19.12.06

Sheik Luís responde: estudar em Dubai

Nathalie Forster Marques deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde":

Olá Sheik Luis, td bem??? Felizmente achei seu blog no google e gostaria de saber se você pode me ajudar. Sou formada em hotelaria e as notícias sobre o desenvolvimento da indústria do turismo em Dubai têm chamado muito a minha atenção. Estou bastante interessada em ir trabalhar e fazer carreira por aí, mas gostaria também de estudar e não tenho notícias de cursos ou universidades nessa área aí. Você conhece algum ou pelo menos sabe onde eu posso procurar??? Estou meio perdida, sem saber por onde começar, onde achar, essas coisas. Mandei um e-mail para a Embaixada dos Emirados aki no Brasil e estou aguardando resposta. Desculpa te importunar, mas meu interesse é bem grande e isso me faz ter pressa... rsrsrs Obrigada, Nathalie.


Sheik Luís responde:

Oi Nathalie, tudo bom por aqui. E por aí?

Vamos lá: em relação à hotelaria, tem muito hotel por aqui, bem mais do que os poucos links que coloquei no post anterior.

O que eu disse ali continua válido: quanto menor a sua qualificação, (bem) menor será o seu salário. Então, a dica é: estude inglês (se você falar outros idiomas, pontinhos a mais no céu) e qualifique-se antes de tentar qualquer coisa aqui, a não ser se você queira algum trabalho temporário, por uma temporada, só pra ver como é que é, mesmo ganhando pouco. Neste caso, talvez se você conseguir se cadastrar no site dos hotéis, até vire alguma coisa.

Com relação aos estudos aqui: Dubai é uma cidade em que certas coisas são muito baratas, outras muito caras. Se você quiser provar comidas indianas, pode ter um banquete assustador que só não é apimentado no preço (menos de 20 dirhams). Eletrônicos, brinquedos poluidores também possuem preços muito atraentes por aqui. Agora, acomodação e estudos... os preços são astronômicos! Estou falando de cursos universitários, ao menos é o que se diz por aqui, embora eu nunca tenha checado os preços.

E por que estudos acabam sendo caros por aqui? Basicamente por duas razões:

1 - A mão-de-obra é especializada. Logo, quem dará aula certamente será um expatriado que também quer ganhar bem;

2 - O principal público-alvo são os próprios filhos de expatriados, muitos deles filhos de britânicos, franceses, alemães, etc. Como exemplo, há muitas filiais de universidades européias aqui, e ouvi dizer que os preços são ligeiramente inferiores aos preços praticados na Europa. Mas o que é barato para quem ganha em libras esterlinas não o é necessariamente para um brasileiro, ok?

Um link para começar a procurar coisas por aqui:

Knowledge Village - um bairro ou um complexo de construções que abriga, se entendi bem, um aglomerado de faculdades, filiais de universidades estrangeiras, ou empresas que oferecem treinamentos em áreas diversas. É uma área que possui várias salas de áudio-visual onde vira e mexe há congressos médicos, de odontologia, de informática, e por aí afora.

Não pense que porque você está em uma suposta Universidade em Dubai que você terá a mesma liberdade que teria em uma universidade no Brasil: há alguns meses alguns alunos que estudam no complexo Knowledge Village foram suspensos porque reclamaram da escola em seus blogs...

É isso aí. Boa sorte e abraços do Sheik.

Sheik Luís responde: emprego em Dubai?

Bruno Santos deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Procurando emprego em Dubai":


Olá Luis, sou português e estou pensando em ir trabalhar para o médio oriente. Que me sugere? Qual o 1º passo a dar?


Sheik Luís responde:

Moras em Aveiro, pá? E como está o Autocarro, a Estação da Luz, a Praça do Peixe, continua fixe? E as BUGAs? Enfim, a vamos ao ponto:

O primeiro passo a dar é perguntar-se: em que área eu trabalho?

Se você trabalha com tecnologia, o primeiro passo a dar é tentar se cadastrar nos sites de emprego que você viu no post Procurando emprego em Dubai.

Se você trabalha com hotelaria, então o esquema é entrar nos sites dos diversos hotéis e complexos turísticos que há por aqui. Aqui vão alguns:



Em todos eles há um link para a sessão "Careers".

Tenha em mente que quanto menos administrativo e especializado for o seu trabalho, menor será o seu salário. É por isso que há tantos indianos, paquistaneses e filipinos aqui: com uma diferença cambial superior a 10:1, para eles ainda é vantajoso vir pra cá mesmo que ganhando 1000 dirhams (o câmbio para o dólar é 1 dólar = 3,67 dirhams).

