- Você pode me levar para Jumeira 1, perto do Emirates Post?
- Sim, claro.
(silêncio)
- Então... você é da Índia, né?
- Não, Paquistão...
- Hmm... Peshawar?
- Não, Islamabad.
- ah bom... então você fala Urdu, né?
- Sim, urdu. A língua nacional de todos os paquistaneses. Algumas regiões falam outros idiomas, mas todos falam urdu...
(silêncio. Apenas se ouve a música na rádio)
- Então... esta música que você está ouvindo, está em urdu ou em árabe?
- Isto não é música. É o Sagrado Corão recitado.
- Ups... tá frio hoje, né?
29.12.06
27.12.06
Retrospectiva das Despedidas
No momento de se despedir de 2006, aqui vai uma pequena retrospectiva das últimas despedidas:
**** 09/Nov/2006 - Johan (Malecon) ****
Johan, holandês que trabalhava com a gente, no Malecon. Primeiro contato com os bares de salsa...
**** 16/Nov/2006 - Mark & Monique (Buddha Bar) ****
O Mark e a Monique estavam de partida para Cingapura, e aproveitaram para comemorar o aniversário dela no Buddha Bar, filial do mesmo bar que existe em Paris.
**** 22/Nov/2006 - Laura (casa!) ****
A Laura, inglesa de Hong-Kong colega da Sandrela, mudou-se para Kuala Lampur, na Malásia. Foi para trabalhar na Al Jahzeera Internacional, que acaba de iniciar sua operação em inglês.
A festa de despedida foi em casa... nesta festa conheci o Laith, iraquiano que mora há 6 anos em Dubai. Bem no momento em que lia o livro Baghdad Football Club. Mostro o livro para ele, que volta ser criança reconhecendo jogadores e as pessoas pelas fotos: "Olha o Amo Baba!"
**** 13/Dez/2006 - Johan volta... ****
Johan voltou, mas dessa vez não foi a trabalho. Mas ele tinha um bom motivo...
**** 14/Dez/2006: Pavanelli (Wagamama) ****
E lá se vai o Pavanelli... você tá fazendo falta aqui, cara!
**** semana passada ****
Ghisi & Ana, Paulo, Rui, Miguel, Rafael & Renata, Vítor, Jonathan, Maurine, Hany, Anderson...
Alguns foram de vez, outros apenas para passar as festas/férias em Casa. Mas foi tanta gente... amanhã já começam a chegar alguns de volta.
Ufa.
**** 09/Nov/2006 - Johan (Malecon) ****
**** 16/Nov/2006 - Mark & Monique (Buddha Bar) ****
O Mark e a Monique estavam de partida para Cingapura, e aproveitaram para comemorar o aniversário dela no Buddha Bar, filial do mesmo bar que existe em Paris.
**** 22/Nov/2006 - Laura (casa!) ****
A Laura, inglesa de Hong-Kong colega da Sandrela, mudou-se para Kuala Lampur, na Malásia. Foi para trabalhar na Al Jahzeera Internacional, que acaba de iniciar sua operação em inglês.
A festa de despedida foi em casa... nesta festa conheci o Laith, iraquiano que mora há 6 anos em Dubai. Bem no momento em que lia o livro Baghdad Football Club. Mostro o livro para ele, que volta ser criança reconhecendo jogadores e as pessoas pelas fotos: "Olha o Amo Baba!"
**** 13/Dez/2006 - Johan volta... ****
Johan voltou, mas dessa vez não foi a trabalho. Mas ele tinha um bom motivo...
**** 14/Dez/2006: Pavanelli (Wagamama) ****
E lá se vai o Pavanelli... você tá fazendo falta aqui, cara!
**** semana passada ****
Ghisi & Ana, Paulo, Rui, Miguel, Rafael & Renata, Vítor, Jonathan, Maurine, Hany, Anderson...
Alguns foram de vez, outros apenas para passar as festas/férias em Casa. Mas foi tanta gente... amanhã já começam a chegar alguns de volta.
Ufa.
Confissões do Rio Tigre
Ele chegou no quarto com um comportamento estranho. Estava com o rosto fechado, perturbado não queria falar. Após muita conversa, resolveu contar o que havia acontecido:
***
O mais perturbador é que isso é uma história real e corriqueira, contada entre uma cerveja e outra. E como eu gostaria que fosse ficção...
Saímos em uma missão pela manhã: procurar minas e doar mantimentos à população. Na hora do almoço, uma destas famílias pacatas que receberam nossos donativos nos convida para almoçar: pai, mãe, filhos, netos, avô e avó. Clima amistoso, gente amiga com sorriso no rosto.
À tarde chega a ordem do comandante: 'ir à casa tal e tal e matar todos os homens adultos. Poupe apenas mulheres e crianças menores.'
Qual não foi a surpresa ao chegar ao local indicado e descobrir que a referida casa era a mesma do almoço: pai, mãe, filhos, netos, avô e avó. Gente amiga...
Gente amiga. Poupar mulheres e crianças. Gente amiga. Os homens ficam dentro da casa, encostados na parede. Gente amiga! No momento em que a arma dispara, gritaria do lado de fora: um dos filhos menores que conseguiu se libertar do soldado que o arrastava para longe e voltou correndo, e viu quando atiramos em seu pai, seu avô e seu irmão mais velho...
***
O mais perturbador é que isso é uma história real e corriqueira, contada entre uma cerveja e outra. E como eu gostaria que fosse ficção...
Baghdad High Society
Chegou ontem à Dubai a Juliana, carioca que há 11 meses mora e trabalha em uma base militar americana no Iraque.
Está de passagem: vai passar a virada de ano na China com amigos que estão em Cingapura, e depois volta para seu container na base militar, via Dubai e Baghdad.
Entre um jantar no Wagamama e uma cerveja no Trader Vix, ela vai contando as estórias. Bom para rever conceitos, sobre o que é bom ou ruim, por exemplo.
É isso aí, Juliana! Força! Abraço do Sheik.
Táxi persa
- Boa tarde!
- Você pode me levar para o Number One Tower?
- sim claro...
(silêncio)
- Então... de onde você é?
- Irã.
- Bacana. Há quanto tempo por aqui?
- Desde 1985...
- hmm... 85? Na época da guerra, né?
- sim.
- Você chegou a lutar na guerra?
- Sim, lutei... mas fugi.
- Mas e como é que...
- Está vendo aquele prédio ali? E aquele outro ali? Eram os únicos que haviam em Dubai quando cheguei.
- Mas e a g...
- Está vendo esse bairro ao lado? Moram aqui muitos locais. E há muita gente do Baluchistão... Dubai era uma cidade muito calma e muito barata quando cheguei...
- Você pode me levar para o Number One Tower?
- sim claro...
(silêncio)
- Então... de onde você é?
- Irã.
- Bacana. Há quanto tempo por aqui?
- Desde 1985...
- hmm... 85? Na época da guerra, né?
- sim.
- Você chegou a lutar na guerra?
- Sim, lutei... mas fugi.
- Mas e como é que...
- Está vendo aquele prédio ali? E aquele outro ali? Eram os únicos que haviam em Dubai quando cheguei.
- Mas e a g...
- Está vendo esse bairro ao lado? Moram aqui muitos locais. E há muita gente do Baluchistão... Dubai era uma cidade muito calma e muito barata quando cheguei...
Um táxi para Goa
- Good evening, thanks for stopping.
- Hi, good evening! You're welcome.
- Could you please take me to Crowne Plaza Hotel?
- Yes! Of course...
(silêncio)
- Hey... where're you from?
- I'm from India..
- Oh, nice. Which part of India? Kerala?
- No! Goa!
- Ah, Goa... hey! Goa? So you speak Portuguese?
- Yes. Pois sim! Claro! Mas d'onde tu es?
- Brasiu!
- Ah, pois sim, Brasil. Então, mas que bom falar português. Fazia muito que não praticava a minha língua... sabes que eu falava muito com minha mãe, pelo telefone. É, falava muito com ela pelo telefone. Mas desde que ela faleceu lá em Goa...
