13.4.08

O pinto e a importância do arroz

E esse papo de commodities - feijão pinto pra cá, pinto pra lá, arroz... - me lembrou de coisas interessantes que vêm acontecendo nas últimas semanas devido à alta nos preços de grãos, principalmente arroz:

- proliferam protestos pelo mundo contra a alta dos preços dos alimentos: Camarões, Costa do Marfim, Mauritânia, Burkina-Faso, Senegal, Moçambique, Egito, Indonésia, Filipinas, e agora Haiti;

- para conter a alta dos preços do arroz Basmati (a variedade mais consumida na Índia), o governo indiano implementou cotas de exportação. O que contém os preços no mercado interno indiano, faz desparar o preço desta variedade no exterior, para o desespero dos NRIs;

Li uma reflexão interessante de um jornalista da Folha sobre este fenômeno. Clique aqui.

O Brasil é um dos poucos países que se beneficia desta crise: o sonho de se tornar o "celeiro do mundo" parece se realizar e os produtos agrícolas têm sido o carro-chefe das exportações brasileiras, e aparentemente, a alta dos produtos no exterior ainda não afetou significativamente o mercado interno. Mas eu não estou no Brasil para dizer. E você que está aí, o que pensa? De longe, comparando os preços, vejo que o Brasil é hoje um país caro, ao que tudo indica, devido principalmente à enorme carga tributária do país e não à alta internacional nos preços de commodities.

Celso Furtado* sustentava que, em um resumo grosseiro, o ciclo de industrialização do Brasil inicia-se apenas devido à acumulação e concentração de riquezas proporcionadas pela cultura do café. Não por acaso, São Paulo, o maior produtor de café até a crise de 29, é ainda hoje o estado mais desenvolvido e industrializado do país. Não por acaso que os estados que tem maiores taxas de crescimento atualmente são Mato-Grosso, Bahia, ligados à cultura da soja. O Cerrado e a Floresta Amazônica que se cuidem!

Mas eu cá comentava às minhas concumbinas como é que essa alta nos preços nos afetava. Descobri de um modo muito prático e sutil, e fútil, neste fim-de-semana: fui à Igreja Capitalista Ibn Battuta Mall para fazer a oração semanal ao ao deus Consumo. Aproveitei e pedi um Veggie Kebab no Shamiana. Quando o prato chega - surpresa! - algo está diferente: o arroz Basmati foi substituído por batata-frita. E comendo batatas-fritas, elas estão ficando todas pançudas, berebentas, manteguentas.



* Vide Formação Econômica do Brasil

2 comentários:

Anônimo disse...

Pelo menos no prato ainda se ve o Nan, pq com o trigo no meio, em breve, nao vai ter nem pao p decorar o prato..

Anônimo disse...

Pelo que eu te conheço esse prato é pouco para você! Tô certo ou tô errado? Te conheço muito. Você é um comilão por natureza. E já sei o que vai responder: "Sou igual ao meu pai".