Se você for jogador de futebol, dê uma olhadinha nos últimos posts que andei colocando...

Se gosta de voar, pense em mandar seu currículo para algumas das companhias aéreas da região. Elas costumam oferecer um bom pacote com residência em Dubai. Cito duas:

FlyEmirates
Air Arabia

Dá uma olhada no blog do Júlio Caligari que ele trabalha em uma destas companhias aéreas aqui.

Empolgação de lado, tenha em mente que nem tudo em Dubai são flores (principalmente no verão, quando todas as que eles plantaram no inverno morrem com o calor). Tanto é que em todo site que fala sobre expatriados obrigatoriamente haverá um capítulo especial sobre homesickness.

É isso aí!

Abraços e boa sorte.

Sheik Luís

No correio

Abro a minha caixa postal e oba! Uma carta. Epa! É do Emirates Post. Upa! Ela diz assim: "Please don't forget to renew your signature until the end of January 2007!"

Sensacional: não faz nem um mês que paguei a assinatura anual para descobrir que anual para eles é de janeiro a dezembro. Lá vou eu buscar recibos, voltar nos correios, ... enfim, seria de admirar se tudo desse certo de primeira, sem nenhuma dor-de-cabeça.

17.12.06

Dubai High Society


Este é o Jonathan, do País de Gales: aulas de BSCS, cultura inglesa, ibérica, e por aí vai.This Mr. Jonathan, from Wales: lectures on BSCS, English & Iberic culture, and so on.

All the invisible children



A decisão de assistir este filme da mostra foi feita meio que por acaso: uma série de curtas dirigidos por diretores de várias partes do mundo sobre crianças em situações de risco, produzido para o UNICEF. O destaque era para os curtas dirigido por Spike Lee, Ridley Scott, John Woo... deve ser interessante.

O filme começa bem, com uma guerrilha infantil na África. Ação, barbárie. Passa para algum para algum reformatório em algum lugar da ex-URSS. Em seguida vem Spike Lee abordando o tema AIDS. De repente...

...
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De repente, uma tomada aérea de um emaranhado de prédios e logo um deles em formato de S se destaca... a voz canta sons que incomodam no ouvido: é Tom Zé. Agora a câmera sobrevoa o Elevado Costa e Silva e termina em algum lugar da favela Real Park, onde um garoto com a camisa do São Paulo conversa com uma menina, que pega no chão uma latinha de Skol. Porra: é o curta "Bilú e João", de Kátia Lundi. Isso não estava na sinopse...

As pessoas ao lado olha com aquela cara de espanto os dois catadores de recicláveis que eu mesmo olhava para as criancinhas armadas de fuzis com a foto do Ronaldo, o Gordo. É incrível como a gente se acostuma com certas coisas. Mas peraí galera! Ali é o Copan! Ali é Ceagesp! Ouve isso, galera, é Tom Zé, é Tom Zé...

Dubai at Night


Dei sorte e encontrei a porta do 40 o. andar que leva ao terraço (41 o.) aberta. Vamos a algumas fotos:



Marina (não confundir com o complexo de bares e hotéis Dubai Marine, quase no centro, a 20 km daqui);
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Jumeirah Palm, a primeira das 3 ilhas em formato de Palmeira de Dubai, e a que está em estágio mais avançado;


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No canto inferior, Campus da American University. À direita, a Sheikh Zayed Road, e ao fundo à esquerda, o Burj Al Arab, iluminado de lilás


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O Burj um pouco mais no detalhe...

14.12.06

Por essas e outras...

... o Sheik determinou " tolerância zero em relação ao trânsito". E de agora em diante, o expatriado com visto de permanência que quiser dirigir por aqui terá que fazer obrigatoriamente 40 aulas, cada uma custando 100 dirhams e 50 minutos, antes de poder fazer os testes.

Carro mata



Isso aconteceu hoje de manhã, na Shaikh Zayed Road, em frente ao Mall of the Emirates. Nove morreram no local.

Muita gente parou apenas para tirar fotos do espetáculo, com estas que recebi. Afinal, não é todo dia que 9 pessoas morrem assim, não é mesmo?

