre um prazer recebê-lo por aqui. Quanto a sua filha, vamos por etapas:
1) Como é a vida das dançarinas de dança-do-ventre aqui?
Olha só, há mais brasileiras dançarinas-do-ventre por aqui. O mercado de trabalho nesta área é profissional e funciona mais ou menos assim: em geral, as garotas fecham um contrato com um hotel ou resort por um perído de 3 a 6 meses, e recebem passagem aérea e acomodação. Há garotas que fecham contrato para dançar nos acampamentos turísticos do deserto.
Como assim acampamento no deserto? Funciona assim: há diversas operadoras de passeios de 4x4 pelo deserto. Praticamente todos eles terminam nestes acampamentos turísticos, na verdade uma construção semelhante a uma fazenda de criação de camelos onde o turista pode realizar passeios de camelo, andar de quadriciclo, escorregar nas dunas, tomar café ou chá árabe, comer tâmaras, fumar xixa, tirar fotos com roupas típicas... tudo isso termina com um portentoso jantar animado por apresentações de dança-do-ventre.
Ufa. Espero que tenha entendido. Vamos ao próximo tópico.
2) O salário é bom? Se o caso acima é o de sua filha - passagem aérea e acomodação inclusas - estamos falando de um salário de 10 mil dirhams limpinhos e dobradinhos no bolso de sua filha dançarina. É um bom salário, levando em conta que a maior despesa para o residente em Dubai é o aluguel.
3) É seguro? Caro Anônimo, é como eu já disse no post anterior: se a sua filha seguir as recomendações que ali deixei, ela evitará os problemas mais sérios. Se ela já trabalha no Brasil como dançarina-do-ventre, certamente já está habituada a lidar com o assédio masculino e tirará de letra. Dubai é a cidade mais aberta do mundo árabe, mas ainda tem muito homem que não sabe respeitar mulher... enfim, a maldade está nos corações, e não na cidade em si.
Ah, e sua filha chegar sozinha, outra dica de ouro é: tentar se embrenhar na comunidade de brasileiros aqui. Conhecer um grupo que fala a sua língua ajuda bastante na adaptação, principalmente no início, quando o encanto inicial cai por terra (e olha que cai rapidinho).
Dubai - como muitos outros lugares - é como um maracujá: é preciso saber degustá-la. Os afoitos (todos nós) mordem a fruta; ficam com um gosto azedo amarrado na boca e falam pra todo mundo que é a pior fruta que já comeram. Mas quem lê a receita em um dia de sol e brisa fresca, abre a fruta, raspa a poupa com uma colher, mistura leite condensado e aguardente, gelo, bate o pilão, hmmm... apologias politicamente incorretas à parte, esse sujeito terá uma impressão completamente distinta da fruta.
É isso aí,
Beijos azedos do Sheik,
sabor maracujá.
Aviso - Cartão Dubaimlm
Caríssimos,
Eu bem sei a tentação que é a possibilidade de um lucro fácil, sem trabalhar. Mas o sheik abomina ações de espertinhos, principalmente quando esta ação tenha como objetivo lesar o próximo.
É a última vez que aviso:
TODO E QUALQUER COMENTÁRIO COM LINKS PARA ESSA M... DE CARTÃO DUBAIMLM SERÃO SUMARIAMENTE APAGADOS.
O Sheik não tem interesse em correntes, pirâmides que não sejam egípcias ou pré-colombianas, marketing de rede e coisas do gênero. E tem raiva de quem tem.
Fui claro?
Beijocas de sheik.
Eu bem sei a tentação que é a possibilidade de um lucro fácil, sem trabalhar. Mas o sheik abomina ações de espertinhos, principalmente quando esta ação tenha como objetivo lesar o próximo.
É a última vez que aviso:
TODO E QUALQUER COMENTÁRIO COM LINKS PARA ESSA M... DE CARTÃO DUBAIMLM SERÃO SUMARIAMENTE APAGADOS.
O Sheik não tem interesse em correntes, pirâmides que não sejam egípcias ou pré-colombianas, marketing de rede e coisas do gênero. E tem raiva de quem tem.
Fui claro?
Beijocas de sheik.
14.2.08
Valentine's Day x DSF
Valentine's Day - dia dos namorados nos países capitalistas ocidentais
DSF - não, não tem nada a ver com Dubai SiFú: Dubai Shopping Festival, que acontece todo ano em fevereiro.
