3.7.07
Masala Chai
Caro este ônibus de Ajmer para Udaipur: duzentas e tantas rúpias.
Caro? Vinte e poucos dirhams, dez e poucos reais, quatro e poucos euros, duas e poucas libras esterlinas.
Caro! Pagara 150 rúpias em um ônibus que sairia diretamente de Pushkar e que perdera por conta de uma purificante noite de vômitos e diarréia. Este sai de Ajmer. Ah, mas tem ar condicionado...
Caro: ônibus sujo, com marcas pretas de mão pelo revestimento bege do ônibus. O ônibus cheira mal. Fecho a janela, mas com a trepidação, a janela vai se abrindo aos poucos e deixando entrar o ar quente... mais adiante, o ar condicionado deixaria de funcionar e o jeito mesmo seria abrir a janela.
Ônibus caro, público seleto: ele segue com a metade da capacidade ocupada, passageiros em sua maioria de uma nova classe média da Índia. Classe média que assiste TV e consome eletrodomésticos vendidos por atores de Bollywood. Atrás de mim um rapaz fala ao telefone. “... zero-five-four...”, a nova classe média diz os números em inglês, e quando termina a ligação, “Thank you”.
Na rodoviária, o motorista pressiona, liga o motor e sai andando com a porta aberta. Os últimos passageiros entram com o ônibus em movimento. "Estamos atrasados", provavelmente disse em hindi o auxiliar do motorista. Auxiliar, ao menos é o que diz a autoridade que lhe dá o seu caderno de notas e o longo bigode. De fato, atrasados estamos: o ônibus deveria sair às duas, são duas e meia.
Autoridade: antes de deixar a cidade e sair estrada afora, o auxiliar abre a porta que separa a cabine do motorista, diz algo e assim o ônibus pára. Na calçada, um fogão e panelas grandes. Sobre elas, pendurada por uma linha ao galho da árvore, um papel que gira com um desenho da moeda de 1 rúpia. O rapaz apressa-se para abrir mais sacos de leite sobre uma das panelas, complementar o tempero que ferve na outra panela. E então, retira de um balde com água vários copos de vidro e os enfileira sobre a mesa improvisada.
Masala Chai, uma rúpia, 10 fils de dirham, 5 centavos de real, 2 cêntimos de euro. Quantas libras esterlinas? Um rapaz se apressa para pagar e ops! Lá se vai a moedinha de uma rúpia para dentro do caldeirão. Não tem problema! O rapaz segue girando o leite e começa a encher os copos com a mistura de chá, leite e moeda.
O ritual segue por cerca de quinze minutos. Pressa? Não há problema: a parada para o chá, tal qual as paradas para o xixi nas plantações ao lado da estrada, já está previstas no tempo total.
Por fim, o senhor bebe o último gole. Limpa o bigode com o lábio inferior, olha para o fundo do copo para, talvez, ter certeza. Coloca o copo sobre a mesa e diz a todos: "vamos!". O motorista, que descansa com os pés sobre o painel do ônibus retoma sua posição de trabalho e liga o motor: hora de seguir viagem.
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Expensive this bus from Ajmer to Udaipur: two hundreds e so rupies.
Expensive? Twenty some dirham, ten and some real, four and some euros, two and few pounds.
Expensive! I had paid 150 rupies for a bus that would leave directly from Pushkar, lost thanks to a purifying night of vomits and diarrhea. This leaves from Ajmer. Oh, but this one has air conditioning…
Expensive: dirty bus, with dark marks of hands across the beige covering of bus. It stinks. I close the window, but with the trepidation, it slides slowly letting the hot air to come in… finally, the air conditioning stopped working and the only thing to do was to let it opened indeed.
Expensive bus, selected public: it goes with half of its capacity, the majority of the passengers from a new middle class in India. Middle class that watches TV and consumes appliances sold by actors from Bollywood. Behind me, a guy talk in the mobile. “zero-five-four…” he says the numbers in English, and to end the call, “Thank you”.
At the bus station, the drivers pushes, turns on the engine and start moving with the doors opened. “We are late”, probably said in hindi the driver’s assistant. Assistant, at least is what is said by the authority given by his notebook and long mustache. In fact, late we are: the bus should have left at 2 pm, it is 2.30 pm.
Authority: before leaving the city and get the road, the assistant open the door that separates the driver’s cabinet, says something and the bus stops. In the pavement, a stove and big pans. Over there, hung by a thin thread tight to a branch of a tree, a piece of paper spins showing a 1-rupie coin. The guy hurried to open more milk plastic bags onto one of these pans and to add more spices to the water that boils in the other. And then, takes from a bucket with water several glasses and put them on the improvised table
Masala Chai, one rupie, 10 fils of dirham, 5 cents of real, 2 cents of euro. How many pounds? One hurry himself to pay and oops! There goes the 1-rupie coin into the milk. No problem! The guy just keeps twisting the milk with a spoon and start filling the glasses with this mixture of tea, milk and coin.
This ritual lasts about fifteen minutes. Hurry? There is no problem: the stop for tea, as the stops for passing water along the road, is already predicted in the total time of the trip.
The man sips his last sip, cleans the mustache with the lower lip, and looks again to the bottom of the glass, maybe to be sure. He leaves the glass on the table a says to everyone: “let’s go!”. The driver, who relaxes with the feet over the bus panel retakes his work position and turns the engine on: time to continue the trip.
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Um comentário:
bebidinha porreta essa....
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