(silêncio desconfortável)
- ...mas você nasceu em Goa mesmo?
- Nasci nu Moçambique, mas fui para Goa muito pequeno, com 3 anos... e pur acaso não tenho u passaporte du Moçambique, que minha mãezinha perdeu. Só tenho o da India. Se tinha u de Moçambique é hoje que ia bem: viajaria por todo o mundo sem precisar de visto...
- Mas você se considera indiano ou moçambicano?
- Ah... eu sou du Moçambique, é. Sou moçambicano, sou moçambicano...
Toda a sorte do mundo para o taxista moçambicano Félix Fernandes, de Goa, que há 17 anos está em Dubai.
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Taxistas
Santos não vem mais
Arrogância, ganância e empresários com cabeça pequena só poderia dar nisso. E assim, o Santos perde uma ótima chance de se expor na mídia mundial.
Fica aí em Santos, então, arrogantes!!!
Fica aí em Santos, então, arrogantes!!!
26.12.06
Sheik Luís responde
Rafaela falou:
Oi Rafaela,
Tudo bem com você? E como foi o Natal?
Desculpe pela demora na resposta. Vamos lá:
1 - há muitos professores particulares de árabe, mas não vi até agora nenhum instituto à la Cultura Inglesa, Aliança Francesa, ou Instituto Cervantes por aqui de árabe. Mas sei que no Knowledge Village, há cursos de árabe;
2 - há muitos estudantes, principalmente indianos, não sei como é a concessão de visto de estudante aqui. Vale a pena ligar no telefone da embaixada para perguntar:
Embaixada dos Emirados Árabes Unidos
SHIS QI 5, Chácara 54
CEP: 71600-580 – Brasília / DF
Telefones: (061) 3248-0717 , 3248-0591, 3248-0945 e 3248-0868
3 - Esticar um mochilão da Europa para Dubai
Olha... tenha em mente que essa esticada vai ficar meio cara para uma esticada: um vôo da Europa-Dubai você encontra por aproximadamente 800 euros fora de temporada... com esse dinheiro, dá pra fazer muita coisa legal na Europa: passeio de barco pelo mediterrâneo, esticar por mais países...
Dubai talvez seja uma boa para vir direto pra cá, em outra oportunidade, e de cá fazer viagens pela Ásia e Oriente Médio a um custo baixo. Tenha em mente também que Dubai, apesar da grande diversidade cultural, não é Europa. É um país árabe! Isso faz uma enorme diferença na hora de planejar uma viagem por aqui: não contar com transporte público, é uma delas.
De todo modo, olha só: eu já ouvi falar de Albergue da Juventude por aqui:
http://www.uaeyha.com/
Tem Albergue em Dubai, Sharjah e até em Fujairah, um emirado entre as montanhas e o mar onde o pessoal vai para fazer mergulho!
Abraços do Sheik!
entao... minha familia é de origem arabe e eu sempre tive muita vontade de conhecer os países do oriente médio, e o lugar que sempre me chamou mais
atençao foi dubai, tudo por ai me fascina, e também acabei de passar no
vestibular para relacoes internacionais, e por conta disso vou ter que aprender muitas linguas, queria muito aprender o arabe, e gostaria de saber tambem se tem algum curso por ai que de para ficar 3 meses mais ou menos aprendendo o arabe!!
Ah e ano que vem acredito vou com a minha amiga fazer um mochilao pela europa, e queria prolongar e ir ate dubai.. tem algum lugar para estudande ficar como tem na europa?
Obrigada sheik, aguardo sua resposta!
Rafaela
Oi Rafaela,
Tudo bem com você? E como foi o Natal?
Desculpe pela demora na resposta. Vamos lá:
1 - há muitos professores particulares de árabe, mas não vi até agora nenhum instituto à la Cultura Inglesa, Aliança Francesa, ou Instituto Cervantes por aqui de árabe. Mas sei que no Knowledge Village, há cursos de árabe;
2 - há muitos estudantes, principalmente indianos, não sei como é a concessão de visto de estudante aqui. Vale a pena ligar no telefone da embaixada para perguntar:
Embaixada dos Emirados Árabes Unidos
SHIS QI 5, Chácara 54
CEP: 71600-580 – Brasília / DF
Telefones: (061) 3248-0717 , 3248-0591, 3248-0945 e 3248-0868
3 - Esticar um mochilão da Europa para Dubai
Olha... tenha em mente que essa esticada vai ficar meio cara para uma esticada: um vôo da Europa-Dubai você encontra por aproximadamente 800 euros fora de temporada... com esse dinheiro, dá pra fazer muita coisa legal na Europa: passeio de barco pelo mediterrâneo, esticar por mais países...
Dubai talvez seja uma boa para vir direto pra cá, em outra oportunidade, e de cá fazer viagens pela Ásia e Oriente Médio a um custo baixo. Tenha em mente também que Dubai, apesar da grande diversidade cultural, não é Europa. É um país árabe! Isso faz uma enorme diferença na hora de planejar uma viagem por aqui: não contar com transporte público, é uma delas.
De todo modo, olha só: eu já ouvi falar de Albergue da Juventude por aqui:
http://www.uaeyha.com/
Tem Albergue em Dubai, Sharjah e até em Fujairah, um emirado entre as montanhas e o mar onde o pessoal vai para fazer mergulho!
Abraços do Sheik!
25.12.06
Duro...
Natal em Dubai
Muita gente está perguntando como é o natal em Dubai, se é permitida a manifestação de outras religiões, etc.
O que tenho a dizer: o pessoal aqui é bem tolerante neste aspecto, e muita gente - indiano budista, árabe cristão, árabe muçulmano - veio desejar feliz natal hoje. Coincidiu com o Natal o DSF - Dubai Shopping Festival, e assim, quem tem compulsões consumistas conseguiu exprimir assim o seu fervor religioso tão comum nesta época.
Nos Emirados Árabes, há igrejas ortodoxas com cultos em armeno, igrejas católicas com missas são em tagalog (para os filipinos) e por aí vai. Tudo bem discreto, nada de demonstração de força de encher estádios.
Há umas censuras babacas e sem sentido, como o selo preto sobre a imagem de Buda no CD do Buddah Bar, ou os cortes nos filmes quando algum personagem diz "Jesus!" e por aí vai. Felizmente não se vai muito além disso.
Para mim, o Natal tem um significado sobretudo de tradição: reunir família, amigos. Repetir isto aqui é uma maneira de se sentir um pouco em casa também.
Foi assim que hoje tivemos uma reunião luso-brasileira.
O que tenho a dizer: o pessoal aqui é bem tolerante neste aspecto, e muita gente - indiano budista, árabe cristão, árabe muçulmano - veio desejar feliz natal hoje. Coincidiu com o Natal o DSF - Dubai Shopping Festival, e assim, quem tem compulsões consumistas conseguiu exprimir assim o seu fervor religioso tão comum nesta época.
Nos Emirados Árabes, há igrejas ortodoxas com cultos em armeno, igrejas católicas com missas são em tagalog (para os filipinos) e por aí vai. Tudo bem discreto, nada de demonstração de força de encher estádios.
Há umas censuras babacas e sem sentido, como o selo preto sobre a imagem de Buda no CD do Buddah Bar, ou os cortes nos filmes quando algum personagem diz "Jesus!" e por aí vai. Felizmente não se vai muito além disso.
Para mim, o Natal tem um significado sobretudo de tradição: reunir família, amigos. Repetir isto aqui é uma maneira de se sentir um pouco em casa também.
Foi assim que hoje tivemos uma reunião luso-brasileira.
24.12.06
Almoço de domingo
21.12.06
Sheik Luís responde
Anônimo perguntou:
Fala Anôn!