Sheik Luís responde

Natália perguntou:

Caro Sheik Luís, Estou pensando em tirar férias e passar uns 15 dias aí. Como iria sozinha, gostaria de saber se é perigoso. Vc acha que eu deveria ir para outro lugar? A título de curiosidade, vc é brasileiro? Como pode ser um sheik? Abc, Natália


Olá Natália. Por pura curiosidade, aprendi outro dia por aqui que "Natália" é como os russos pronunciam o nome "Natasha". Vamos por partes:

1 - Venha tranqüila que não é perigoso. Aqui os índices de criminalidade são bem inferiores ao Brasil, e há muitas européias, americanas, latino-americanas, russas, filipinas, chinesas sozinhas por aqui. Em geral as pessoas vem mais em casais pra cá, mas há muitas opções de restaurantes e bares e muitas baladas, principalmente de dance e salsa, que ocorrem principalmente em hotéis, embora tudo aconteça de maneira ligeiramente diferente da que ocorre no Brasil...

Você precisará tomar certos cuidados com as vestimentas para andar na rua, principalmente se for ao centrão (Deira e Bur Dubai) apenas para evitar situações desagradáveis (como bandos de homens andando atrás de você como se nunca tivessem visto mulher).

2 - Visitar ou não Dubai? Depende de suas intenções. Aqui tem certas restrições próprias do mundo árabe, mas penso que a diversidade cultural de uma cidade onde a população estrangeira é 4x maior que a população local vale a pena conhecer. De qualquer modo, certamente há locais no mundo onde as baladas são mais liberais do que aqui...

Dubai é uma das portas mais ocidentais de entrada no mundo árabe. Para quem gosta de fazer compras (não importa o que você quer comprar, de pirulitos a eletrônicos), a cidade garante uma boa diversão. Conhecer o deserto é uma experiência única também. Enfim, 15 dias é um tempo bom para conhecer as coisas boas sem passar pela provação da adaptação que passa quem vem para se estabelecer por aqui.

Dubai também pode ser a porta para viagens em outros países a um custo relativamente barato: veja o site de companhias aéreas como a Air Arabia (http://www.airarabia.com).

Já aviso que hotel aqui é muito caro, como qualquer tipo de acomodação. Mas há albergues da juventude também (embora eu nunca tenha ido lá conferir).

Mas aproveite para vir antes de maio, enquanto as temperaturas estão amenas (entre 17 e 25 graus), estão todos animados por aqui, cheia de turistas e cidade está verde e florida.

3 - Sim, eu sou brasileiro, e sou Sheik também, oras. Como já disse um dia Carlinhos Brown: "é preciso que cada um reconheça a majestade que existe dentro de si".

Ehehe. É isso aí. Quando estiver pra chegar, avisa.

Abraço do Sheik.

13.12.06

Sheik Luís responde

Rodrigo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Sheik Luís responde":

Sheik, eu sou atleta profissional de futebol e gostaria de saber se nao teria alguns contatos para me empresariar. Posso lhe enviar um curriculo com todos dados. Estou muito interessado no futebol dos Emirados Arabes e gostaria de uma oportunidade. Abracos. rodrigo...


Fala rapaz!

Olha, eu não tenho lá muito conhecimento sobre o mundo futebolístico aqui, embora não seja por falta de esforço... eu estou para ir assistir algum jogo algum dia desses. Se eu conseguir algum contato por lá, prometo que te envio.

Sugestão:

1 - se você participa do Orkut, dê uma olhada na comunidade "Brasileiros em Dubai". Ela tem quase 600 membros, e pelo menos metade deve morar em Dubai ou por perto no Golfo. Eu vi que lá tem um rapaz chamado Marcos Vinícius que está aqui trabalhando no Al Wasl Club, mas não tenho o contato dele...

2 - tente entrar em contato diretamente com os clubes. Aqui vão alguns links:

http://www.alahliclub.ae/ - Al Ahli Club
http://www.alnasrclub.com/ - Al Nasr Club
http://www.alwasluae.com/ - Al Wasl Club

Você pode tentar também as escolas de futebol:

http://www.muss.ae/ - Manchester United Soccer School


Boa sorte!

Limeira na mídia: trabalho infantil

Orgulho de ser limeirense!

12.12.06

Chegou...


... por aqui o César, que deixou alguns recados aqui há alguns dias atrás. Boa sorte!

Chuva




Livros, cigarros e Hussein: à iminência do momento determinante

- Hussein... Saeed...

