22.8.08

ex-Sheik Luís às vezes responde

vinicius p. benini deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde: estudar em Dubai":

Olá,
Vi no google o seu blog e me interessei bastante!!
estou querendo ir morar por uma ano ou ate mesmo seis meses em dubai!!
Gostaria de saber como é que funciona a respeito de estudos(como inglês) e sobre trabalhos temporários.

obrigado
vinicius p. benini



Postado por vinicius p. benini no blog Dubai F. C. em Quarta-feira, 20 Agosto, 2008

Fala rapaz,

Beleza?

Lamento dizer, mas Dubai é um lugar meio escroto para essas coisas. Não é um lugar fácil para turistas low-budget e trabalhos temporários.

Tem trabalho temporário? Tem, nos hotéis, com alojamento e tal. Até em shopping tem. Mas mesmo aí, já vão te pedir um minimozinho de qualificação. Mas não espere guardar dinheiro. Tem que procurar nos sites dos próprios hotéis. Dá uma olhadinha nos posts iniciais de "Empregos" que há varios links para sites de hotéis por lá. Mas eu não recomendo. E imagina que eles não te pagam a acomodação: você vai penar para achar um muquifo para morar. E qual é o prazer de sair do Brasil e morar pior do que em uma favela? Ao menos em uma favela brasileira há mulheres. Com sorte, dançando funk.

Só um tapinha não dói...


O aluguel é mais caro que em Paris é não é fácil encontrar. E você vai ter que negociá-lo tudo "na tora", com pagamentos adiantados, tudo no inglês indiano. Opção barata: ou você vai morar no meio do deserto, onde você vai se arrepender de ter nascido, ou num lugarzinho tosco e fedido e cheio de homens perto dos mercados de Deira e Bur Dubai. Igualmente, você vai se arrepender...

... se ainda assim você quiser arriscar, venha. Quem sou eu para saber o que é melhor para os outros. Mas escreva em um cantinho escondido do braço com tinta indelével: "O ex-sheik avisou."

E para dar um tom apocalíptico a este post, citação bíblica:

E então haverá choro e ranger de dentes.

Ai, ai. Deu até vontade de cantar Chico:


Quero ficar no seu corpo
feito tatuagem
Que prá dar coragem
pra seguir viagem
quando a noite vem...

(...)

Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...


É isso aí.

Abraço risonhos e corrosivos!

ex-sheik Luís

Iate

Dubai...
Petrodólares...
O Paraíso dos Endinheirados...

... Ferraris.
... Masserattis.
... Campos de Golfe.

Quem joga golfe é muuuito mais feliz. Não é mesmo?

... isso, minha gente. Continuem a masturbação. Para te ajudar, lá vai uma foto do iate do xeque de Dubai, no Porto Rached, em maio deste ano:



Oooooooooooh...

Ras Al Rêiman: Pão-de-Açúcar neles!

E saiu ontem em vários canais de mídia do Brasil a notícia de que empresários brasileiros lançarão um empreendimento em Ras Al Khayman.

O emprendimento, que tem a forma do Pão de Açúcar, me traz a lembrança de algumas piadas em mesa de bar. A gente brincava de lançar um empreendimento genuinamente brasileiro: O Rocinha Inn. Faríamos as montanhas no meio da cidade(isso é fácil, areia tem de sobra) e venderíamos os barracos com tetos de zinco. Uma verdadeira "experiência tropical". O empreendimento, voltado para as classes menos abastadas, rapidamente seria invadido pelas classes média e alta, em busca de preços menos escorchantes e moradias mais próximas ao centro da cidade... ah, divagações, divagações...

Antes de mais nada, parabéns aos investidores. Para quem ainda sonha em ganhar "petrodólares" por aqui (sei que muita gente se masturba com isso aí no Brasil) e tem pés no chão, tem que ser assim: seguir para os outros Emirados que pegam carona em Dubai, que já está quase no limite do viável e da especulação. Ras Al Khayman é hoje o que Dubai era há uns 5, 10 anos atrás.