Bom te ver por aqui de novo. Vamos lá: cara, lamento te dizer, mas o seu endereço está correto. Inclusive, nem precisa colocar "Jumeira Post Office": só não se esqueça de trocar o XXXXXXX pelo número da caixa postal do Sogrão!
O problema é que o serviço de correios cai na temida categoria Incha'lah service (se Alah quiser..). Eu tenho um amigo aqui que comprou um pedal de guitarra nos Estados Unidos há 2 meses e está esperando até hoje a correspondência chegar! Mas na maioria das vezes, chega.
Se você quer ter realmente certeza de que a coisa vai chegar, talvez valha a pena pagar um DHL ou FEDEX. Mas sai MUITO caro: mandei uns documentos daqui para o Brasil uma vez e me custou, se me lembro bem, 350 dirhams (210 reais). Mas chegou 3 dias depois...
Se você já mandou o pacote, tenta pedir pro seu sogro dar um pulinho lá no correio, bater aquele papo esperto com o Khalid. De repente o pacote tá ali encostado em algum canto (se essa for a vontade de Alah, ficará lá).
É isso aí!
Abraço do Sheik e boa sorte!
Meu caro Sheik, venho acompanhando a sua saga em Dubai! Meu sogro está morando em Jumeira! Tenho uma duvida em relação ao serviço de correspondencia. Enviei um SEDEX Mundi e pelo restreamento consta Endereço insuficiente para entrega, pergunto-lhe; Está realmente insuficiente?
Nome: XXXXXXXX XXXXXXXXX
PO Box: XXXXXX - Jumeira post Office
Dubai - UAE
Fala Anôn!
Bom te ver por aqui de novo. Vamos lá: cara, lamento te dizer, mas o seu endereço está correto. Inclusive, nem precisa colocar "Jumeira Post Office": só não se esqueça de trocar o XXXXXXX pelo número da caixa postal do Sogrão!
O problema é que o serviço de correios cai na temida categoria Incha'lah service (se Alah quiser..). Eu tenho um amigo aqui que comprou um pedal de guitarra nos Estados Unidos há 2 meses e está esperando até hoje a correspondência chegar! Mas na maioria das vezes, chega.
Se você quer ter realmente certeza de que a coisa vai chegar, talvez valha a pena pagar um DHL ou FEDEX. Mas sai MUITO caro: mandei uns documentos daqui para o Brasil uma vez e me custou, se me lembro bem, 350 dirhams (210 reais). Mas chegou 3 dias depois...
Se você já mandou o pacote, tenta pedir pro seu sogro dar um pulinho lá no correio, bater aquele papo esperto com o Khalid. De repente o pacote tá ali encostado em algum canto (se essa for a vontade de Alah, ficará lá).
É isso aí!
Abraço do Sheik e boa sorte!
20.12.06
Era uma vez...
...uma linda torre, onde muitas pessoas importantes trabalhavam. Esta linda torre era tão querida por seus importantes trabalhadores que recebeu um amoroso apelido: Shit Tower.
Toda pessoa importante que se preza possui um carro, que utiliza para ir ao trabalho. Desta forma, dos 40 andares da linda Shit Tower, 8 eram dedicados apenas ao estacionamento dos veículos das pessoas importantes que nela trabalhavam. Além disso, havia ainda mais 3 pisos subterrâneos dedicados ao mesmo fim! E todos vinham de carro, e estacionavam tranqüilamente seus veículos e viviam felizes. Até que um dia...
... um dia, algo de muito ruim aconteceu: não se sabe por que razão exata - se o número de pessoas importantes aumentou ou se o estacionamento encolheu, simplesmente faltou vagas para todos. Algo muito muito triste. Os seguranças pensaram: o que fazer?
Tiveram uma linda idéia: "vamos imprimir papeizinhos coloridos assinados por nós e pedir para que mostrem na entrada. Assim, saberemos quem trabalha ou não no prédio." E distribuíram apenas para o grupo de pessoas importantes que trabalhariam permanentemente no lindo prédio. Este trabalho ficou tão bem feito que logo recebeu a carinhosa alcunha de Pig Service...
Tolinhos. Ingênuos. Não deu certo: logo as pessoas importantes que não tinham papéis descobriram algo genial: era só tirar uma cópia colorida do papelzinho do amigo e pronto! Já está! E o terrível e triste problema voltou a infernizar a vida dos pobres importantes trabalhadores...
Foi então que as próprias pessoas importantes que possuíam por direito um lugar para estacionar suas lindas viaturas lembraram de seus tempos de infância e tiveram outra idéia genial: reservar o seu lugar. Algo que lembra muito as brincadeirinhas de criança, onde as regras vão sendo inventadas conforme a conveniência: "Comigo não morreu!" diziam as crianças ao fim de uma rodada de "esconde-esconde", para que na próxima vez não fossem o bobo a ficar procurando as pessoas escondidas. Ou ainda aquela "dança das cadeiras": quem deixar pra colocar a plaquinha por último, perde o lugar.
E assim pulularam lindas plaquinhas: "não estacionem aqui". "Esta vaga está reservada", "por favor respeite", "se estacionar aqui, te pego na saída", "Menino mal, se estacionar aqui, vai para a diretoria!", eram algumas das frases. Todas tinham o nome das empresas: Monster, Power Horse, Creston, Siemens... John Armless Co.
- John o quê?! - impagável a cara do inglês olhando para a placa: "Mas que sobrenome diferente...", disse ele...
Leio novamente: João-Sem-Braço Company. Inacreditável. Não, inacreditável é ver que as pessoas estão respeitando o aviso e ninguém pára na vaga do João-sem-braço. Desculpem a grosseria, mas é preciso desabafar:
- Porra Vítor!
Toda pessoa importante que se preza possui um carro, que utiliza para ir ao trabalho. Desta forma, dos 40 andares da linda Shit Tower, 8 eram dedicados apenas ao estacionamento dos veículos das pessoas importantes que nela trabalhavam. Além disso, havia ainda mais 3 pisos subterrâneos dedicados ao mesmo fim! E todos vinham de carro, e estacionavam tranqüilamente seus veículos e viviam felizes. Até que um dia...
... um dia, algo de muito ruim aconteceu: não se sabe por que razão exata - se o número de pessoas importantes aumentou ou se o estacionamento encolheu, simplesmente faltou vagas para todos. Algo muito muito triste. Os seguranças pensaram: o que fazer?
Tiveram uma linda idéia: "vamos imprimir papeizinhos coloridos assinados por nós e pedir para que mostrem na entrada. Assim, saberemos quem trabalha ou não no prédio." E distribuíram apenas para o grupo de pessoas importantes que trabalhariam permanentemente no lindo prédio. Este trabalho ficou tão bem feito que logo recebeu a carinhosa alcunha de Pig Service...
Tolinhos. Ingênuos. Não deu certo: logo as pessoas importantes que não tinham papéis descobriram algo genial: era só tirar uma cópia colorida do papelzinho do amigo e pronto! Já está! E o terrível e triste problema voltou a infernizar a vida dos pobres importantes trabalhadores...
Foi então que as próprias pessoas importantes que possuíam por direito um lugar para estacionar suas lindas viaturas lembraram de seus tempos de infância e tiveram outra idéia genial: reservar o seu lugar. Algo que lembra muito as brincadeirinhas de criança, onde as regras vão sendo inventadas conforme a conveniência: "Comigo não morreu!" diziam as crianças ao fim de uma rodada de "esconde-esconde", para que na próxima vez não fossem o bobo a ficar procurando as pessoas escondidas. Ou ainda aquela "dança das cadeiras": quem deixar pra colocar a plaquinha por último, perde o lugar.
E assim pulularam lindas plaquinhas: "não estacionem aqui". "Esta vaga está reservada", "por favor respeite", "se estacionar aqui, te pego na saída", "Menino mal, se estacionar aqui, vai para a diretoria!", eram algumas das frases. Todas tinham o nome das empresas: Monster, Power Horse, Creston, Siemens... John Armless Co.