O senhor de uma barba longa e crespa com alguns fios brancos mas não a ponto de conferirem-lhe a alcunha de grisalha, óculos escuros e candora e lenço brancos abre a porta da ampla sala onde as cadeiras dispostas em U deixam todos em um ciclo de olhares tensos que se cruzam e fogem buscando o chão do imenso vazio ao centro e fala quatro outros nomes que vai lendo nos formulários que vai folheando um a um:

- Por favor, aguardem lá fora.

A construção improvisada de telhas de zinco ou amianto mas devidamente climatizada fica ao lado do estabelecimento comercial que controla o destino daqueles que desejam adquirir o direito de controlar máquinas que transformam líquidos em fumaça e movimento. Órgãos públicos e privados em uma relação de simbiose, ecos de antigas relações tribais e familiares.

São 9:30h da manhã. No formulário, o horário consta como 07:30h. De fato, Tariq, o instrutor sírio, já havia oferecido gratuitamente um conselho que não foi seguido: "chegue às 08:30h e hélas". Tempo de sobra para deixar a mente voar enquanto o corpo estático apenas segue obediente os comandos dos olhos que seguem as linhas do livro ou os olhares dos demais do recinto ou se deixa levar passivo pelos sons que saem de um pequeno aparelho eletrônico e invadem os ouvidos. Mas ali do lado externo da sala ampla, apenas os quatro eleitos se entreolham em um silêncio desconfortável que torna inverossímil qualquer tentativa de introspecção. Um cigarro se acende, um suspiro profundo, um boca ainda fumegante que expira cortando o hiato:

- No carro anterior, os 4 foram reprovados!
- Com o mesmo avaliador?
- Sim...

Hussein experimenta o deleite de quem conta em primeira mão uma notícia que todavia ninguém gostaria de saber. O silêncio retorna mais uma vez, entretanto agora mais pessoas fumam enquanto observam um paquistanês que vai buscando e estacionando lado a lado os veículos que já lavou. Um telefone toca:

- Neim, Yehabibi! Kifik? Ainda estou aqui...

Hussein é palestino e cresceu no Líbano. Deixou Beirute e a esposa para trás pouco antes que os últimos bombardeios destruíssem a pista do aeroporto e tantos outros sonhos de tantos outros para trabalhar em Dubai como engenheiro de manutenção. Sua esposa acompanha suas estórias que vai contando ao telefone como capítulos de uma novela onde cada fato corriqueiro se transforma em uma intrincada e perigosa trama cheia de malfeitores contra os quais ele - o mocinho - batalha com desenvoltura e cujo desenlace fica sempre para o próximo capítulo, contado horas mais tarde pessoalmente ou em outro telefonema, e assim, nem tomou consciência de sua própria aventura de atravessar a fronteira para pegar um avião que a levou junto de seu marido dias atrás. Agora Hussein degusta um relaxamento que o faz rir e que nenhum dos cigarros que fumou foi capaz de lhe conferir e que só é interrompido pela voz do mesmo senhor de branco:

- Yalla, chebab.

Meses que se passam em dias, minutos que passam em segundos ao telefone, segundos que parecem horas. À iminência do momento determinante, o tempo volta a se distorcer enquanto o coração dispara.

10.12.06

Por falar em Marketing...



... Há alguns meses atrás, às vésperas do aniversário da morte de Mao Tsé Tung, pululavam na TV (a cabo) documentários sobre sua vida, sobre a Revolução Cultural e sobre a China atual.

Em um destes documentários, um modesto publicitário relatava o que pensa ser a sua relevância na China contemporânea:



"considero que temos grande importância dentro do contexto atual, pois estamos ensinando a população a fazer as boas escolhas"


Estes professores utilizam-se dos mesmos símbolos da Revolução para trabalhar o imaginário chinês: enquanto ele falava, alternavam-se imagens de uma grande desfile onde o carro militar era uma garrafa de Coca-Cola gigante, ou outra em que dragões consomem um outro produto qualquer...

E assim, os chineses vão aprendendo a fazer boas escolhas: beber Coca-Cola, Pepsi, comprar um automóvel em detrimento da tradicional bicicleta chinesa, o último perfume, status... coitado do nosso planeta.

Para saber mais

Maopost.com: um site com um acervo gigantesco de cartazes da Revolução Cultural.

(ao lado: Nós queremos ser os sucessores da revolução, 1965, extraído do acervo do site)


Wang Guangyi: em sua série de obras "O Grande Criticismo", este artista plástico reflete sobre o atual momento que vive a China.

(ao lado, "Chanel", Wang Guangyi, 2002)