Mas vamos falar um pouquinho de Ras Al Khayman: a pronúncia correta do nome é Rás (como o R de 'baralho') Al Rêiman (como no RR de 'carro'). Ras significa "cabeça", Rêiman significa "barraca, tenda".

Emirado de Cabeça da Tenda. É assim mesmo. Suspeito que "Cabeça" tenha a ver com a formação geográfica da região, da maneira como um "braço de mar". Em Dubai, o final da Ria (ou Creek) é chamado de Ras Al Khor ("Cabeça das Águas Correntes" ou algo assim, um fétido lodo-meio-mangue onde flamingos às vezes passam para se alimentar, atraídos pelo seu cheiro apetitoso).

Voltemos à Cabeça da Tenda: O Emirado de Cabeça da Tenda é mais antigo que o Emirado de Dubai. Na verdade, até o século 19, o Emirado era o mais forte da região. A tribo dos Qawassim tinha uma importante frota marítima e controlava a passagem pelo Estreito de Ormuz, com seus domínios se estendendo a algumas ilhas e cidades da costa persa. Até que os amiguinhos britânicos resolveram acabar com a graça dessa turma de miseráveis metidos a donos-do-mundo e com um eficiente bombardeio, afundou quase toda a imensa frota de barquinhos desses barbudinhos Qawassim. É, foi assim, lá pelos idos de 1820...

... o importante dessa história é que os britânicos não bombardearam a esquadra de Dubai e Abu Dhabi, e assim o fim da hegemonia dos Qawassim favoreceu o "florescimento", ou melhor, expansão desses dois emirados. Toda essa história se reflete hoje no maior alinhamento entre Dubai e Abu Dhabi, e em certas divergências de opinião entre os xeques sobre questões como o relacionamento diplomático com países como o Irã: enquanto Dubai e Abu Dhabi mantêm relações amistosas com o amiguinho barbudinho persa, Ras al Kheiman defende um endurecimento no relacionamento por conta da disputa de 3 ilhas (Dedo Menor, Dedo Maior e Abu Mússa) hoje controladas pelo Irã (e que pela sua posição estratégica, não serão devolvidas tão cedo).


Ilha de Abu Mussa, vista de um barco


Turistas apreciam a vista da Ilha de Abu Mussa


Até hoje os barquinhos de madeira, dhows, passeiam pelo Golfo (Pérsico? Árabe?)...


... alimentando um importante comércio com o Irã. Aqui, carros usados de Dubai chegando ao porto persa de Bandar Lengueh

Mas como sei que essa historinha pra camelo dormir não te interessa e o que você quer mesmo é petrodólares, é nadar em petróleo como alguns patinhos fizeram quando Saddam incendiou os poços kwaitianos, então vamos a algumas fotos do Emirado de Cabeça da Barraca". Com vocês, todo o glamúRRR e o luxo desse emirado:







É. Como você pode ver, ainda há MUITO o que desenvolver. Hoje, O Emirado de Cabeça da Tenda está mais para Beirute Pós-Guerra que Dubai Brilhante. Mas vamos, lá: Pão-de-Açúcar neles.

Notas sobre a reportagem do jornal:

1)
"...ficou tão empolgado que resolveu até a entrar como sócio com 51%..."


Vale lembrar que 51% é nada mais do que a lei no Emirado: se você quiser montar seu empreendimento, saiba que obrigatoriamente você precisará de um ou mais sócios locais que detenham 51% do capital da empresa. O que não desqualifica o interesse do xeque em inteirar sozinho os 51%...

2)
... a 40 minutos de Dubai...


Bom, aí eu digo: depende da hora em que você tentou ir pra lá, e de onde você mora em Dubai. Esse percurso pode levar tranqüilamente mais de uma hora.

Enfim: Fim.