Passei ontem a noite pelo Spinneys e tinha uma bancada enorme na entrada, cheia de flores. Ao lado uma plaquinha:
- bouquet de rosas colombianas: 350 DH
Mas fui atraído pela lojinha de roupas de praia, logo ao lado:
- camisa de láicra (sim, senti um prazer em aportuguesar esta palavra): de 125 DH por 35 DH
Trinta e cinco dirhams (já ia aportuguesar de novo: derrames. Melhor, abrasileirar - portugueses escreveriam dirâmes. Mas derrames fica bruto, chocante: um derramamento de dinheiro na terra dos endinheirados. Ou o efeito que causa em alguns quando as latinhas insistem em escorregar do bolso) por uma (o período entre parênteses logo atrás ficou mesmo longo, mas tudo bem. Não sou eu que vou ler mesmo) camisa de praia, que protege do raios nocivos do sol, do frio das congelantes águas do Golfo (no inverno). Do calor das águas no verão (sopa. O bom de pescar no calor é que o peixe já sai cozido).
Você diz: frescura! Sim, frescura. Nos primeiros relatos de ingleses que aportaram por aqui - os únicos registros sobre o passado na região - dão conta de pessoas paupérrimas, pele queimada e cabelo comprido que viviam em casas de barasti, as folhas das palmeiras de tâmaras. Vestimenta? Apenas um pano enrolado na cintura. As roupas tradicionais de hoje foram adotadas após a descoberta do petróleo na região, que aumentou sensivelmente a renda dos pescadores de pérolas que aqui viviam. E eles sobreviveram, com sol e tudo, apenas com um paninho enrolado na cintura, sem frescura de camisa protetora de raios solares nocivos. Naquela época a palavra nocivo provavelmente sequer existia.
Frescura? Comprei a camisa. 35 derrames: se não almoçar hoje, já está paga. Não me julgue muquirana: o jejum purifica. Voltei ao Spinneys: um buquê de rosas pelo preço de dez camisas. E rosas não protegem contra os malvados raios solares. E rosas murcham em dois dias e já se acabou. Ainda bem que concumbinas não se importam com esses tradições ocidentais, cosméticas e vãs. O que importa mesmo é o amor, esta coisa bonita que une até produtores de rosas colombianos a meninas apaixonadas em Dubai.
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Aconteceu em Dubai,
O nome das coisas,
O preço das coisas
12.2.08
Enquanto isso na Shata Tower...
E a Chata Táuer, a melhor torre de Dubai, não pára de melhorar: primeiro, quitutes de manhã (croissants para quem chega antes das 8h, donuts para quem chega depois). Agora, a indispensável máquina de engraxar.
E assim, um a um, engenheiros chegando das trincheiras do deserto se aglomeram em volta da máquina para limpar suas patas. Como friorentos se aglomeram ao redor da fogueira em dias gelados:
Sensacional.
E assim, um a um, engenheiros chegando das trincheiras do deserto se aglomeram em volta da máquina para limpar suas patas. Como friorentos se aglomeram ao redor da fogueira em dias gelados:
Sensacional.
11.2.08
Dicas de ouro do sheik: você sabia?
Caro leitor!
Anote esta que, se não é fundamental para se conseguir um emprego em Dubai, é essencial para uma experiência terrena plena:
Ao furar uma banana com a ponta do indicador, ela se divide em três (grande dica, Arthur!).
Depois desta, está na hora do sheik "fazer naninha". Em breve, respostas a (enorme) lista de recados recebidos.
Apertos de mão sabor banana Chiquita (das Filipinas) do Sheik.
Anote esta que, se não é fundamental para se conseguir um emprego em Dubai, é essencial para uma experiência terrena plena:
Ao furar uma banana com a ponta do indicador, ela se divide em três (grande dica, Arthur!).
Depois desta, está na hora do sheik "fazer naninha". Em breve, respostas a (enorme) lista de recados recebidos.
Apertos de mão sabor banana Chiquita (das Filipinas) do Sheik.
Diálogos com a Neuza
Um amigo indiano vai casar. Casamento tradicional em Agra, esposa escolhida pelo pai. Escrevo para meu irmão e ele responde: "Tomara que o pai dele tenha bom gosto". Acho graça e comento com a Neuza. Ela tem a própria opinião:
- Eu não gosto de casamento arranjado.