- John o quê?! - impagável a cara do inglês olhando para a placa: "Mas que sobrenome diferente...", disse ele...
Leio novamente: João-Sem-Braço Company. Inacreditável. Não, inacreditável é ver que as pessoas estão respeitando o aviso e ninguém pára na vaga do João-sem-braço. Desculpem a grosseria, mas é preciso desabafar:
- Porra Vítor!
19.12.06
Notícias que vêm do Brasil
O Santos vai para Dubai em janeiro. Fará seu 1º jogo dia 08/01/2007. Terá o Benfica, Bayern de Munique e um outro time. Será um Quadrangular.
Boa. Vou ver se apareço por lá. Quem sabe algum time não se interessa por meus dotes futebolísticos? É isso aí.
Sheik Luís responde: quem é o Sheik?
Natália pergunta:
Sheik Luís responde:
Olá Natália, com relação às baixarias, fique tranqüila: quando isso acontece por aqui, Sua Alteza o Sheik manda prender. E quando chega o fim do Ramadã, se o prisioneiro decorou direitinho partes do Corão, manda soltar.
Quem sou eu: sou brasileiro, mas sou filho de um clã muito famoso por aqui, que manda em algumas áreas do deserto onde muitos camelos nos respeitam. Inclusive, camelo é meu bicho de estimação aqui. Meu nome completo é Luhis bin Edih al Hosa (desculpe-me, mas correto mesmo, só em árabe). Meus pais viajavam de férias pelo Brasil enquanto mamãe estava grávida de mim, e tive a felicidade de nascer no meio da estrada, em uma tenda de nossa caravana (árabes só viajam em caravana) no interior do Estado de São Paulo.
Quando fiquei maior por aqui, tive a curiosidade de conhecer esse país onde nasci. Então decidi que tinha que fazer faculdade no Brasil. Decidi: vou fazer engenharia nessa tal de Unicamp. Isolei-me no deserto, estudei português, estudei matemática. Fiquei tão bom nisso que passei em primeiro (da lista de espera). Eu transpirava matemática. Fiquei tão famoso por aí por meus conhecimentos matemáticos que escreveram um livro sobre mim (já ouviu falar em Malba Tahan? Sou eu!).
Depois que terminei os estudos, cansei do Brasil. Esse negócio de muita festa, carnaval, bebidas, ... isso acaba com o ser humano. Resolvi voltar para cá para ter uma vida mais regrada, ciente do dever a cumprir com a pátria, e tentar a sorte como jogador de futebol. Como ainda nenhum time me contratou, vou levando a vida, tendo um trabalho de engenheiro como hobby. Mas um dia eu chego lá. Se não der certo, volto pra minhas origens, comandar meu próprio emirado.
É isso aí: abraço do Sheik.
**** NOTA 29/01/2009 ****
Já faz alguns meses que deixei Dubai: como toda pessoa arrogante e inteligente, sofredora (sim, todos os exilados políticos são sofredores) exilei-me em um país europeu.
Ou você achou que eu pediria asilo no Egito? Argélia? Palestina, talvez? Vamos, lá: pedir asilo no Zimbabwe. Asilo na "democracia" chinesa. Oras... se nem o filho do Bin Laden pediu, nem o jornalista que jogou sapato no Bush, por que eu, ex-sheik, pediria asilo em um país todo fodido? O ser humano é assim: quer sombra e água fresca.
Brasil, pensei também. Mas aí eu vi o caso do Cesare... não, não quero ficar famoso. Embora tenha as suas vantagens: se alguém me prender, é só comprar algumas "autoridades" e está tudo certo. Mas isso não vale para a classe dos exilados políticos. Estes são idealistas - vivem e morrem por conta de suas idéias - e não são autoridades. É importante ser "autoridade" no Brasil, né? Você sabe com quem você está falando?
Eu sei que você entrou aqui principalmente procurando emprego, e que pouco se importa com todo o material aqui já disponível. Você quer resultado imediato, você coloca o currículo no blog, você chega com a idéia genial que nunca pensou antes, mas que só precisa de um sheik para financiar. E acha que assim, com uma perguntinha, alguém vai correr atrás e fazer tudo pra você sem ganhar nada em troca, simples assim. Antes de sair de Dubai, ainda pensei em abrir uma empresa de Recursos Humanos; colocar propagandas no blog, faturar um milhão. Mas sabe? Não gosto de enganar as pessoas.
É isso mesmo que você está lendo: eu saí de Dubai. Vendi todos os meus times de futebol, meu império de escolinhas de futebol para crianças, meus camelos, minhas bandas de rock, e todas as minhas concumbinas por um preço camarada e deixei o deserto. Trouxe na mala, bem dobradinhos, apenas alguns escravos eunucos (desses que se guarda no armário com maçã na boca) e uma boneca inflável. E basta. Mas se você conhece a natureza dos sheiks, sabe que isso não faz o menor sentido: os sheiks são oniscientes, onipotentes, e sobretudo, onipresentes. Os sheiks estão aqui, estão aí, estão em qualquer lugar. E sabem de tudo.
Eu saí, mas o blog não pára (ainda). Ele só acaba quando não tiver mais paciência para contar algumas historinhas (verdadeiras ou não) que ficaram guardadas no baú, sem medo de ser feliz, sem medo de censura (tem gente que troca liberdade por dinheiro, você acredita? E você?). Nada te impede de continuar a postar comentários, perguntas. Respondo se puder acrescentar algo ao que já foi escrito.
Enfim, um dia ainda paro de escrever no blog. E depois, quem sabe escreva um livro. Esse é o destino dos nobres de minha mesma classe, exilados políticos. E por fim, viverei da renda de meus direitos autorais, lixando as unhas dos pés e das mãos, tomando um suco tropical aqui nas Bahamas (Bahamas, Europa, India... bobinho, já disse: os sheiks são onipresentes). Uma vida mais humilde, certo, mas quem já foi rei, nunca perde a majestade. Ao menos é o que se diz.
Abraço de ex-sheik.
(...)Aqui no Rio de Janeiro existem alguns bares/boates que só são frequentados por turistas e rola a maior baixaria. Não gostaria de cometer esse equívoco por aí. Legal saber que vc é brasileiro.Em que cidade vc morou? Confesso que ainda não entendi como vc pode ser um sheik brasileiro. Os sheiks não devem ser criados nos seus países, dentro das suas culturas? Sei que muitos estudam fora, mas por um "curto" período de tempo. Vc é sheik mesmo? Abraços e obrigada. Natália
Sheik Luís responde:
Olá Natália, com relação às baixarias, fique tranqüila: quando isso acontece por aqui, Sua Alteza o Sheik manda prender. E quando chega o fim do Ramadã, se o prisioneiro decorou direitinho partes do Corão, manda soltar.
Quem sou eu: sou brasileiro, mas sou filho de um clã muito famoso por aqui, que manda em algumas áreas do deserto onde muitos camelos nos respeitam. Inclusive, camelo é meu bicho de estimação aqui. Meu nome completo é Luhis bin Edih al Hosa (desculpe-me, mas correto mesmo, só em árabe). Meus pais viajavam de férias pelo Brasil enquanto mamãe estava grávida de mim, e tive a felicidade de nascer no meio da estrada, em uma tenda de nossa caravana (árabes só viajam em caravana) no interior do Estado de São Paulo.
Quando fiquei maior por aqui, tive a curiosidade de conhecer esse país onde nasci. Então decidi que tinha que fazer faculdade no Brasil. Decidi: vou fazer engenharia nessa tal de Unicamp. Isolei-me no deserto, estudei português, estudei matemática. Fiquei tão bom nisso que passei em primeiro (da lista de espera). Eu transpirava matemática. Fiquei tão famoso por aí por meus conhecimentos matemáticos que escreveram um livro sobre mim (já ouviu falar em Malba Tahan? Sou eu!).