17.8.08

5a noite brasileira com DJ Igor

Saiu até nota no Gulf News:

In Dubai

5th Brazilian Night with DJ Igor dishing out the best of Brazilian rythyms and international hits at Jimmy Dix, Movenpick Hotel.
Entry Dh35, ladies free admission.



Parabéns ao Ígor e ao Elton, que seguem firme com a baladinha brasileira. Quem sabe um dia Dubai não ganha uns 2 ou 3 forrózinhos semanais, como Paris?

Nota: nas primeiras edições da festa, lá no Golden Tulip Hotel, a entrada era gratuita, tanto para homens quanto para mulheres. Agora que a coisa cresceu, já mudou de figura: 35 dh para homem, gratuito para mulher.

Machismo? Aí eu tenho que defender os garotos. Se não é assim, a balada vira uma sauna masculina, conseqüência da desproporcional relação homem x mulher de Dubai, digna de um garimpo. Ainda mais com a promessa de presença de meninas brasileiras, que são consideradas hot.

Dubai 40 graus

O meu primeiro dia em Dubai foi também o mais quente que tenho em memória: lembro-me de que eram 10h da noite e os termômetros na saída do aeroporto marcavam 39 graus. O motorista do hotel que foi-me buscar possuía providenciais toalhinhas umidecidas guardadas em um isopor com gelo. Estávamos na primeira quinzena de agosto de 2006.

Passados 2 anos, a memória começa a fraquejar, e confesso que até eu, que vivi essa experiência nojenta, começava a duvidar de mim mesmo: "39 graus às 10h da noite... isso não existe!".

Pois bem, hoje entrei aqui no serviço meteorológico. Dubai, meia-noite: 38 graus.



Resolvi variar a fonte, e encontrei 37 graus à meia-noite e meia...



... mas a umidade do ar está abaixo dos 40%, portanto, a sensação térmica não deve ser das piores.

Muita gente não entende como é esse calor: você abre a janela à noite de olhos fechados e sente aquela brasa que esquenta o rosto, como se fosse meio-dia... aí você abre os olhos e é de noite. Hora de fechar a janela. Brisa fresca?! Esquece, isso é só lá pra final de setembro, começo de outubro, inchalah.

+++

Ultimamente não tenho postado, e sinto que quando posto, acabo postando algo desmerecedor. Mas fiquem tranqüilos: prometo postar coisas mais alegrinhas e bonitinhas, para que você aí no Brasil, Portugal ou sei lá onde realmente acredite que é o máximo morar no deserto. Afinal, é isso que você procura aqui, correto?

Beijinhos de um ex-sheik.

5.8.08

Perdeu a bagagem de mão?

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde: quem é o Sheik?":

Olá

Gostaria de saber se vc pode me ajudar. Estive aí em Dubai e viajei com a Emirates. Mas na hora de passar pelo controle de passaporte, acabei esquecendo minha bagagem de mão (maleta com filmadora, máquina digital...) Meu guia que me acompanhou na viagem, foi até lá e se encontra com o achados e perdidos no aeroporto de Dubai. Mas como não falamos mto bem inglês, não estamos conseguindo que nos mandem para São Paulo no p´roximo voo da Emirates. A polícia federal me sugeriu q entrasse em contato com o Consulado do Brasil no Dubai. Vc poderia me dar alguma idéia de como proceder??
Obrigado
Ari Jr


Postado por Anônimo no blog Dubai F. C. em Segunda-feira, 04 Agosto, 2008

Meu camarada,

A Emirates Airlines tem um escritório no Aeroporto de Guarulhos com funcionários brasileiros. O telefone do escritório não está disponível em nenhum lugar mas você pode dar uma ligadinha lá no Aeroporto pra perguntar: PABX:(11) 6445-2945.

Se eu fosse você, telefonaria no escritório deles ou até mesmo iria pessoalmente munido de seus documentos e do canhoto da passagem aérea e relatar o ocorrido. As empresas aéreas têm um procedimento padrão de recuperação de bagagem, e isso é mais ou menos organizado no Aeroporto de Dubai. Se a sua bagagem já chegou a ser localizada, então você tem grandes chances de recuperá-la.