- Por que? Tão cômodo... - (é prazeroso provocar).
- Meus pais tiveram um casamento arranjado. Hoje eles vivem na mesma casa, mas totalmente isolados um do outro, cada um em seu quarto. Só conversam estritamente o necessário. Meu pai viaja nos fins-de-semana para a casa de minha avó e só fica em casa uns 3 dias na semana.
- Ah bom. E você mora com eles?
- Não, eu moro com amigos, em outra cidade.
- E sua irmã?
- Também, com as amigas dela.
---
Essa é uma homenagem do Sheik à Tradição, à Família e à Propriedade.
- Eu não gosto de casamento arranjado.
- Por que? Tão cômodo... - (é prazeroso provocar).
- Meus pais tiveram um casamento arranjado. Hoje eles vivem na mesma casa, mas totalmente isolados um do outro, cada um em seu quarto. Só conversam estritamente o necessário. Meu pai viaja nos fins-de-semana para a casa de minha avó e só fica em casa uns 3 dias na semana.
- Ah bom. E você mora com eles?
- Não, eu moro com amigos, em outra cidade.
- E sua irmã?
- Também, com as amigas dela.
---
Essa é uma homenagem do Sheik à Tradição, à Família e à Propriedade.
9.2.08
Neuzas em Dubai
E uma amiga Neuza que conheci no Irã apareceu por aqui com sua irmã. Então vamos ao vocabulário:
wakai - jovem
akai - vermelho
neko - gato
lakuda - camelo
ksô - merda
Lolô - Laurent (leia Lorrã)
Clis - Chris
wakai lakuda - jovem camelo
akai ksô - merda vermelha
wakai lakuda nô akaí ksô! - merda vermelha do jovem camelo!
kotso samá! (diga isso ao acabar de comer, com as mãos juntas) - satisfeito!
É isso aí, uma homenagem do Sheik ao centenário da imigração japonesa ao Brasil.
Saionará!
wakai - jovem
akai - vermelho
neko - gato
lakuda - camelo
ksô - merda
Lolô - Laurent (leia Lorrã)
Clis - Chris
wakai lakuda - jovem camelo
akai ksô - merda vermelha
wakai lakuda nô akaí ksô! - merda vermelha do jovem camelo!
kotso samá! (diga isso ao acabar de comer, com as mãos juntas) - satisfeito!
É isso aí, uma homenagem do Sheik ao centenário da imigração japonesa ao Brasil.
Saionará!
7.2.08
Feliz Ano-Novo!
É Ano-Novo no calendário chinês. Esta data é comemorada - obviamente - na China, e também em outros lugares menos elementares, como a Malásia.
E por aqui, os malaios comemoram assim: comendo uma mandarina, ou tangerina, ou mexirica, como é conhecida em terras tupiniquins. Dizem que na China essa fruta simboliza ouro, então o ritual supersticioso é praticado para atrair riquezas no ano que se inicia. É o que resta para quem não comemorou a tradicional festa e trabalhou em feriado de seu país (mas, até aí, é carnaval no Brasil, e nem uma carroça de mexirica me consola).
O que importa mesmo é que ganhei uma mandarina, ou tangerina, ou mexirica, e por superstição, consolo ou tradição, pelo sim, pelo não, já começo a degustá-la, mais por fome que por ambição financeira (já estamos no Paraíso dos endinheirados, esqueceu?). Se ajudar a encher os cofres do sheik, tanto melhor...
Feliz ano-novo (chinês) a todos!
E por aqui, os malaios comemoram assim: comendo uma mandarina, ou tangerina, ou mexirica, como é conhecida em terras tupiniquins. Dizem que na China essa fruta simboliza ouro, então o ritual supersticioso é praticado para atrair riquezas no ano que se inicia. É o que resta para quem não comemorou a tradicional festa e trabalhou em feriado de seu país (mas, até aí, é carnaval no Brasil, e nem uma carroça de mexirica me consola).
O que importa mesmo é que ganhei uma mandarina, ou tangerina, ou mexirica, e por superstição, consolo ou tradição, pelo sim, pelo não, já começo a degustá-la, mais por fome que por ambição financeira (já estamos no Paraíso dos endinheirados, esqueceu?). Se ajudar a encher os cofres do sheik, tanto melhor...
Feliz ano-novo (chinês) a todos!