Depois que terminei os estudos, cansei do Brasil. Esse negócio de muita festa, carnaval, bebidas, ... isso acaba com o ser humano. Resolvi voltar para cá para ter uma vida mais regrada, ciente do dever a cumprir com a pátria, e tentar a sorte como jogador de futebol. Como ainda nenhum time me contratou, vou levando a vida, tendo um trabalho de engenheiro como hobby. Mas um dia eu chego lá. Se não der certo, volto pra minhas origens, comandar meu próprio emirado.
É isso aí: abraço do Sheik.
**** NOTA 29/01/2009 ****
Já faz alguns meses que deixei Dubai: como toda pessoa arrogante e inteligente, sofredora (sim, todos os exilados políticos são sofredores) exilei-me em um país europeu.
Ou você achou que eu pediria asilo no Egito? Argélia? Palestina, talvez? Vamos, lá: pedir asilo no Zimbabwe. Asilo na "democracia" chinesa. Oras... se nem o filho do Bin Laden pediu, nem o jornalista que jogou sapato no Bush, por que eu, ex-sheik, pediria asilo em um país todo fodido? O ser humano é assim: quer sombra e água fresca.
Brasil, pensei também. Mas aí eu vi o caso do Cesare... não, não quero ficar famoso. Embora tenha as suas vantagens: se alguém me prender, é só comprar algumas "autoridades" e está tudo certo. Mas isso não vale para a classe dos exilados políticos. Estes são idealistas - vivem e morrem por conta de suas idéias - e não são autoridades. É importante ser "autoridade" no Brasil, né? Você sabe com quem você está falando?
Eu sei que você entrou aqui principalmente procurando emprego, e que pouco se importa com todo o material aqui já disponível. Você quer resultado imediato, você coloca o currículo no blog, você chega com a idéia genial que nunca pensou antes, mas que só precisa de um sheik para financiar. E acha que assim, com uma perguntinha, alguém vai correr atrás e fazer tudo pra você sem ganhar nada em troca, simples assim. Antes de sair de Dubai, ainda pensei em abrir uma empresa de Recursos Humanos; colocar propagandas no blog, faturar um milhão. Mas sabe? Não gosto de enganar as pessoas.
É isso mesmo que você está lendo: eu saí de Dubai. Vendi todos os meus times de futebol, meu império de escolinhas de futebol para crianças, meus camelos, minhas bandas de rock, e todas as minhas concumbinas por um preço camarada e deixei o deserto. Trouxe na mala, bem dobradinhos, apenas alguns escravos eunucos (desses que se guarda no armário com maçã na boca) e uma boneca inflável. E basta. Mas se você conhece a natureza dos sheiks, sabe que isso não faz o menor sentido: os sheiks são oniscientes, onipotentes, e sobretudo, onipresentes. Os sheiks estão aqui, estão aí, estão em qualquer lugar. E sabem de tudo.
Eu saí, mas o blog não pára (ainda). Ele só acaba quando não tiver mais paciência para contar algumas historinhas (verdadeiras ou não) que ficaram guardadas no baú, sem medo de ser feliz, sem medo de censura (tem gente que troca liberdade por dinheiro, você acredita? E você?). Nada te impede de continuar a postar comentários, perguntas. Respondo se puder acrescentar algo ao que já foi escrito.
Enfim, um dia ainda paro de escrever no blog. E depois, quem sabe escreva um livro. Esse é o destino dos nobres de minha mesma classe, exilados políticos. E por fim, viverei da renda de meus direitos autorais, lixando as unhas dos pés e das mãos, tomando um suco tropical aqui nas Bahamas (Bahamas, Europa, India... bobinho, já disse: os sheiks são onipresentes). Uma vida mais humilde, certo, mas quem já foi rei, nunca perde a majestade. Ao menos é o que se diz.
Abraço de ex-sheik.
Sheik Luís responde: estudar em Dubai
Nathalie Forster Marques deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde":
Sheik Luís responde:
Oi Nathalie, tudo bom por aqui. E por aí?
Vamos lá: em relação à hotelaria, tem muito hotel por aqui, bem mais do que os poucos links que coloquei no post anterior.
O que eu disse ali continua válido: quanto menor a sua qualificação, (bem) menor será o seu salário. Então, a dica é: estude inglês (se você falar outros idiomas, pontinhos a mais no céu) e qualifique-se antes de tentar qualquer coisa aqui, a não ser se você queira algum trabalho temporário, por uma temporada, só pra ver como é que é, mesmo ganhando pouco. Neste caso, talvez se você conseguir se cadastrar no site dos hotéis, até vire alguma coisa.
Com relação aos estudos aqui: Dubai é uma cidade em que certas coisas são muito baratas, outras muito caras. Se você quiser provar comidas indianas, pode ter um banquete assustador que só não é apimentado no preço (menos de 20 dirhams). Eletrônicos, brinquedos poluidores também possuem preços muito atraentes por aqui. Agora, acomodação e estudos... os preços são astronômicos! Estou falando de cursos universitários, ao menos é o que se diz por aqui, embora eu nunca tenha checado os preços.
E por que estudos acabam sendo caros por aqui? Basicamente por duas razões:
1 - A mão-de-obra é especializada. Logo, quem dará aula certamente será um expatriado que também quer ganhar bem;
2 - O principal público-alvo são os próprios filhos de expatriados, muitos deles filhos de britânicos, franceses, alemães, etc. Como exemplo, há muitas filiais de universidades européias aqui, e ouvi dizer que os preços são ligeiramente inferiores aos preços praticados na Europa. Mas o que é barato para quem ganha em libras esterlinas não o é necessariamente para um brasileiro, ok?
Um link para começar a procurar coisas por aqui:
Knowledge Village - um bairro ou um complexo de construções que abriga, se entendi bem, um aglomerado de faculdades, filiais de universidades estrangeiras, ou empresas que oferecem treinamentos em áreas diversas. É uma área que possui várias salas de áudio-visual onde vira e mexe há congressos médicos, de odontologia, de informática, e por aí afora.
Não pense que porque você está em uma suposta Universidade em Dubai que você terá a mesma liberdade que teria em uma universidade no Brasil: há alguns meses alguns alunos que estudam no complexo Knowledge Village foram suspensos porque reclamaram da escola em seus blogs...
É isso aí. Boa sorte e abraços do Sheik.
Olá Sheik Luis, td bem??? Felizmente achei seu blog no google e gostaria de saber se você pode me ajudar. Sou formada em hotelaria e as notícias sobre o desenvolvimento da indústria do turismo em Dubai têm chamado muito a minha atenção. Estou bastante interessada em ir trabalhar e fazer carreira por aí, mas gostaria também de estudar e não tenho notícias de cursos ou universidades nessa área aí. Você conhece algum ou pelo menos sabe onde eu posso procurar??? Estou meio perdida, sem saber por onde começar, onde achar, essas coisas. Mandei um e-mail para a Embaixada dos Emirados aki no Brasil e estou aguardando resposta. Desculpa te importunar, mas meu interesse é bem grande e isso me faz ter pressa... rsrsrs Obrigada, Nathalie.
Sheik Luís responde:
Oi Nathalie, tudo bom por aqui. E por aí?
Vamos lá: em relação à hotelaria, tem muito hotel por aqui, bem mais do que os poucos links que coloquei no post anterior.
O que eu disse ali continua válido: quanto menor a sua qualificação, (bem) menor será o seu salário. Então, a dica é: estude inglês (se você falar outros idiomas, pontinhos a mais no céu) e qualifique-se antes de tentar qualquer coisa aqui, a não ser se você queira algum trabalho temporário, por uma temporada, só pra ver como é que é, mesmo ganhando pouco. Neste caso, talvez se você conseguir se cadastrar no site dos hotéis, até vire alguma coisa.
Com relação aos estudos aqui: Dubai é uma cidade em que certas coisas são muito baratas, outras muito caras. Se você quiser provar comidas indianas, pode ter um banquete assustador que só não é apimentado no preço (menos de 20 dirhams). Eletrônicos, brinquedos poluidores também possuem preços muito atraentes por aqui. Agora, acomodação e estudos... os preços são astronômicos! Estou falando de cursos universitários, ao menos é o que se diz por aqui, embora eu nunca tenha checado os preços.
