14.8.07

Não percamos o foco

Eu dizia no post anterior que a descrição sobre o imam talvez fosse apenas uma suposição baseada em experiências anteriores. De fato o é. Menti. Defeito? Não, característica inata. Humana. Coisa bonita.

Está vendo só? Já estou tentando justificar minhas mentiras (o que também é humano). Mas vamos seguir adiante. Ah, tem mais uma mentira: eu acordei às 7h e não às 6:30h. É que, convenhamos, acordar às 6:30h atrai mais simpatias, mais admiradores do bom e são trabalhador, deus ajuda a quem cedo madruga, o trabalho dignifica homem e - agora mais um defeito - sou também narciso e quero ser admirado. Os fins justificam os meios, e uma mentirinha boba não faz mal. Defeito ou não, falem bem ou falem mal, mas falem de mim.

O parágrafo anterior já não se pode dizer que foi um defeito, mas foi mal escrito. Que falta de criatividade desse escritor - hahahaha, e ainda se auto-entitula "escritor"! Tal qual aquelas pessoas que passam um dia de ócio (coisa boa...) lendo livros e quando perguntadas sobre seus ofícios, dizem: "sou intelectual!"... "eu penso!"... o Bush faz a guerra, Bin Laden explode as Torres Gêmeas... e ele diz "eu penso!" com a mesma arrogância dos dois anteriores, como se assim estivesse mudando o planeta.

Outro defeito: perco o foco mais uma vez. Eu dizia no parágrafo anterior que o outro parágrafo havia sido mal escrito. Sim! Onde é que já se viu utilizar-se de clichês, frases prontas e lugares-comuns para obter assim a simpatia do leitor? E ainda assim se chama de escritor? O termo que melhor que lhe (me) caberia neste caso seria o de copiador, agregador, implementador de idéias, mas não se pode negar que "escritor" é também um termo justo: escritor é aquele que escreve coisas, sendo boas ou não. Até Paulo Coelho é escritor, e convenhamos, é muito mais escritor que muito leitor arrogante que se recusa a ler seus livros e que jamais escreveu sequer uma carta!

Intelectual já é mais difícil: intelectual não é a mesma coisa que pensador. Pensador pensa, tal qual o escritor escreve. Já um intelectual seria aquele que pensa com qualidade, que pensa coisas de valor, ordenadamente, racionalmente, metodicamente. E como mensurar a qualidade dos pensamentos de um suposto intelectual? Quem é o juiz capaz de navegar por esses mares inavegáveis, essa tempestade elétrica e silenciosa dos pensamentos de outrém para poder então defini-los como de qualidade ou não?

Cansei (mais um clichê: "cansar-se" também está na moda). Vamos ao que interessa: eu iniciei o post anterior apenas com a intenção de descrever como foi o dia de hoje, em poucas palavras, e deu no que deu. Então vamos a um outro post, para saciar assim meu desejo onano-narcisista de me expor a vocês vorazes e anônimos leitores, e assim, saciar também os seus desejos de saber o que o outro (no caso eu) estou pensando neste momento. Eu invado a vossa privacidade, sua íntima relação com seu computador pessoal, e vocês invadem a minha, ou melhor dizendo, a realidade que me interessa apresentar. Prezados! Lavem às mãos! Garfos à postos! A comida está na mesa.

Um comentário:

Fábio Gonçalves disse...

Intelectual é o pensador engajado, aquele que profere suas palavras com o intuito motivar alguma alteração na sociedade. E ninguém tem "licença" para pensar, simplesmente porque é impossível estabeler um critério para qualidade de pensamentos. (cf. Marilena Chauí) - Palavra da salvação...


PS.: "El que temprano se levantó, una cartera encontró. Pero más temprano se levantó el que la perdió." (refrán argentino)