É tarde, sol que atravessa a vidraça, ilumina a moça que desenha. Giz preto sobre a folha bege. Fantasias, versos de Adélia Prado:
Janela
Janela, palavra linda.
Janela é o bater das asas da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora,
monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita esperando neném,
a mãe do Pedro Cisterna urinando na chuva,
por onde vi meu bem chegar de bicicleta
e dizer a meu pai: minhas intenções com sua filha
são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
clarabóia na minha alma,
olho no meu coração.
É quase noite. Banho, roupa nova, maquiagem, embalagem com um cartão. Espera...
Espera. O moço que chega suado de bicicleta vestido de dia comum. Espanto: "Tem festa hoje?".
É noite. Desencanto: louça partida. Conserto? Colam-se os cacos... mas ficam as marcas.
3 comentários:
nao entendi
parisfc.blogspot.com
O primeiro post vai ser, obviamente, do Sheik !
Abs
Sheik, mas Paris não é Dubai e muito menos Brasil, é cidade do romance, da noite, do luxo, devia ter ido de carro e terno, de preferência preto. Eduardo.
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