E por que estudos acabam sendo caros por aqui? Basicamente por duas razões:
1 - A mão-de-obra é especializada. Logo, quem dará aula certamente será um expatriado que também quer ganhar bem;
2 - O principal público-alvo são os próprios filhos de expatriados, muitos deles filhos de britânicos, franceses, alemães, etc. Como exemplo, há muitas filiais de universidades européias aqui, e ouvi dizer que os preços são ligeiramente inferiores aos preços praticados na Europa. Mas o que é barato para quem ganha em libras esterlinas não o é necessariamente para um brasileiro, ok?
Um link para começar a procurar coisas por aqui:
Knowledge Village - um bairro ou um complexo de construções que abriga, se entendi bem, um aglomerado de faculdades, filiais de universidades estrangeiras, ou empresas que oferecem treinamentos em áreas diversas. É uma área que possui várias salas de áudio-visual onde vira e mexe há congressos médicos, de odontologia, de informática, e por aí afora.
Não pense que porque você está em uma suposta Universidade em Dubai que você terá a mesma liberdade que teria em uma universidade no Brasil: há alguns meses alguns alunos que estudam no complexo Knowledge Village foram suspensos porque reclamaram da escola em seus blogs...
É isso aí. Boa sorte e abraços do Sheik.
Sheik Luís responde: emprego em Dubai?
Bruno Santos deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Procurando emprego em Dubai":
Sheik Luís responde:
Moras em Aveiro, pá? E como está o Autocarro, a Estação da Luz, a Praça do Peixe, continua fixe? E as BUGAs? Enfim, a vamos ao ponto:
O primeiro passo a dar é perguntar-se: em que área eu trabalho?
Se você trabalha com tecnologia, o primeiro passo a dar é tentar se cadastrar nos sites de emprego que você viu no post Procurando emprego em Dubai.
Se você trabalha com hotelaria, então o esquema é entrar nos sites dos diversos hotéis e complexos turísticos que há por aqui. Aqui vão alguns:
Em todos eles há um link para a sessão "Careers".
Tenha em mente que quanto menos administrativo e especializado for o seu trabalho, menor será o seu salário. É por isso que há tantos indianos, paquistaneses e filipinos aqui: com uma diferença cambial superior a 10:1, para eles ainda é vantajoso vir pra cá mesmo que ganhando 1000 dirhams (o câmbio para o dólar é 1 dólar = 3,67 dirhams).
Se você for jogador de futebol, dê uma olhadinha nos últimos posts que andei colocando...
Se gosta de voar, pense em mandar seu currículo para algumas das companhias aéreas da região. Elas costumam oferecer um bom pacote com residência em Dubai. Cito duas:
FlyEmirates
Air Arabia
Dá uma olhada no blog do Júlio Caligari que ele trabalha em uma destas companhias aéreas aqui.
Empolgação de lado, tenha em mente que nem tudo em Dubai são flores (principalmente no verão, quando todas as que eles plantaram no inverno morrem com o calor). Tanto é que em todo site que fala sobre expatriados obrigatoriamente haverá um capítulo especial sobre homesickness.
É isso aí!
Abraços e boa sorte.
Sheik Luís
Olá Luis, sou português e estou pensando em ir trabalhar para o médio oriente. Que me sugere? Qual o 1º passo a dar?
Sheik Luís responde:
Moras em Aveiro, pá? E como está o Autocarro, a Estação da Luz, a Praça do Peixe, continua fixe? E as BUGAs? Enfim, a vamos ao ponto:
O primeiro passo a dar é perguntar-se: em que área eu trabalho?
Se você trabalha com tecnologia, o primeiro passo a dar é tentar se cadastrar nos sites de emprego que você viu no post Procurando emprego em Dubai.
Se você trabalha com hotelaria, então o esquema é entrar nos sites dos diversos hotéis e complexos turísticos que há por aqui. Aqui vão alguns:
- Burj Al Arab
- Jumeirah Beach Hotel
- Wild Wadi
- Madinat Jumeirah Resort
- Bab Al Shams
- Royal Mirage Hotel (não achei um site oficial)
Em todos eles há um link para a sessão "Careers".
Tenha em mente que quanto menos administrativo e especializado for o seu trabalho, menor será o seu salário. É por isso que há tantos indianos, paquistaneses e filipinos aqui: com uma diferença cambial superior a 10:1, para eles ainda é vantajoso vir pra cá mesmo que ganhando 1000 dirhams (o câmbio para o dólar é 1 dólar = 3,67 dirhams).
Se você for jogador de futebol, dê uma olhadinha nos últimos posts que andei colocando...
Se gosta de voar, pense em mandar seu currículo para algumas das companhias aéreas da região. Elas costumam oferecer um bom pacote com residência em Dubai. Cito duas:
FlyEmirates
Air Arabia
Dá uma olhada no blog do Júlio Caligari que ele trabalha em uma destas companhias aéreas aqui.
Empolgação de lado, tenha em mente que nem tudo em Dubai são flores (principalmente no verão, quando todas as que eles plantaram no inverno morrem com o calor). Tanto é que em todo site que fala sobre expatriados obrigatoriamente haverá um capítulo especial sobre homesickness.
É isso aí!
Abraços e boa sorte.
Sheik Luís
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Empregos,
Sheik Luís responde
No correio
Abro a minha caixa postal e oba! Uma carta. Epa! É do Emirates Post. Upa! Ela diz assim: "Please don't forget to renew your signature until the end of January 2007!"
Sensacional: não faz nem um mês que paguei a assinatura anual para descobrir que anual para eles é de janeiro a dezembro. Lá vou eu buscar recibos, voltar nos correios, ... enfim, seria de admirar se tudo desse certo de primeira, sem nenhuma dor-de-cabeça.
Sensacional: não faz nem um mês que paguei a assinatura anual para descobrir que anual para eles é de janeiro a dezembro. Lá vou eu buscar recibos, voltar nos correios, ... enfim, seria de admirar se tudo desse certo de primeira, sem nenhuma dor-de-cabeça.
17.12.06
Dubai High Society
All the invisible children
A decisão de assistir este filme da mostra foi feita meio que por acaso: uma série de curtas dirigidos por diretores de várias partes do mundo sobre crianças em situações de risco, produzido para o UNICEF. O destaque era para os curtas dirigido por Spike Lee, Ridley Scott, John Woo... deve ser interessante.
O filme começa bem, com uma guerrilha infantil na África. Ação, barbárie. Passa para algum para algum reformatório em algum lugar da ex-URSS. Em seguida vem Spike Lee abordando o tema AIDS. De repente...
...
...
...
De repente, uma tomada aérea de um emaranhado de prédios e logo um deles em formato de S se destaca... a voz canta sons que incomodam no ouvido: é Tom Zé. Agora a câmera sobrevoa o Elevado Costa e Silva e termina em algum lugar da favela Real Park, onde um garoto com a camisa do São Paulo conversa com uma menina, que pega no chão uma latinha de Skol. Porra: é o curta "Bilú e João", de Kátia Lundi. Isso não estava na sinopse...
As pessoas ao lado olha com aquela cara de espanto os dois catadores de recicláveis que eu mesmo olhava para as criancinhas armadas de fuzis com a foto do Ronaldo, o Gordo. É incrível como a gente se acostuma com certas coisas. Mas peraí galera! Ali é o Copan! Ali é Ceagesp! Ouve isso, galera, é Tom Zé, é Tom Zé...
Dubai at Night
Dei sorte e encontrei a porta do 40 o. andar que leva ao terraço (41 o.) aberta. Vamos a algumas fotos:
Marina (não confundir com o complexo de bares e hotéis Dubai Marine, quase no centro, a 20 km daqui);
+++
Jumeirah Palm, a primeira das 3 ilhas em formato de Palmeira de Dubai, e a que está em estágio mais avançado;
+++
No canto inferior, Campus da American University. À direita, a Sheikh Zayed Road, e ao fundo à esquerda, o Burj Al Arab, iluminado de lilás
14.12.06
Por essas e outras...