Boa sorte!

Luis

1.8.08

Fonoaudióloga?

MENEZES, ANGELICA deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde: emprego em Dubai?":

Bom Dia Luís,
Hoje assisti uma bela reportagem sobre Dubai e fiquei encantada com a beleza e principalmente com a qualidade de vida.
Sou brasileira, formada há 8 anos em Fonoaudiologia e pós graduada em Motricidade Oral. Isso é estranho pra você? Pra muitos brasileiros também. É uma área de saúde, que lida com dificuldades de voz,linguagem, audição e muito importante na reabilitação de alterações vocais presentes muitas vezes em profissionais que fazem muito uso da voz no trabalho e também muito importante para reabilitação de alterações neurológicas envolvendo alimentação, fala, compreensão,voz etc.
Sou apaixonada pelo que faço, porém nada ouvi dizer sobre como é a área de saúde em Dubai e em outras regiões dos Emirados Árabes.
Como tenho imensa vontade de morar no exterior, conhecer outras culturas e principalmente trabalhar e aprender novas técnicas relacionadas à minha área. Estou disposta a enfrentar esse desafio de disseminar meu trabalho.
Aguardo contato para saber maiores informações na área de saúde dos Emirados Árabes.

Respeitosamente,
Angélica Menezes
Brasília,DF - Brasil



Minha querida Angélica Menezes,

Sua área tem espaço sim em Dubai. Um bom começo é procurar uma vaga em um hospital ou clínica para "sentir". Mas atenção: é bem provável que eles peçam uma certificado de qualificação de algum conselho de medicina norte-americano, europeu ou inglês (sic)...

A área de saúde está em franca expansão. O carro-chefe da área de saúde hoje é o Health Care City, um condomínio, ou vamos dizer, um conglomerado de prédios que aspira a se tornar um centro de referência médica em todo o Oriente Médio.

Veja bem: Health Care City não é uma empresa. Assim como outros condomínios (digamos assim) como Dubai Media City, Dubai Internet City, etc, o Dubai Health Care City é um condomínio temático destinado à investimentos na área de saúde. Isso significa que o governo de Dubai aluga os prédios para investidores de peso na área de saúde. Resumindo, não procure empregos no site do Dubai Health Care City, mas dos hospitais, clínicas e laboratórios que lá irão se instalar.

Um comentário à parte: é compreensível o desejo de criar aqui um centro de excelência na área de saúde. Até meados dos anos 60, não havia hospitais nos emirados que formam hoje os Emirados Árabes Unidos e até pouco tempo atrás era comum o governo de Dubai pagar para seus cidadãos tratamentos de saúde no exterior por falta de pessoal qualificado.

No mais, é isso: cuidado com as paixões, com as empolgações. As imagens que fazemos das pessoas e cidades quando em um estado de paixão raramente correspondem à realidade (seja lá o que isso venha a ser).

Se você é uma pessoa puritana, vai adorar a nova guinada moralista do governo de Dubai de prender gente na praia e nos shoppings por "vestimentas indecentes". Foram 80 na praia, e mais uns 40 nos shoppings logo no primeiro fim-de-semana. Eu achava isso tudo um saco, uma infantilidade. Dias atrás, um casal inglês foi preso de tarde na praia, só porque estavam fazendo essa coisa linda que une as pessoas, faz criancinhas e faz a economia crescer, que a gente chama de amor. Oras...

...enfim, Dubai foi uma fase importante, mas hoje, pra mim, Dubai é como a piada sobre os dois prazeres de uma mulher que faz sexo com gordo: quando ele começa e quando ele termina (e sai de cima).

É isso: os maiores prazeres de Dubai são também dois: quando a gente chega... e quando a gente vai embora.

Abraços e beijos de um ex-sheik,
exilado, feliz, contente e sem tempo (digo, para escrever)

Luís