12.6.08

12 de junho

É de manhã: moça decidida que vai ao comércio pensando no moço. Loja de lingeries: "De renda". Papelaria: "De carta". Perfumaria. Escolheu e escolheu e escolheu e estendeu o cartão: "Parcela em três vezes?"

É tarde, sol que atravessa a vidraça, ilumina a moça que desenha. Giz preto sobre a folha bege. Fantasias, versos de Adélia Prado:

Janela

Janela, palavra linda.
Janela é o bater das asas da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora,
monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita esperando neném,
a mãe do Pedro Cisterna urinando na chuva,
por onde vi meu bem chegar de bicicleta
e dizer a meu pai: minhas intenções com sua filha
são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
clarabóia na minha alma,
olho no meu coração.


É quase noite. Banho, roupa nova, maquiagem, embalagem com um cartão. Espera...

Espera. O moço que chega suado de bicicleta vestido de dia comum. Espanto: "Tem festa hoje?".

É noite. Desencanto: louça partida. Conserto? Colam-se os cacos... mas ficam as marcas.

3 comentários:

Anônimo disse...

nao entendi

Diego disse...

parisfc.blogspot.com

O primeiro post vai ser, obviamente, do Sheik !

Abs

Anônimo disse...

Sheik, mas Paris não é Dubai e muito menos Brasil, é cidade do romance, da noite, do luxo, devia ter ido de carro e terno, de preferência preto. Eduardo.