... o Sheik determinou " tolerância zero em relação ao trânsito". E de agora em diante, o expatriado com visto de permanência que quiser dirigir por aqui terá que fazer obrigatoriamente 40 aulas, cada uma custando 100 dirhams e 50 minutos, antes de poder fazer os testes.
Carro mata
Sheik Luís responde
Natália perguntou:
Olá Natália. Por pura curiosidade, aprendi outro dia por aqui que "Natália" é como os russos pronunciam o nome "Natasha". Vamos por partes:
1 - Venha tranqüila que não é perigoso. Aqui os índices de criminalidade são bem inferiores ao Brasil, e há muitas européias, americanas, latino-americanas, russas, filipinas, chinesas sozinhas por aqui. Em geral as pessoas vem mais em casais pra cá, mas há muitas opções de restaurantes e bares e muitas baladas, principalmente de dance e salsa, que ocorrem principalmente em hotéis, embora tudo aconteça de maneira ligeiramente diferente da que ocorre no Brasil...
Você precisará tomar certos cuidados com as vestimentas para andar na rua, principalmente se for ao centrão (Deira e Bur Dubai) apenas para evitar situações desagradáveis (como bandos de homens andando atrás de você como se nunca tivessem visto mulher).
2 - Visitar ou não Dubai? Depende de suas intenções. Aqui tem certas restrições próprias do mundo árabe, mas penso que a diversidade cultural de uma cidade onde a população estrangeira é 4x maior que a população local vale a pena conhecer. De qualquer modo, certamente há locais no mundo onde as baladas são mais liberais do que aqui...
Dubai é uma das portas mais ocidentais de entrada no mundo árabe. Para quem gosta de fazer compras (não importa o que você quer comprar, de pirulitos a eletrônicos), a cidade garante uma boa diversão. Conhecer o deserto é uma experiência única também. Enfim, 15 dias é um tempo bom para conhecer as coisas boas sem passar pela provação da adaptação que passa quem vem para se estabelecer por aqui.
Dubai também pode ser a porta para viagens em outros países a um custo relativamente barato: veja o site de companhias aéreas como a Air Arabia (http://www.airarabia.com).
Já aviso que hotel aqui é muito caro, como qualquer tipo de acomodação. Mas há albergues da juventude também (embora eu nunca tenha ido lá conferir).
Mas aproveite para vir antes de maio, enquanto as temperaturas estão amenas (entre 17 e 25 graus), estão todos animados por aqui, cheia de turistas e cidade está verde e florida.
3 - Sim, eu sou brasileiro, e sou Sheik também, oras. Como já disse um dia Carlinhos Brown: "é preciso que cada um reconheça a majestade que existe dentro de si".
Ehehe. É isso aí. Quando estiver pra chegar, avisa.
Abraço do Sheik.
Caro Sheik Luís, Estou pensando em tirar férias e passar uns 15 dias aí. Como iria sozinha, gostaria de saber se é perigoso. Vc acha que eu deveria ir para outro lugar? A título de curiosidade, vc é brasileiro? Como pode ser um sheik? Abc, Natália
Olá Natália. Por pura curiosidade, aprendi outro dia por aqui que "Natália" é como os russos pronunciam o nome "Natasha". Vamos por partes:
1 - Venha tranqüila que não é perigoso. Aqui os índices de criminalidade são bem inferiores ao Brasil, e há muitas européias, americanas, latino-americanas, russas, filipinas, chinesas sozinhas por aqui. Em geral as pessoas vem mais em casais pra cá, mas há muitas opções de restaurantes e bares e muitas baladas, principalmente de dance e salsa, que ocorrem principalmente em hotéis, embora tudo aconteça de maneira ligeiramente diferente da que ocorre no Brasil...
Você precisará tomar certos cuidados com as vestimentas para andar na rua, principalmente se for ao centrão (Deira e Bur Dubai) apenas para evitar situações desagradáveis (como bandos de homens andando atrás de você como se nunca tivessem visto mulher).
2 - Visitar ou não Dubai? Depende de suas intenções. Aqui tem certas restrições próprias do mundo árabe, mas penso que a diversidade cultural de uma cidade onde a população estrangeira é 4x maior que a população local vale a pena conhecer. De qualquer modo, certamente há locais no mundo onde as baladas são mais liberais do que aqui...
Dubai é uma das portas mais ocidentais de entrada no mundo árabe. Para quem gosta de fazer compras (não importa o que você quer comprar, de pirulitos a eletrônicos), a cidade garante uma boa diversão. Conhecer o deserto é uma experiência única também. Enfim, 15 dias é um tempo bom para conhecer as coisas boas sem passar pela provação da adaptação que passa quem vem para se estabelecer por aqui.
Dubai também pode ser a porta para viagens em outros países a um custo relativamente barato: veja o site de companhias aéreas como a Air Arabia (http://www.airarabia.com).
Já aviso que hotel aqui é muito caro, como qualquer tipo de acomodação. Mas há albergues da juventude também (embora eu nunca tenha ido lá conferir).
Mas aproveite para vir antes de maio, enquanto as temperaturas estão amenas (entre 17 e 25 graus), estão todos animados por aqui, cheia de turistas e cidade está verde e florida.
3 - Sim, eu sou brasileiro, e sou Sheik também, oras. Como já disse um dia Carlinhos Brown: "é preciso que cada um reconheça a majestade que existe dentro de si".
Ehehe. É isso aí. Quando estiver pra chegar, avisa.
Abraço do Sheik.
13.12.06
Sheik Luís responde
Rodrigo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde":
Fala rapaz!
Olha, eu não tenho lá muito conhecimento sobre o mundo futebolístico aqui, embora não seja por falta de esforço... eu estou para ir assistir algum jogo algum dia desses. Se eu conseguir algum contato por lá, prometo que te envio.
Sugestão:
1 - se você participa do Orkut, dê uma olhada na comunidade "Brasileiros em Dubai". Ela tem quase 600 membros, e pelo menos metade deve morar em Dubai ou por perto no Golfo. Eu vi que lá tem um rapaz chamado Marcos Vinícius que está aqui trabalhando no Al Wasl Club, mas não tenho o contato dele...
2 - tente entrar em contato diretamente com os clubes. Aqui vão alguns links:
http://www.alahliclub.ae/ - Al Ahli Club
http://www.alnasrclub.com/ - Al Nasr Club
http://www.alwasluae.com/ - Al Wasl Club
Você pode tentar também as escolas de futebol:
http://www.muss.ae/ - Manchester United Soccer School
Boa sorte!
Sheik, eu sou atleta profissional de futebol e gostaria de saber se nao teria alguns contatos para me empresariar. Posso lhe enviar um curriculo com todos dados. Estou muito interessado no futebol dos Emirados Arabes e gostaria de uma oportunidade. Abracos. rodrigo...
Fala rapaz!
Olha, eu não tenho lá muito conhecimento sobre o mundo futebolístico aqui, embora não seja por falta de esforço... eu estou para ir assistir algum jogo algum dia desses. Se eu conseguir algum contato por lá, prometo que te envio.
Sugestão:
1 - se você participa do Orkut, dê uma olhada na comunidade "Brasileiros em Dubai". Ela tem quase 600 membros, e pelo menos metade deve morar em Dubai ou por perto no Golfo. Eu vi que lá tem um rapaz chamado Marcos Vinícius que está aqui trabalhando no Al Wasl Club, mas não tenho o contato dele...
2 - tente entrar em contato diretamente com os clubes. Aqui vão alguns links:
http://www.alahliclub.ae/ - Al Ahli Club
http://www.alnasrclub.com/ - Al Nasr Club
http://www.alwasluae.com/ - Al Wasl Club
Você pode tentar também as escolas de futebol:
http://www.muss.ae/ - Manchester United Soccer School
Boa sorte!