1.2.08
O pobre e o rico
Eles moravam juntos em um apartamento perto da Paulista. O pobre tinha o estranho costume de economizar em tudo. O rico, de gastar e, obviamente, de caçoar do pobre – "economia porca", dizia ele. Mas o pobre economizava: dizia que tudo andava muito caro na metrópole – a comida, o transporte, roupas. Certa vez, constatou que a carne estava cara. Não teve dúvidas: virou vegetariano. Mas voltou logo aos hábitos carnívoros ao constatar que, para compensar o déficit de proteínas, vegetarianos consomem um volume maior de alimentos. Em um restaurante por-quilo, isso pesa no prato, e claro, no bolso. Teve então outra boa idéia: comprou uma lancheira, daquelas do batman, super-homem ou coisa assim. Vendeu os tíckets-refeição e passou a levar um lanche para o almoço.
Almoço resolvido, hora de atacar o jantar: comprou um videogame. Dizia que, assim, começava a jogar e se esquecia de jantar. Mais economia!
Um dia o pobre foi comprar chinelos. Perguntou para o caixa: “por que é que o 41 é mais caro que o 40?” - por que é maior, disse o caixa. Comprou o número menor que o pé.
Um belo dia o local do trabalho mudou-se para longe: 10 km de casa. O pobre que, como o rico, ia à pé ao trabalho, sentiu o peso da distância: seriam forçados a andar de ônibus. Ele fez então as contas: gastaria no ano algo em torno de 400 reais com transporte. Tomou uma atitude saudável: comprou um tênis e uma mochila: iria de ônibus e voltaria correndo. Economizaria assim no transporte e na academia. Genial!
Do rico, não há muito o que dizer a não ser o fato que ele complementava o pobre: iam juntos (de ônibus) ao trabalho, jogavam videogame juntos, trabalhavam juntos. Certa vez, saiu do banheiro com uma cara de nojo e uma massaroca de papel higiênico na ponta dos dedos e foi até a mesa do pobre. Foi abrindo as folhas e lá estava o cartão magnético do Vale Transporte, que entregou para o pobre: "que horrooooooorr!".
O tempo passou, ambos mudaram de emprego. O pobre casou e comprou um apartamento; o rico comprou um carro.
Lembrei deles dias atrás quando entrei no elevador: a minha frente um senhor com uma camisa social. No bolso lia-se em um detalhe marcado por furos no tecido: “Microsoft”. Ele provavelmente ganhara a camisa com a marca bordada e a descosturou para “aproveitar a camisa”. Se o rico estivesse aqui, com certeza deixaria seu parecer: “coisa de pooooobre!”.
Almoço resolvido, hora de atacar o jantar: comprou um videogame. Dizia que, assim, começava a jogar e se esquecia de jantar. Mais economia!
Um dia o pobre foi comprar chinelos. Perguntou para o caixa: “por que é que o 41 é mais caro que o 40?” - por que é maior, disse o caixa. Comprou o número menor que o pé.
Um belo dia o local do trabalho mudou-se para longe: 10 km de casa. O pobre que, como o rico, ia à pé ao trabalho, sentiu o peso da distância: seriam forçados a andar de ônibus. Ele fez então as contas: gastaria no ano algo em torno de 400 reais com transporte. Tomou uma atitude saudável: comprou um tênis e uma mochila: iria de ônibus e voltaria correndo. Economizaria assim no transporte e na academia. Genial!
Do rico, não há muito o que dizer a não ser o fato que ele complementava o pobre: iam juntos (de ônibus) ao trabalho, jogavam videogame juntos, trabalhavam juntos. Certa vez, saiu do banheiro com uma cara de nojo e uma massaroca de papel higiênico na ponta dos dedos e foi até a mesa do pobre. Foi abrindo as folhas e lá estava o cartão magnético do Vale Transporte, que entregou para o pobre: "que horrooooooorr!".
O tempo passou, ambos mudaram de emprego. O pobre casou e comprou um apartamento; o rico comprou um carro.
Lembrei deles dias atrás quando entrei no elevador: a minha frente um senhor com uma camisa social. No bolso lia-se em um detalhe marcado por furos no tecido: “Microsoft”. Ele provavelmente ganhara a camisa com a marca bordada e a descosturou para “aproveitar a camisa”. Se o rico estivesse aqui, com certeza deixaria seu parecer: “coisa de pooooobre!”.
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