12.12.06
Livros, cigarros e Hussein: à iminência do momento determinante
- Hussein... Saeed...
O senhor de uma barba longa e crespa com alguns fios brancos mas não a ponto de conferirem-lhe a alcunha de grisalha, óculos escuros e candora e lenço brancos abre a porta da ampla sala onde as cadeiras dispostas em U deixam todos em um ciclo de olhares tensos que se cruzam e fogem buscando o chão do imenso vazio ao centro e fala quatro outros nomes que vai lendo nos formulários que vai folheando um a um:
- Por favor, aguardem lá fora.
A construção improvisada de telhas de zinco ou amianto mas devidamente climatizada fica ao lado do estabelecimento comercial que controla o destino daqueles que desejam adquirir o direito de controlar máquinas que transformam líquidos em fumaça e movimento. Órgãos públicos e privados em uma relação de simbiose, ecos de antigas relações tribais e familiares.
São 9:30h da manhã. No formulário, o horário consta como 07:30h. De fato, Tariq, o instrutor sírio, já havia oferecido gratuitamente um conselho que não foi seguido: "chegue às 08:30h e hélas". Tempo de sobra para deixar a mente voar enquanto o corpo estático apenas segue obediente os comandos dos olhos que seguem as linhas do livro ou os olhares dos demais do recinto ou se deixa levar passivo pelos sons que saem de um pequeno aparelho eletrônico e invadem os ouvidos. Mas ali do lado externo da sala ampla, apenas os quatro eleitos se entreolham em um silêncio desconfortável que torna inverossímil qualquer tentativa de introspecção. Um cigarro se acende, um suspiro profundo, um boca ainda fumegante que expira cortando o hiato:
- No carro anterior, os 4 foram reprovados!
- Com o mesmo avaliador?
- Sim...
Hussein experimenta o deleite de quem conta em primeira mão uma notícia que todavia ninguém gostaria de saber. O silêncio retorna mais uma vez, entretanto agora mais pessoas fumam enquanto observam um paquistanês que vai buscando e estacionando lado a lado os veículos que já lavou. Um telefone toca:
- Neim, Yehabibi! Kifik? Ainda estou aqui...
Hussein é palestino e cresceu no Líbano. Deixou Beirute e a esposa para trás pouco antes que os últimos bombardeios destruíssem a pista do aeroporto e tantos outros sonhos de tantos outros para trabalhar em Dubai como engenheiro de manutenção. Sua esposa acompanha suas estórias que vai contando ao telefone como capítulos de uma novela onde cada fato corriqueiro se transforma em uma intrincada e perigosa trama cheia de malfeitores contra os quais ele - o mocinho - batalha com desenvoltura e cujo desenlace fica sempre para o próximo capítulo, contado horas mais tarde pessoalmente ou em outro telefonema, e assim, nem tomou consciência de sua própria aventura de atravessar a fronteira para pegar um avião que a levou junto de seu marido dias atrás. Agora Hussein degusta um relaxamento que o faz rir e que nenhum dos cigarros que fumou foi capaz de lhe conferir e que só é interrompido pela voz do mesmo senhor de branco:
- Yalla, chebab.
Meses que se passam em dias, minutos que passam em segundos ao telefone, segundos que parecem horas. À iminência do momento determinante, o tempo volta a se distorcer enquanto o coração dispara.
O senhor de uma barba longa e crespa com alguns fios brancos mas não a ponto de conferirem-lhe a alcunha de grisalha, óculos escuros e candora e lenço brancos abre a porta da ampla sala onde as cadeiras dispostas em U deixam todos em um ciclo de olhares tensos que se cruzam e fogem buscando o chão do imenso vazio ao centro e fala quatro outros nomes que vai lendo nos formulários que vai folheando um a um:
- Por favor, aguardem lá fora.
A construção improvisada de telhas de zinco ou amianto mas devidamente climatizada fica ao lado do estabelecimento comercial que controla o destino daqueles que desejam adquirir o direito de controlar máquinas que transformam líquidos em fumaça e movimento. Órgãos públicos e privados em uma relação de simbiose, ecos de antigas relações tribais e familiares.
São 9:30h da manhã. No formulário, o horário consta como 07:30h. De fato, Tariq, o instrutor sírio, já havia oferecido gratuitamente um conselho que não foi seguido: "chegue às 08:30h e hélas". Tempo de sobra para deixar a mente voar enquanto o corpo estático apenas segue obediente os comandos dos olhos que seguem as linhas do livro ou os olhares dos demais do recinto ou se deixa levar passivo pelos sons que saem de um pequeno aparelho eletrônico e invadem os ouvidos. Mas ali do lado externo da sala ampla, apenas os quatro eleitos se entreolham em um silêncio desconfortável que torna inverossímil qualquer tentativa de introspecção. Um cigarro se acende, um suspiro profundo, um boca ainda fumegante que expira cortando o hiato:
- No carro anterior, os 4 foram reprovados!
- Com o mesmo avaliador?
- Sim...
Hussein experimenta o deleite de quem conta em primeira mão uma notícia que todavia ninguém gostaria de saber. O silêncio retorna mais uma vez, entretanto agora mais pessoas fumam enquanto observam um paquistanês que vai buscando e estacionando lado a lado os veículos que já lavou. Um telefone toca:
- Neim, Yehabibi! Kifik? Ainda estou aqui...
Hussein é palestino e cresceu no Líbano. Deixou Beirute e a esposa para trás pouco antes que os últimos bombardeios destruíssem a pista do aeroporto e tantos outros sonhos de tantos outros para trabalhar em Dubai como engenheiro de manutenção. Sua esposa acompanha suas estórias que vai contando ao telefone como capítulos de uma novela onde cada fato corriqueiro se transforma em uma intrincada e perigosa trama cheia de malfeitores contra os quais ele - o mocinho - batalha com desenvoltura e cujo desenlace fica sempre para o próximo capítulo, contado horas mais tarde pessoalmente ou em outro telefonema, e assim, nem tomou consciência de sua própria aventura de atravessar a fronteira para pegar um avião que a levou junto de seu marido dias atrás. Agora Hussein degusta um relaxamento que o faz rir e que nenhum dos cigarros que fumou foi capaz de lhe conferir e que só é interrompido pela voz do mesmo senhor de branco:
- Yalla, chebab.
Meses que se passam em dias, minutos que passam em segundos ao telefone, segundos que parecem horas. À iminência do momento determinante, o tempo volta a se distorcer enquanto o coração dispara.
10.12.06
Por falar em Marketing...
... Há alguns meses atrás, às vésperas do aniversário da morte de Mao Tsé Tung, pululavam na TV (a cabo) documentários sobre sua vida, sobre a Revolução Cultural e sobre a China atual.
Em um destes documentários, um modesto publicitário relatava o que pensa ser a sua relevância na China contemporânea:
"considero que temos grande importância dentro do contexto atual, pois estamos ensinando a população a fazer as boas escolhas"
Estes professores utilizam-se dos mesmos símbolos da Revolução para trabalhar o imaginário chinês: enquanto ele falava, alternavam-se imagens de uma grande desfile onde o carro militar era uma garrafa de Coca-Cola gigante, ou outra em que dragões consomem um outro produto qualquer...
E assim, os chineses vão aprendendo a fazer boas escolhas: beber Coca-Cola, Pepsi, comprar um automóvel em detrimento da tradicional bicicleta chinesa, o último perfume, status... coitado do nosso planeta.
Para saber mais
Maopost.com: um site com um acervo gigantesco de cartazes da Revolução Cultural.
(ao lado: Nós queremos ser os sucessores da revolução, 1965, extraído do acervo do site)
Wang Guangyi: em sua série de obras "O Grande Criticismo", este artista plástico reflete sobre o atual momento que vive a China.
(ao lado, "Chanel", Wang Guangyi, 2002)
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